Summary: | O medo é sinônimo da incerteza, da ignorância frente ao desconhecido. E, assim como argumentado por Bauman (2008), a escuridão não é a causa do perigo, mas é o habitat natural da incerteza - e, portanto, do medo. Na sociedade há inseguranças em praticamente todas as instâncias da vida e o sujeito vivencia o medo constante. Como reflexo dessa sociedade globalizada, baseada na privatização e desregulamentação, a cultura da mídia por vezes figurativiza, representa o tema do medo (de desastres naturais, doenças, desemprego, terrorismo) à imagem de monstros fantásticos, ou contrafactuais. São seres que confrontam nossa identidade e ameaçam a estabilidade social. Ao misturar a fantasia a elementos reais (promovidos pela ciência) o gênero da ficção científica utiliza um cenário futuro para levantar questionamentos sobre a sociedade atual e as relações entre o eu e o outro. A partir dessa discussão, neste estudo utilizamos o universo ficcional de dois filmes que fazem sucesso há mais de quatro décadas unindo terror e ficção científica, para, a partir deles, agrupar teorias e referenciais que possibilitem problematizar a alteridade no gênero da ficção científica e compreender como ela reflete os medos e as ansiedades. Os filmes O planeta dos macacos (1968) e Alien - o oitavo passageiro (1979) foram analisados pela perspectiva de autoras e autores dos Estudos Culturais, como Fredric Jameson, Douglas Kellner e Stuart Hall, além da metodologia de análise fílmica e da semiótica greimasiana. Observamos como conclusão que os seres alienígenas têm mais em comum com a espécie humana do que pensamos num primeiro momento; eles são capazes de aflorar os sentimentos mais obscuros, como a ganância e o ódio; geram insegurança e ameaçam a vida e o bem-estar
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Fear is synonymous with uncertainty, with the ignorance in the face of the unknown. And, as argued by Bauman (2008), darkness is not the cause of danger, but it is the natural habitat of uncertainty - and therefore, fear. In society, there are insecurities in virtually every instance of life and people experiences constant fear. As a reflection of this globalized society, based on privatization and deregulation, media culture is sometimes figurative, representing the theme of fear (natural disasters, illness, unemployment, terrorism) as fantastic or counterfactual monsters. They are beings who confront our identity and threaten social stability. By blending fantasy with real elements (promoted by science), the genre of science fiction uses a future scenario to raise questions about current society and the relationship between self and other. From this discussion, in this study we used the fictional universe of two films that have been successful for more than four decades, uniting terror and science fiction, and, from them, group theories and references that make it possible to problematize the otherness in the genre of science fiction and to understand as it reflects fears and anxieties. The films The Planet of the Apes (1968) and Alien (1979) were analyzed from the perspective of authors of Cultural Studies, such as Fredric Jameson, Douglas Kellner and Stuart Hall, as well as the methodology of film analysis and Greimasian semiotics. We have observed that the alien creatures in the film have more in common with the human species than we might think at first; they are able to surface the most obscure feelings, such as greed and hatred; they can generate insecurity and threaten life and welfare
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