Ação educativa na Atenção Básica à Saúde de pessoas com diabetes mellitus e hipertensão arterial: avaliação e qualificação de estratégias com ênfase na educação nutricional

Introdução: As ações educativas são práticas inerentes ao projeto assistencial de saúde em todos os níveis de atenção, na perspectiva de empoderamento e emancipação das pessoas para atuar nos aspectos fundamentais de sua vida, como a alimentação. O diabetes mellitus e a hipertensão arterial estão en...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Rezende, Ana Maria Bartels
Other Authors: Mancuso, Ana Maria Cervato
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2011
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-27072011-041835/
Description
Summary:Introdução: As ações educativas são práticas inerentes ao projeto assistencial de saúde em todos os níveis de atenção, na perspectiva de empoderamento e emancipação das pessoas para atuar nos aspectos fundamentais de sua vida, como a alimentação. O diabetes mellitus e a hipertensão arterial estão entre os fatores de risco modificáveis para as doenças cardiovasculares, cujo controle associado a mudanças de estilo de vida pode ser estimulado no âmbito da Atenção Básica à Saúde, minimizando a morbimortalidade por essas doenças e o seu impacto na saúde pública. Objetivo: Analisar o processo educativo com ênfase na educação alimentar e nutricional para pessoas com diabetes mellitus e hipertensão arterial no âmbito da Atenção Básica à Saúde. Métodos: Estudo analítico-descritivo de natureza qualitativa, realizado entre profissionais de saúde e pessoas com diabetes mellitus e/ou hipertensão arterial acompanhadas em Unidade de Estratégia de Saúde da Família do município de Vitória- ES. Procedeu-se a coleta de depoimentos por meio de entrevistas semiestruturadas. Aplicou-se a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo para a análise das percepções sobre os espaços, os sujeitos, os resultados e os desafios das ações educativas na promoção de práticas de vida e alimentares adequadas. As ideias centrais destacadas no material discursivo foram utilizadas como substrato para a qualificação dessas ações, num processo compartilhado com os profissionais de saúde, em que se empregou a técnica dos grupos focais. Resultados: Foram entrevistados 27 profissionais, entre médicos, enfermeiros, orientador físico, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde, bem como 22 usuários-pacientes. Na percepção dos profissionais de saúde, os grupos constituem o espaço mais eficaz para a prática educativa. Porém, a preferência do usuário é pela ação individualizada e medicocentrada que ocorre nas consultas. A visão mais frequente sobre os resultados das ações educativas foi que estas contribuem para mudanças apenas para parte das pessoas assistidas, sendo a rebeldia do paciente e os fatores de insegurança alimentar e nutricional relacionados ao acesso aos alimentos, à baixa escolaridade e ao envelhecimento dependente da população, destacados como dificuldades concretas para mudança das práticas alimentares. Quanto aos desafios atribuídos à estrutura e aos resultados do processo educativo, a percepção foi que este não está suficientemente sedimentado entre os profissionais de saúde, que persistem com práticas normativo-prescritivas em suas condutas, o que dificulta o seguimento do plano terapêutico. No discurso dos usuários, evidenciaram-se, como maior dificuldade para a adesão ao tratamento e à mudança de hábitos alimentares, as prescrições restritivas ou proibitivas. O processo de qualificação das práticas educativas apontou a necessidade de fortalecimento das ações educativas na prática assistencial; instituição de mecanismos de avaliação dos seus impactos; centralidade do sujeito no planejamento das ações e na definição do plano terapêutico; garantia da interdisciplinaridade e integralidade das ações; valorização do planejamento e da organização do trabalho educativo; capacitação permanente da equipe de saúde. Conclusões: Ações educativas para capacitação das pessoas com diabetes mellitus e hipertensão arterial, no âmbito da Atenção Básica à Sáude, estão ainda estruturadas no modelo assistencial hegemônico, de abordagem predominantemente higienista, que culpabiliza as pessoas por seus problemas de saúde e que desconsidera a participação da comunidade nos processos educativos a ela dirigidos. A Estratégia de Saúde da Família se coloca como campo potencialmente fértil para a qualificação e reorientação das práticas educativas em saúde, o que se recomenda seja feito à luz das diretrizes das Políticas Públicas de Atenção Básica e de Promoção da Saúde === Introduction: Educational action is a type of practice that is inherent to all levels of health care from the perspective of empowering and emancipating people to act in fundamental aspects of their lives, such as eating. Diabetes mellitus and hypertension are among the modifiable risk factors of cardiovascular diseases whose control, associated to lifestyle changes, can be stimulated in the Basic Health Care sphere, minimizing morbidity and mortality caused by these diseases, as well as their impact on public health. Objective: Analyze the education process focusing on eating and nutrition education for people with diabetes mellitus and hypertension in the Basic Health Care sphere. Methods: It is an analytical, descriptive, and qualitative study carried out among health care professionals and people with diabetes mellitus and/or hypertension cared for at a family health strategy unit in the city of Vitória, ES, Brazil. Their testimony was collected through semistructured interviews. The Collective Subject Discourse technique was employed for analyzing their perception of space, subjects, results and challenges of the educational actions in promoting appropriate life and eating practices. The central ideas standing out in their discourse were used as substrate for qualifying these actions in a process shared with health care professionals, in which the focus group technique was adopted. Results: Twenty-seven (27) professionals (doctors, nurses, physical activity advisor, auxiliary nurses, and community health care agents) were interviewed, as well as 22 patient-users. In these health care professionals perception, the groups represent the most effective space for educational practice. However, the user prefers the individualized, doctor-centered practice taking place during consultations. The most frequent view about the results of educational actions was that they contribute to changing just part of the assisted people. Patients resistance to changes and the nutrition and food insecurity related to access to food; poor educational background; and populations dependent aging are highlighted as concrete difficulties in changing eating practices. Regarding the challenges attributed to structure and to the results of the educational process, the study found that they are not sufficiently spread among health care professionals, that the normative-prescriptive practices still guide their conduct, which hinders the subsequent therapies. From the users discourse, we identified the restrictive and prohibitive prescriptions as the greatest difficulty in complying with treatment and changing eating habits. The process of qualification of educational practices pointed out the need of strengthening educational actions in health care practice; instituting mechanisms to assess its impact; centralizing action planning and therapy on the subject; ensuring interdisciplinarity and integrality of actions; valuing planning and organization of educational work; and permanently qualifying the health care team. Conclusions: Educational actions for recovering individuals with diabetes mellitus and hypertension in the Basic Health Care sphere are structured within a hegemonic health care model, with a predominantly hygienist approach, which blames individuals for their health problems; which disregards the participation of the community in the educational processes addressing them. The family health strategy is shown as a potentially fertile field for qualifying and reorienting educational health care practices, which should ideally be done in compliance with the guidelines of basic health care and health promotion public policies