Summary: | O cuidado em saúde dirigido à população em situação de rua requer ações intersetoriais, que considerem as características desse grupo e respondam às suas necessidades. As diretrizes propostas pelas Políticas Públicas de Saúde e Saúde Mental oferecem subsídios para o cuidado e destacam a importância das ações serem desenvolvidas no contexto de vida das pessoas, de modo a favorecer o exercício da cidadania e dos direitos. Este estudo teve como objetivos conhecer as ações dirigidas às pessoas em situação de rua que apresentam transtorno mental, desenvolvidas pelas equipes do Consultório na Rua (CR) da Unidade Básica de Saúde (UBS) Sé e do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Adulto II Sé; identificar obstáculos e pontos de força encontrados no cotidiano de trabalho e conhecer a opinião dos usuários sobre o cuidado recebido. A pesquisa, de caráter qualitativo, empregou os seguintes procedimentos metodológicos: revisão integrativa da literatura; pesquisa documental; entrevistas semi-estruturadas com profissionais e usuários; observação participante e elaboração do caderno de campo. Os dados foram coletados entre fevereiro e abril de 2016. Os resultados evidenciaram que a maioria das ações oferecidas pelos serviços considera as características da população e busca responder às suas necessidades. A construção e manutenção do vínculo entre profissionais e usuários foram compreendidas como eixos do trabalho, que contribuem para o estabelecimento de relações humanizadas e influenciam positivamente a realização de ações. A construção do trabalho intersetorial apresentou-se como um desafio, por depender da organização e do alinhamento de cada serviço com as normativas e da relação estabelecida entre eles. Dois aspectos se destacaram nos resultados: a sobrecarga e o risco de adoecimento dos profissionais e a influência da atual forma de gestão dos serviços na produção do cuidado. Concluiu-se que as ações produzidas pelo CAPS Adulto II Sé e pelas equipes de CR da UBS Sé se encontram alinhadas às diretrizes das Políticas, porém é necessário cuidado às equipes e envolvimento da gestão nos processos de trabalho, para que a responsabilidade da produção de ações de qualidade não recaia unicamente sobre os profissionais === Health care for homeless npopulation requires intersectoral actions that considers this group characteristics and attends his needs. Public Health and Mental Health Policies offer a guideline to actions and indicates the importance of these actions to be developed according to people life context, in a way to promote citizenship and access to rights. The goals of this research were to get known the actions developed by Psychosocial Care Center to Adults II Sé and Consultation Office in the Streets teams and offered to homeless population that presents mental disorders; to identify obstacles and points of force presents in the daily work; and know the patients opinion about the received care. This qualitative research used methodological procedures such as integrative literature review; documental research; semi-structured interview developed with professionals and patients; participant observation and field notebook construction. The data was collected between february and april/2016. The results showed that most part of actions offered by professional teams take into consideration this population needs and try to answer to these needs. The construction and maintenance of a bound between professionals and patients were comprehended as the center point of work, which contribute to establish humanized relations and positively influence actions. The construction of intersectoral work was comprehended as a challenge, due to services organization, alignment between services and guidelines and relation among different services. In the results, two aspects were highlighted: burden and risk of illness of professionals and the influence of current services structure on delivered care. As a conclusion, actions offered by professional teams are in accordance to Policies guidelines, although it is necessary to offer better care to professionals and higher involvement of administration on work processes, in order to avoid the risk of responsibility for quality actions fall over professionals only
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