Summary: | A pós-modernidade configura um período de constantes transformações econômicas, políticas e culturais. Noções como realidade, sujeito, cultura, conhecimento e currículo foram ressignificadas a partir da virada linguística, uma forma de conceber a realidade como resultado da produção discursiva. Nesse cenário, a escola, enquanto instituição moderna que insistentemente tenta formar o sujeito centrado, convicto, consciente e autônomo de suas ações, entrou em colapso, o que gerou a criação e fortalecimento de políticas públicas e educacionais com vistas à promoção de experiências pedagógicas multiculturais, tencionando transformá-la em espaço de aproximação e diálogo entre sujeitos e que busca a compreensão, reconhecimento e valorização das diferentes culturas. Com base nessa configuração social e curricular, a Educação Física vem se inspirando nas teorias educacionais pós-críticas para propor o currículo cultural da Educação Física, cujos princípios e procedimentos curriculares promovem a leitura e a reconstrução crítica das práticas corporais, visando à formação de sujeitos a favor das diferenças e comprometidos com relações mais democráticas. Com o objetivo de investigar as significações expressas pelos sujeitos da educação que experienciam a Educação Física cultural e as possíveis marcas deixadas, realizou-se a etnografia pós-crítica em uma escola municipal de ensino fundamental paulistana, ocasião em que se utilizaram técnicas de observação das aulas e de outros momentos escolares, análise da documentação pedagógica e dos registros dos estudantes e realização de entrevistas. Os dados produzidos foram submetidos à análise cultural mediante o confronto com a teorização que fundamenta a proposta. De um modo geral, a interpretação dos resultados sugere que as aulas de Educação Física culturalmente orientadas influenciam as significações expressas pelos estudantes, cumprindo com suas premissas e, em alguns casos, extrapolando as expectativas iniciais, dentre as quais se destacam o diálogo e algumas atividades de ensino como elementos interessantes para a condução da prática pedagógica, além da ampliação, aprofundamento e ressignificação dos conhecimentos e discursos concernentes às práticas corporais. Ademais, os participantes do estudo assumiram uma postura problematizadora diante de situações em que significações preconceituosas são postas em circulação e demonstraram inquietações sobre aquelas aulas de Educação Física centradas em vivências motoras. === Postmodernity is a period of continuous economic, political and cultural changes. Notions as reality, subject, culture, knowledge, and curriculum have been resignified from the linguistic turn, a way to conceive reality as a result of discursive production. In this scenario, school, as a modern institution that tries incessantly to educate a focused, convinced, and conscious subject who is responsible for his actions, collapsed, what allowed the creation and strengthening of an educational public policy in order to promote multicultural pedagogic experiences which tried to turn school in a place of approximation and discussion among subjects, besides looking for comprehension, recognition, and valorization of the different cultures. From this social and curricular setting, Physical Education has been inspired by postcritical educational theories in order to propose Physical Education cultural curriculum, whose curricular principles and procedures foster reading and critical reconstruction of corporal practices, aiming at the education of subjects who act in favor of differences and are committed to more democratic relations. With the purpose to investigate the significations expressed by the subjects who experienced cultural Physical Education besides what those experiences have possibly left, a post-critical ethnography in a municipal elementary and middle school located in the city of São Paulo was conducted, in which class-observation techniques were used and students records and pedagogic document analyzed, in addition to interviews. Produced data was submitted to cultural analysis through comparison with the theory that underpins this work. In general, the interpretation of the results suggests that Physical Education culturally-oriented class influences the signification expressed by the students, fulfilling its premises and, in some cases, exceeding initial expectations, with particular emphasis on discussion and some teaching activities as interesting elements to pedagogical practice conduction as well as amplification, expansion and resignification of knowledge and corporal practice discussion. Furthermore, the study participants adopted a problematized stance before situations in which prejudiced significations are set. They also showed concern about motor experience-based classes.
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