Summary: | A formação em serviço realizada pelo programa de Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) é uma estratégia educativa que visa a mudança do perfil dos profissionais da saúde para atuação no Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre as profissões que compõem as residências, a terapia ocupacional foi eleita como foco deste estudo com o objetivo de conhecer e refletir sobre os desafios e tendências do processo de educação profissional e interprofissional na perspectiva de tutores, preceptores e residentes terapeutas ocupacionais. A metodologia eleita foi a abordagem qualitativa com realização de entrevistas e análise de conteúdo para a elaboração dos resultados e discussão. Foram realizadas 17 entrevistas em três programas de RMS de diferentes municípios do estado de São Paulo com cenários educativos realizados na atenção hospitalar e na atenção básica. Duas categorias empíricas foram identificadas nos resultados: (i) \"Residência multiprofissional de saúde como dispositivo de mudança\" dividida em duas subcategorias: \"Trabalho em equipe\" e \"Trabalho na perspectiva do SUS\" e (ii) \"Singularidades na formação do terapeuta ocupacional em RMS\" agrupada nas subcategorias: \"Particularidades da inserção profissional do terapeuta ocupacional nos cenários educativos\", \"Produção de identidades e a fragmentação da atuação do terapeuta ocupacional nas RMS\" e \"Terapia ocupacional e as práticas colaborativas e interprofissionais no SUS\". A pesquisa permitiu conhecer o potencial de mudanças dos programas de RMS em relação à formação dos residentes e à disseminação de práticas em saúde, colaborativas em equipe e sob a perspectiva do SUS. Os resultados apontaram a singularidade do processo formativo de terapeutas ocupacionais nas RMS que sofrem impactos pela insuficiente contratação de profissionais nos serviços, pelo desconhecimento do papel profissional do terapeuta ocupacional e pela fragmentação da atuação profissional nos cenários de prática; experiências que geram insegurança de residentes e profissionais quanto aos limites da atuação profissional e interprofissional no trabalho em equipe. O foco da terapia ocupacional nas atividades e cotidianos das pessoas no processo do cuidado em saúde e a mediação do cuidado de pessoas com deficiência e transtornos mentais foram identificados como contribuições da terapia ocupacional para as práticas colaborativas e interprofissionais no SUS. Conclui-se que o potencial de mudanças dos programas para a atuação dos residentes como futuros profissionais está diretamente relacionado com as estratégias pedagógicas desenvolvidas nos cenários educativos. A formação de terapeutas ocupacionais nas RMS depende das características dos cenários educativos, no que se refere a sua organização e interação interprofissional pré-existente, à suficiência do número de preceptores, à consolidação de fluxos assistenciais e ao (re)conhecimento da Terapia Ocupacional pelos demais profissionais dos serviços. Por fim, os participantes afirmaram a importância da RMS para a aprendizagem de saberes e práticas - próprios da profissão, comuns aos profissionais de saúde e construídos em equipe de forma colaborativa - com o propósito da qualificação do cuidado em saúde === The in-service education carried out by the multi-professional residency in health (MPRH) is a strategy that aims at a profile change of health professionals in order to prepare them to work in the Brazilian Unified Health System (SUS). Among the professions included in MPRH, the occupational therapy was selected as the focus of this study in order to explore and reflect on the challenges and tendencies of the professional and inter-professional education process from the perspective of occupational therapy tutors, preceptors, and residents. The selected methodology was the qualitative approach, carried out by means of interviews and content analyses that led to the elaboration of results and discussions. Seventeen interviews were carried out in three MPRH programs of different municipalities in the State of São Paulo, and had their educational scenarios centered in hospital care and basic health care. Two empiric categories were identified in the results: (i) \"MPRH as a means of change,\" divided into two subcategories: \"Team Work\" and \"Work from the perspective of SUS ,\" and (ii) \"Singularities in the education of the occupational therapist in MPRH\", which was grouped in the following subcategories: \"Particularities of the inclusion of occupational therapists into the educational scenarios,\" \"Production of identities and the fragmentation of the occupational therapists\' work in MPRH\" and \"Occupational Therapy and the collaborative and inter-professional practices in SUS.\" The research allowed for the identification of possibilities of changes brought about the MPRH regarding the professional education of residents and the dissemination of collaborative practices among health service professionals from the perspective of SUS. Results pointed out the singularity of the educative process of occupational therapists in the MPRH, which are impacted by the insufficient professional staffing, the unawareness of the occupational therapist\'s professional role and the fragmentation of the professional work in practice settings; experiences which cause insecurity to residents and professionals regarding the limits of the professional and inter-professional team work. The occupational therapy focus on the activities and daily life of people in health care and the mediation of the care given to people with physical and mental disabilities were identified as occupational therapy contributions to collaborative and inter-professional practices in SUS. The conclusion is that the potential for change that programs provide for the activities of residents as future professionals is directly related to the pedagogical strategies developed in the educational settings. The education of occupational therapists in MPRH depends on the characteristics of the practice settings, regarding their organization and the pre-existing inter-professional interaction, a sufficient number of preceptors, the consolidation of assistance flows, and the recognition of occupational therapy by other health professionals. Finally, the participants restated the importance of the MPRH for the learning of knowledge and practices - particular to the profession, common to health professionals, and accrued through collaborative team work - as the purpose of the qualification in health care services
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