Summary: | A presente pesquisa objetivou descrever historicamente os processos de aprendizagem criados pelos integrantes do Assentamento Mário Lago sobre Sistemas Agroflorestais Agroecológicos (SAF) no âmbito do Projeto Agroflorestar e de projetos complementares, valorizando os significados de agroecologia desenvolvidos pelos assentados após estas experiências. Para tais preposições, a pesquisa possui uma abordagem dialética para a compreensão das contradições que compuseram o objeto de estudo. A coleta de dados foi realizada pela observação não participante de assembleias do Setor de Produção deste assentamento nos meses de junho, julho e agosto de 2018 e por entrevistas semiestruturadas com um integrante da coordenação do Projeto Agroflorestar e assentados, bem como, com consumidores que vivem na cidade de Ribeirão Preto - SP. Os resultados apontam que a adoção da agroecologia como o novo paradigma produtivo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deliberado nacionalmente a partir de 2000, influenciou a constituição de assentamentos agroecológicos. É neste contexto político que se insere o Assentamento Mário Lago como território integrante do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) da Fazenda da Barra, situado em uma área de recarga do Aquífero Guarani próxima a cidade de Ribeirão Preto SP e que incorporou as premissas da Comuna da Terra ao reintegrar trabalhadores ao espaço rural. Devido as novas circunstâncias políticas apresentadas pelo paradigma agroecológico, os integrantes do Assentamento Mário Lago passaram a realizar novas alianças sociais para incrementar seus sistemas produtivos. Neste processo, o Centro de Formação Sócio-Agrícola Dom Hélder Câmara foi abordado pela Cooperafloresta, uma cooperativa de comunidades quilombolas e agricultores familiares da região do Vale do Ribeira, para desenvolver a formação de assentados sobre Sistemas Agroflorestais Agroecológicos nas escolas do MST. As particularidades fundantes do Assentamento Mário Lago condicionaram o desenvolvimento do Projeto Agroflorestar junto aos agricultores, ou seja, em sua base economicamente produtiva e não necessariamente na educação formal. Desta forma, os processos de aprendizagem foram gerados de forma autônoma a partir das necessidades objetivas dos assentados envolvidos e, devido a necessidade de constante formação sobre o manejo dos Sistemas Agroflorestais Agroecológicos e escoamento da produção agrícola, um determinado grupo fundou a Cooperativa Agroflorestal Comuna da Terra. Concluiu-se que os SAFs, ao se tornarem o novo objeto de interação destes Sem Terras, passaram a oferecer novas dinâmicas de trabalho coletivo pautado em processos de aprendizagem coletiva realizados pelo trabalho e, consequentemente, levaram a liderança destes processos de aprendizagem a se organizarem entorno da citada cooperativa. Foi justamente este grupo de assentados que teve sua atividade transformada, ao abarcarem a dimensão ambiental como elemento constituinte de sua realidade objetiva, uma vez que as distintas subjetividades passaram a ter as relações ecológicas como integrantes de suas visões de mundo. Desta forma, o desenvolvimento do Projeto Agroflorestar foi de suma relevância para a efetivação da agroecologia no Assentamento Mário Lago, ainda que o plantio de Sistemas Agroflorestais Agroecológicos esteja restrito a um determinado grupo social === This research aimed to describe the learning processes on Agroforestry Systems created by the members of the Mario Lago Rural Settlement within the scope of the Agroforestry Project and its complementary projects enhanced by the meanings of agroecology developed by the settlers as a result of these experiences. For such prepositions, the research has a dialectical approach to underline the composing contradictions of the object of study. The data collection was held through non-participant observation of the Production Sector assemblies in the months of June, July and August 2018, and semi-structured interviews with settlers, a Agroflorestar Project technician and consumers living in the city of Ribeirao Preto, in the state of Sao Paulo, Brazil. The results indicate that the adoption of agroecology by the Landless Workers\' Movement (MST) as the new productive paradigm, nationally deliberated by 2000, have influenced the formation of agroecological settlements. In this political context, the Mario Lago Rural Settlement was created as part of the Sustainable Development Project (PDS) of the Fazenda da Barra in an area of Guarani Aquifer recharge. The settlement also incorporated the premises of Comuna da Terra and is located near the city of Ribeirao Preto which intends to reintegrate urban workers into rural areas. Due to the new political circumstances presented by the agroecological paradigm, the members of the Mario Lago Settlement started new social alliances to increase their production. In this scenario, the Center for Socio-Agricultural Formation \"Dom Hélder Câmara\" was approached by Cooperafloresta, a cooperative formed by quilombolas communities and family farmers in the region of Vale do Ribeira, also in the state of Sao Paulo in Brazil, to educate settlers on Agroforestry Systems in MST schools. The Mario Lago Rural Settlement founding peculiarities conditioned the development of the Agroflorestar Project with the farmers whom represent the economically productive and not necessarily in formal education conditions. Thus, the learning processes were autonomously developed having the settlers objective needs as starting point, and had been the monolith of social organizations created by the settlers as the Comuna da Terra Agroforestry Cooperative. The research concludes that in the time that the agroforestry had become the new object of interaction of these Sem Terras, it had also begun to offer new collective work dynamics based on collective learning processes carried out by labor itself, consequently, led the leadership group of these learning processes to be organized around the formed cooperative. This precise group of settlers had their activity transformed by embracing the environmental dimension as a constituent element of their objective reality, once the different subjectivities began to have ecological relations as part of their worldviews. In this way, the development of the Agroforestry Project was of a central element to the characterization of Mario Lago Settlement as a agroecological territory, even though the Agroforestry Systems is restricted to a certain social group
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