Summary: | Esta dissertação examina possibilidades de ações artísticas participativas realizadas no espaço urbano operarem enquanto modos de habitar. Para tanto, articula três eixos principais: estudo teórico, análise de práticas artísticas e criação de experimentos na cidade de São Paulo. A perspectiva da arte como forma de habitar é amparada pela noção de direito à cidade que, conforme elaborada por Henri Lefebvre, consiste no direito de participar da produção do espaço social e, portanto, das relações que determinam o nosso viver. Formulações propostas por Guy Debord, David Harvey, Paola Berenstein Jacques, Vera Pallamin e Ana Fani Alessandri Carlos, sobre diferentes etapas do capitalismo e do processo de urbanização constituinte das grandes metrópoles contemporâneas, foram articuladas no desenvolvimento de uma compreensão crítica acerca da noção de habitar. Os estudos de Claire Bishop, relativos à participação em arte, e de Miwon Kwon, a respeito da arte site-specific, nortearam a reflexão sobre o movimento da arte contemporânea rumo ao espaço urbano e à transformação do papel do público de arte. Conjuntamente com a observação da prática de Ana Teixeira, grupo Contrafilé, Eleonora Fabião, grupo OPOVOEMPÉ, coletivo OPAVIVARÁ, Maurício Ianês e Sophie Calle, esses estudos permitiram a distinção, dentre os usos da participação e do espaço urbano por iniciativas artísticas, daqueles que são produtores de relações sociais não restritas aos espaços de arte. Por sua vez, os processos de criação de experimentos participativos na cidade de São Paulo tensionaram os estudos acerca do tema, contribuindo para uma produção corporal de conhecimento. O primeiro abordou diferenças de gênero na experiência do espaço urbano. E o segundo, por sua vez, teve como ponto de partida a convivência entre estranhos, característica às grandes cidades, e acabou por definir mais precisamente o horizonte para uma pesquisa futura: ações participativas em zonas de conflito. === This dissertation examines possibilities of participatory artistic actions performed in urban space to operate as ways of inhabit. Therefore, it articulates three main axes: theoretical study, analysis of artistic practices and creation of experiments in the city of São Paulo. The perspective of art as a way of inhabiting is supported by the notion of the right to the city which, as elaborated by Henri Lefebvre, consists in the right to participate in the production of the social space and therefore the relations that determine social life. Arguments by Guy Debord, David Harvey, Paola Berenstein Jacques, Vera Pallamin and Ana Fani Alessandri Carlos, on the different stages of capitalism and the process of urbanization constituting the great contemporary metropolises, were articulated in the development of a critical understanding of the notion of inhabiting. Claire Bishop\'s studies of participatory art and Miwon Kwon\'s on site-specific art guided a reflection on the movement of contemporary art towards urban space and the transformation of the role of the public of art. Together with the observation of the practice of Ana Teixeira, the group Contrafilé, Eleonora Fabião, the group OPOVOEMPÉ, collective OPAVIVARÁ, Maurício Ianês and Sophie Calle, these studies allowed the distinction between the uses by artistic initiatives of participation and the urban space, of those which are producers of social relations not restricted to art spaces. On the other hand, the processes of creating participative experiments in the city of São Paulo tensioned the studies on the subject, contributing to a corporal production of knowledge. The first, dealt with gender differences in experience of the urban space. And the second, in turn, had as its starting point the coexistence between strangers, characteristic of large cities, and ended up defining more precisely the horizon for a future research: participatory actions in conflict zones.
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