Summary: | Entre idas e vindas na história do currículo escolar desde o século XIX, a Sociologia como disciplina do ensino médio volta a ser debatida. Com o fim da ditadura militar no país e desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996, ganhou status diferente na legislação a cada mudança de governo. Na busca por compreender as especificidades da docência nesta área, objetivo central desta tese, foram adotados dados quantitativos e qualitativos, baseados em entrevistas com onze professores e dez professoras, em cargos efetivos de Sociologia no ensino médio da rede estadual paulista. Trajetórias, condições de trabalho e conteúdos e contornos que esta disciplina assumiu por meio dos professores foram os elementos verificados para apreender sua unicidade, no intervalo entre sua obrigatoriedade, em 2008, e a confusa condição de estudos e práticas, colocada pela reforma do ensino médio instituída em 2017. Os resultados mostram um cenário de equilíbrio numérico entre professores e professoras no quadro docente, um traço de sua singularidade. Sua incorporação recente ao currículo obrigatório se desdobra em ausência de referências comuns e condições de trabalho mais frágeis, com grande acúmulo de atividades e menores médias salariais. Entre ser uma escolha e uma possiblidade, as Ciências Sociais, como formação voltada à compreensão do mundo social, e a docência, como alternativa de inserção profissional, atraem professores e professoras com origem na classe trabalhadora, cujas biografias são permeadas pelas artes e pelo universo político, que se deslocam aos sentidos atribuídos à Sociologia no ensino médio. O cotidiano dos alunos é abordado como objeto de estudo pelos professores, numa tentantiva de conferir maior democratização do conhecimento escolar. É, também, lugar de fruição, em que a Sociologia é adotada como suporte para promover a vivência e a reflexão de relações sociais na escola. Alunos e alunas ganham protagonismo com o apoio dos professores de Sociologia, que entendem o fortalecimento das demandas estudantis como parte de seus trabalhos. Na combinação entre o movimento em torno de seu status na legislação educacional, e as falas dos professores e professoras de Sociologia, com seus medos e inquietações, tem-se uma fração relevante dos embates que circunscrevem a escola pública na história recente do país. === Looking back and forth through the history of school curriculum since the 19th century, Sociology as a high school subject is again debated. After the end of the military dictatorship in the country and since the National Education Basic Law and Guidelines were ratified, in 1996, it received a different status in the Law at each government change. Looking forward to understanding the specific features of the teaching in this area, a central objective of this thesis, quantitative and qualitative data were adopted, based on interviews with eleven male and ten female teachers, holding teaching positions in Sociology in São Paulo State High School network. Careers, work conditions and content and outlines that this subject assumed through the teachers were the elements checked to seize its uniqueness, in the meantime between its requirement, in 2008, and the confusing condition of studies and practices, stated by the High School reform constituted in 2017. The results show a scenario of numeric balance between male and female teachers in the teaching staff, a feature of its singularity. Its recent incorporation to the mandatory curriculum unfolds in the absence of common references and most frail work conditions, performing multiple activities and the lowest wage averages. Between a choice and a possibility, Social Sciences, as an education facing the understanding of the social world, and the teaching profession, as an alternative of employability, attracts male and female teachers coming from the working class, whose biographies are filled with arts and the political universe, which move towards the senses attributed to Sociology in High School. Teachers approach the daily routine of students as an object of study, in an attempt to have a more democratic school knowledge development. It is, furthermore, a place of fruition, where Sociology is adopted as a support to promote the experience and the reflection on social relations in school. Students, boys and girls, get center stage with the support of their Sociology teachers, who understand the empowerment of the demand of students as part of their tasks. In combining the movement around its status in educational law, and the speeches of Sociology teachers, with their fears and worries, we have a relevant share of clashes that restrain the public school in the recent history of the country.
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