Summary: | A presente pesquisa visa descrever o gênero filme-testemunho (GUTFREIND, 2010, p. 200) marcado, simultaneamente, pelas dimensões histórica e subjetiva como um objeto cultural de memória (ACHARD et al., 2007) a partir da legendagem do documentário Os resistentes: testemunhas da Rosa Branca [Die Widerständigen: Zeugen der Weißen Rose], de Katrin Seybold (2008). O filme que constitui o corpus reúne entrevistas com 14 testemunhas de época do grupo de resistência pacífico e estudantil contra o nacional-socialismo alemão conhecido como A Rosa Branca e foi produzido 65 anos após a execução da sentença de morte proferida contra os principais membros do grupo. Trata-se, assim, de um material relevante para a difusão e preservação da memória da resistência alemã. Partindo desse pressuposto, o trabalho tem como base a intersecção entre conceitos e métodos dos Estudos da Tradução, sobretudo das abordagens funcionalistas e da tradução audiovisual (TAV), e dos Estudos da Memória. A partir do Modelo de Análise Textual de Christiane Nord (2005, 2016) e do arcabouço teórico interdisciplinar sobre testemunho (SELIGMANN-SILVA 2013, RICOEUR 2014, SARLO 2007, entre outros), transcrevemos, traduzimos e produzimos as legendas de Os resistentes: testemunhas da Rosa Branca documentário inédito no Brasil. Para a produção das legendas, optou-se por uma tradução-instrumento, visto que essa modalidade de TAV apresenta restrições de tempo e de espaço que demandam procedimentos de condensação, retextualização e omissão. A opção por não omitir na legenda algumas marcas de subjetividade e do trauma na linguagem, fatores intrínsecos à narrativa testemunhal, motivaram decisões tradutórias que transgridem normas técnicas e algumas das convenções concernentes à legendagem, a fim de oferecer uma tradução leal ao seu escopo (NORD, 2005, p.33). Dessa forma, temos a expectativa de preencher parcialmente a lacuna que existe sobre procedimentos de tradução de filmes de caráter documental e de difundir e preservar a memória da Rosa Branca no Brasil, onde o tema da resistência alemã ainda é pouco conhecido e estudado. === This research aims to describe the testimonial-movie genre (GUTFREIND, 2010, p. 200) simultaneously designated by historic and subjective dimensions as a cultural topic of memory (ACHARD et al., 2007) from Die Widerständigen: Zeugen der Weißen Rose (Those who resisted: Witnesses of the White Rose) subtitling, a documentary by Katrin Seybold (2008). This film encloses 14 interviews with witnesses of the non-violent student activists resistance group known as the White Rose, that rose against the German national socialist movement. The movie has been produced 65 years after capital punishment executions against the major members of the group. Therefore, this movie is extremely meaningful to the dissemination and the preservation of the German resistance memories. Under this assumption, this work is based on the intersection between concepts and methods of Translation Studies, mainly functionalist perspectives and audiovisual translation (AVT), as well as Memory Studies. Considering Christiane Nords Model for Textual Analysis (2005, 2016) and the interdisciplinary theoretical framework about witnessing (SELIGMANN-SILVA 2013, RICOEUR 2014, SARLO 2007, among others), we have transcribed, translated and developed subtitles for The dissidents: White Rose witnesses, an unreleased documentary in Brazil. For the subtitling process, an instrumental translation was chosen, since this AVT model shows time and space restrictions which require condensation, retextualization and omission procedures. The choice of not omitting traces of subjectivity and trauma in speech, inherent elements to the testimonial narrative, led us to translational decisions that go beyond technical standards and conventions concerning subtitling in order to afford a translation that is true to its scope (NORD, 2005, p.33). Thus, we expect to narrow the gap in matters of translation procedures in documental movies, as well to spread and preserve the memory of White Rose in Brazil, a country where the subject of the German resistance is still little known and studied.
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