Summary: | Introdução: a coleta de culturas de vigilância é uma das estratégias utilizadas no controle de infecções causadas por Staphylococcus aureus, especialmente S. aureus resistente a meticilina (MRSA). Estas culturas são utilizadas para determinar portadores assintomáticos e prevenir a disseminação do patógeno para outros pacientes através da tomada de medidas de isolamento do portador. Neste contexto, tem-se demonstrado que a descolonização de portadores pode reduzir o risco de infecções estafilocócicas em certas ocasiões. O sítio anatômico mais comumente analisado são as narinas anteriores, mas continuamos a nos questionar se seria necessária a cultura de outros sítios anatômicos para este fim. Objetivos: este estudo objetivou avaliar o desempenho de diferentes sítios de cultura de vigilância em determinar a colonização de gestantes e recém-nascidos (RN) e determinar os fatores associados a colonização nasal por S. aureus. Metodologia: este é um estudo descritivo, desenvolvido no Hospital das Clínicas de São Paulo, Brasil, um hospital terciário universitário. Os pacientes envolvidos no estudo são gestantes durante trabalho de parto e seus recém-nascidos. A coleta de material de seu em quatro sítios anatômicos para os recém-nascidos: narinas anteriores, orofaringe, períneo e umbigo, no momento do parto, no terceiro dia e semanalmente. Para as gestantes, foram coletados quatro sítios anatômicos: narinas anteriores, anus, períneo e orofaringe. Apenas a primeira cultura positiva foi considerada, os pacientes colonizados nas narinas foram comparados àqueles colonizados apenas em sítios extranasais e os fatores de risco para colonização por S. aureus foram determinados. Resultados: foram incluídas 392 gestantes e 382 recém-nascidos. A colonização materna por S. aureus foi 53% (MSSA 49% e MRSA 9%). A colonização de RN foi 47% (MSSA 39% e MRSA 9%). Entre os RN, o melhor sítio de coleta foi o umbigo (64% para MSSA e 68% para MRSA) e a melhor associação foi narinas anteriores mais umbigo (86% para MSSA e 91% para MRSA). Entre as gestantes o melhor sítio foi narinas anteriores (MSSA 59% e MRSA 67%) e a melhor associação de sítios foi narinas anteriores mais orofaringe (83% para MSSA e 80% para MRSA). Dentre os fatores de risco, apenas o número de moradores na mesma residência foi associado à colonização materna por S. aureus (2,0+0,6 vs 3,6+1,8; p: 0,04). Conclusão: nosso estudo confirma a necessidade da coleta de vários sítios para assegurar a sensibilidade das culturas de vigilância. Não há fatores associados a colonização nasal que distinguem portadores nasais dos colonizados em sítios extranasais. Os programas de controle de infecção baseados em culturas de vigilância nasal podem ser comprometidos === Introduction: Surveillance cultures are one of the strategies used to control Staphylococcus aureus infections, especially methicillin-resistant S. aureus (MRSA). These cultures are used to determine asymptomatic carriers and prevent spread of the organism to other patients by putting carriers under isolation precautions. Also some authors demonstrated that decolonization of carriers can reduce the risk of staphylococcal infections under certain conditions. The most commonly cultured body sites are the anterior nares but the challenge remains to determine whether routine culturing of other body sites is necessary. Objectives: the study objective to evaluate the performance of surveillance cultures at various body sites in determining S.aureus colonization in pregnant women and their newborns (NB) and determine factors associated with nasal colonization. Methods: This is a descriptive study, developed on Hospital das Clinicas, São Paulo, Brazil, a tertiary-care university hospital. Patients enrolled: pregnant women during labor and their newborns. Material collection: For NB four sites were evaluated: nares, oropharynx, perineum and umbilical stump at birth, 3rd day and weekly. For pregnant women four sites during labor: anterior nares, anus, perineum and oropharynx. Only the first positive culture was considered. Nasally colonized patients were compared with colonized only extra-nasally and risk factors to S. aureus colonization were determined. Results: 392 pregnant women and 382 NB were included. S. aureus colonization was 53% among pregnant women (MSSA 49% and MRSA 4%). S. aureus colonization among NB was 47% (MSSA 39% and MRSA 9%). For NB patients, the best body site was the umbilical stump (64% for MSSA and 68% for MRSA). The best combination in NB was nares plus umbilical stump (86% for MSSA and 91% for MRSA). Among pregnant women, the best body site was the anterior nares (MSSA 59% and MRSA 67%). The best combination was nares plus oropharynx, (83% for MSSA and 80% for MRSA). Only the smaller number of household members was associated with MRSA carriage in pregnant women (2.2±0.6 vs 3.6±1.8; p: 0.04). Conclusion: Our study confirms the need for multiple culture sites to assure sensitivity. No features distinguish nasal carriers from only extra-nasal colonized people. Control programs relying mainly on nasal surveillance cultures may be compromised
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