A autoria no contexto acadêmico: uma questão de prosódia

Este estudo tem como proposta identificar, a partir da observação da linguagem utilizada pelo professor em sala de aula, aspectos da entoação no texto oral acadêmico que justifiquem uma relação valorativa entre autoria e prosódia. Partimos da concepção de que o sujeito se constitui autor do seu dize...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Juliana Pereira Souto Barreto
Other Authors: Marígia Ana de Moura Aguiar
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Católica de Pernambuco 2011
Subjects:
Online Access:http://www.unicap.br/tede//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=581
Description
Summary:Este estudo tem como proposta identificar, a partir da observação da linguagem utilizada pelo professor em sala de aula, aspectos da entoação no texto oral acadêmico que justifiquem uma relação valorativa entre autoria e prosódia. Partimos da concepção de que o sujeito se constitui autor do seu dizer, uma vez que ele se posiciona, assumindo, assim, um discurso apreciativo em sua enunciação. Esse fato é passivo de constatação ao delinearmos de que forma se dá o conhecimento das relações identificatórias estabelecidas entre sujeitos por meio da escolha de recursos linguísticos prosódicos, elementos que caracterizam o processo de construção da autoria no contexto acadêmico. Examina-se a ocorrência desses elementos prosódicos na construção do sentido nos textos orais produzidos pelo sujeito professor em sala de aula a partir da produção de seu discurso, fruto de releituras do conteúdo a ser abordado em aulas. O presente trabalho se fundamenta no conceito de Autoria descrito por Bakhtin (1990; 2003) e na Teoria Interacional da Entoação desenvolvida por David Brazil (1981; 1985). Foram analisados discursos de dois professores em sua estrutura, contexto comunicativo, intenção do falante, grau de hierarquia entre os participantes e quanto à presença e influência dos fatores prosódicos. Conclui-se que a identificação de marcas constitutivas da autoria ressalta a necessidade de observação da habilidade prosódica do professor locutor ao lidar com a linguagem, enfatizando a prática de um discurso orientado responsivo, em que a apreciação seja instrumento que fornece ao falante o poder de reorganizar o próprio pensamento em favor do que é enunciado. Propõe-se, portanto, a construção de discursos mais apreciativos e menos significativos que auxiliem na focalização do sentido pretendido como objetivo dos conteúdos abordados em sala de aula, de forma que o sujeito professor adquira o poder de exercer seu discurso de maneira autêntica, produzindo conhecimento muito mais do que, meramente, reproduzindo conhecimento dentro do contexto acadêmico