O nonsense no País das Maravilhas: o que Alice ensina à educação
Este trabalho tem como base os aportes da teoria psicanalítica, mais precisamente, a idéia de nonsense situada nos três registros desenvolvidos por Lacan: o imaginário, o simbólico e o real. Para isso, procede uma articulação entre a Psicanálise e a Arte, destacando a literatura de Lewis Carroll em...
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Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
2012
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Este trabalho tem como base os aportes da teoria psicanalítica, mais precisamente, a idéia de nonsense situada nos três registros desenvolvidos por Lacan: o imaginário, o simbólico e o real. Para isso, procede uma articulação entre a Psicanálise e a Arte, destacando a literatura de Lewis Carroll em seus dois livros: As aventuras de Alice no País das Maravilhas e Através do espelho. A obra de Carroll foi endereçada às meninas, e sua relação com elas foi objeto de estudo de muitos pesquisadores, os quais buscaram destacar um possível desvio de seu comportamento sexual. Sem nos pautar em qualquer patologia, percorremos a relação de amor transferencial como sendo a condição para o surgimento da obra. Carroll, em sua escrita, evidencia uma série de verdades sólidas, embora não evidentes, como bem aponta Lacan. A verdade, na obra de Carroll, é da ordem do nonsense, pois se refere ao Real. Desse modo, Lacan avança sobre uma tendência da Psicanálise que buscava encontrar uma verdade por trás dos sintomas e de outras formações do inconsciente. Essa tendência vinha transformando a Psicanálise em um psicologismo analítico. A verdade apontada por Lacan se apresenta como um fundo opaco, sobre o qual toda a realidade se constrói como um anteparo fantasmático erguido contra a inconsistência do Outro. O País das Maravilhas que Alice encontra é repleto de seres estranhos e de situações bizarras, sobre os quais ela tenta impor o seu saber adquirido previamente, até perceber que o nonsense é a variável estável. O nonsense comparece nos registros que constituem o sujeito, mostrando que as identificações não são estáveis, que o simbólico é repleto de equívocos e que o real é sem lei. Por fim, discutiu-se como tal situação comparece na educação de maneira geral, observando-se que os professores têm mais condições de lidar com a pluralidade das situações, quando sustenta uma posição não-toda, pois, a cada novo impasse, precisam rever a sua lógica. Alice pode ensinar a educação a não recuar diante do Real. === This work is based on the contributions of the psychoanalytic theory, more specifically on the concept of nonsense found in the 3 realms developed by Lacan: imaginary, symbolic, and real. It creates a link between Psychoanalysis and Art, highlighting the work of Lewis Carroll by two of his books: Alice\'s Adventures in Wonderland and Through the Looking-Glass and What Alice Found There. The work of Lewis Carroll was aimed at the girls, and the relationship between the girls with him has been the target of studies by many researchers, who have tried to identify a sexual deviation in Mr. Carroll. Avoiding the pathology subject matter, we cover the transferential-love relationship as the condition for the creation of the books. Through his writings, Mr. Carroll brings to the surface a series of solid truths, albeit not evident, as well stated by Lacan. Truth in the books of Lewis Carroll follows the nonsense order, since it refers to the Real. This is how Lacan addressed the psychoanalytical tendency that sought to find truth in the symptoms and other unconscious structures, a tendency that was transforming psychoanalysis on an analytical psychologism. The truth identified by Lacan presents itself as the opaque background onto which reality builds itself as a spectral shield erected against the inconsistencies of the Other. Alice finds a wonderland full of strange beings and bizarre situations, upon which she tries to impose her previously acquired knowledge, until she realizes that the nonsense is the fixed variable. The nonsense manifests itself on the records that constitute the subject, demonstrating that the identifications are unstable, that the symbolic is filled with inaccuracies, and that the real follows no laws. Finally, we argue how such state of things manifests itself in education in general, through the observation that teachers possess the ability of dealing with the plurality of situations, when attempting to support a position that is non-whole, as every new dead-locked situation forces the teachers to revaluate their logic. Alice can teach education to stand ground when facing the Real. |
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Mrech, Leny Magalhaes |
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