Summary: | Introdução - O envelhecimento traz consigo alterações da composição corporal que podem ser desencadeadas ou agravadas pelo estilo de vida. A presença simultânea da reduzida massa magra, da osteopenia (reduzida densidade óssea) e da obesidade emerge como possível fator de risco para morbimortalidade de forma mais proeminente do que quando tais parâmetros são considerados separadamente. Objetivo - Investigar a prevalência da presença concomitante da obesidade, da osteopenia e da reduzida massa magra em amostra de indivíduos a partir dos 50 anos; e avaliar se a presença simultânea dessas alterações está associada a menores concentrações de 25- hidroxivitamina D [25(OH)D], a pior perfil glicêmico e lipídico, ao reduzido gasto energético e nível de atividades físicas e à pior aptidão cardiorrespiratória. Métodos - Trata-se de estudo transversal com 218 indivíduos (52% do sexo feminino), de 63 (59 - 69) anos, participantes do ISA-Capital 2015 e ISA Nutrição 2015. A composição corporal foi obtida por DXA. Ajustou-se a massa gorda (kg) pela altura ao quadrado e a obesidade foi estabelecida quando >9kg/m2 para homens e >13kg/m2 para mulheres. A reduzida massa magra (MM) foi definida como MM apendicular/IMC <0,789 e <0,512 para homens e mulheres, respectivamente. T-score <-1,0 na coluna lombar e/ou colo do fêmur determinou a osteopenia. Os indivíduos foram agrupados de acordo com a presença/ausência dessas condições. Considerou-se como desfechos a força de preensão manual, as concentrações de 25(OH)D, os perfis lipídico e glicêmico e hábitos de vida (atividades físicas e ingestão alimentar). Uma subamostra de 43 indivíduos (55% sexo masculino), de 65 (62-71) anos foi selecionada para avaliação da aptidão cardiorrespiratória em esteira rolante, da taxa metabólica de repouso (TMR), por calorimetria indireta, e do gasto energético total (GET), por água duplamente marcada. Resultados - 50 dos 218 indivíduos (23%) apresentavam obesidade associada à reduzida MM e/ou à osteopenia, sendo que 14 (6%) destes apresentavam a combinação dos 3 componentes. A obesidade combinada a 1 ou 2 outras alterações de composição corporal foi associada a concentrações mais reduzidas de 25(OH)D (-3 ng/ml), à pior sensibilidade à insulina, à maior gordura visceral, à menor força muscular, ao maior tempo despendido em atividades sedentárias e à reduzida ingestão proteica por quilo de peso corporal. Adicionalmente, a análise da subamostra (N = 43) revelou haver pior aptidão cardiorrespiratória (-5 ml/kg/min no VO2pico), maior TMR (+300 kcal/dia) e GET (+140 kcal/dia), sem diferença, porém, quanto ao gasto energético em atividades físicas quando presença dessa condição. Esses resultados foram independentes da idade, do sexo e das concentrações de 25(OH)D. Conclusões - A prevalência da obesidade associada à reduzida MM e/ou à osteopenia foi de 23%. Tal condição foi associada à pior perfil de risco para manutenção dessas alterações de composição corporal, para inabilidade física, para doenças cardiovasculares e para mortalidade. Diante de um contexto de envelhecimento populacional atrelado a mudanças comportamentais desfavoráveis, esses resultados emergem a necessidade de estratégias a fim de se prevenir a evolução de um estado de alteração isolada de composição corporal para um estado de coexistência dessas alterações. === Introduction - Aging is related to changes in body composition that can be driven or worsen according to the lifestyle. Given the impact of obesity, osteopenia (low bone density), and reduced lean mass, it is suggested that their concomitant presence would even increase the risk for morbimortality. Objective - To investigate the prevalence of the concomitant obesity, low lean mass and osteopenia in a sample of adults aged from 50 years and evaluate if simultaneous disturbances on body composition are associated with lower 25-hidroxyvitamin D [25(OH)D], worse lipid and glycemic profile, lower total energy expenditure and physical activity level, and poorer cardiorespiratory fitness. Methods: This is a cross-sectional study with 218 individuals (52% female), aged 63 (59 - 69) years recruited from the ISA-Capital 2015 and ISA Nutrição 2015. Appendicular lean mass (ALM), fat mass and bone mineral density (BMD) were measured by DXA. Obesity was defined as fat mass (kg) divided by height squared >9 kg/m2 and >13kg/m2 for men and women, respectively. Low lean mass (LM) was defined as ALM/BMI <0.789 and <0.512 for men and women, respectively. Osteopenia was defined as T-score at lumbar spine and/or femoral neck lower < -1.0. Subjects were then clustered into subgroups according to the presence/absence of body composition disturbances. Outcomes included grip strength, 25(OH)D concentrations, lipid and glycemic profiles, and lifestyle (physical activity and food intake). From the 218 participants we extracted a subsample of 43 (55% male), aged 65 (62-71) years to assess their cardiorespiratory fitness on a treadmill, resting energy expenditure (REE) by indirect calorimetry, and total energy expenditure (TEE) by doubly labeled water. Results - From the 218 individuals, 50 (23%) showed obesity associated with low LM and/or osteopenia, with 14 (6%) showing the concomitant 3 disturbances of body composition. A condition of obesity plus low LM and/or osteopenia was associated with reduced serum VD (-3 ng/ml), lower insulin sensitivity, higher visceral adiposity, lower grip strength, longer time spent in sedentary activities, and reduced protein intake by body weight. The subsample analysis (N = 43) showed worse cardiorespiratory fitness (VO2peak 5 ml/kg/min lower), higher REE (+300 kcal/day) and TEE (+140 kcal/day) than those without body composition disturbances, with no difference in total amount of energy expended in physical activities. Age, sex, and VD concentrations did not change the results. Conclusions - The prevalence of concomitant obesity and low LM and/or osteopenia was 23%. Such condition was associated with risk factors to the maintenance of these body composition disturbances, physical disabilities, cardiovascular diseases, and mortality. Considering these results in a context of population aging and lifestyle changes indicate the need to define strategies to better screening those at higher risk and avoiding that an isolated body composition disturbance state become a concurrent state.
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