Summary: | Esta tese procura identificar o conceito de cérebro na obra de Vigotski, analisando como este conceito relaciona-se com os fundamentos da psicologia histórico-cultural. A partir disso, discute possíveis implicações desse conceito para a educação, face a um cenário educacional onde as relações entre neurociência e educação recebem atenção crescente de ambos os campos. Trata-se de um trabalho teórico, baseado na produção teórica de Vigotski realizada no período de 1924 a 1934, ano de sua morte. Entre as dezenas de obras conhecidas do psicólogo bielorrusso, foram selecionados e analisados vinte textos nos quais o tema cérebro é abordado de forma mais particularizada. A partir dessa análise, pôde-se concluir que as teorias de Vigotski sobre o cérebro estão intrinsecamente relacionadas com os fundamentos da psicologia histórico-cultural. A abordagem vigotskiana do cérebro se deu de forma densa e inovadora, considerando o que se conhece atualmente a partir das descobertas da neurociência. Entre estas ideias, pode-se destacar a constituição da consciência a partir da internalização da experiência social, o funcionamento cerebral através de sistemas funcionais em oposição à visão localizacionista, os sinais como conexões extra-cerebrais de origem cultural e a defesa do monismo psicofísico, entre outros, caracterizando uma abordagem materialista da psique que entende o cérebro como a base material da consciência. Destaca-se a importância de considerar como parte da fundamentação da obra vigotskiana sua concepção sobre o humano enquanto organismo, o que não implica necessariamente em uma visão reducionista pelo contrário, a fundamentação filosófica materialista e marxista de Vigotski o exige. No que se refere à educação, debate-se a importância de reconhecer que a relação com a neurociência não deve servir como uma roupagem atual para a medicalização e patologização das relações escolares, ousando-se propor que, se alguma contribuição pode ser feita pela neurociência à educação, que seja a favor da defesa da potencialidade para o aprendizado de todos os alunos e alunas. === This thesis covers the concept of brain in the work of Vygotsky, analyzing how this concept relates to the foundations of cultural-historical psychology. It also discusses the possible educational implications of this approach, taking into account an educational setting where relationships between neuroscience and education receive increased attention from both camps. It is a theoretical work, based on Vygotsky\'s production in the period 1924 to 1934, the year of his death. Among the dozens of known works of the Belarusian psychologist, were selected and analyzed twenty texts in which the brain is the topic addressed in a more particularized. From this analysis, we concluded that Vygotsky\'s theories on the brain are deeply related to the foundations of cultural-historical psychology. His approach to the brain occurred in a dense and innovative, even considering what is currently known from the discoveries of neuroscience. Among these ideas, we can highlight the creation of consciousness from the internalization of social experience, brain function through functional systems as opposed to localizing view, the signals as extra-cerebral connections of cultural and defense of psychophysical monism, among other, featuring a materialist approach that understands the psyche of the brain as the material basis of consciousness. We emphasize the importance of considering as part of the grounds of its design work on the Vygotskyan as human body, which does not necessarily imply a reductionist view - on the contrary, the philosophical foundation of Marxist materialism and Vygotsky demands. In relation to education, debate the importance of recognizing that the relationship with neuroscience should not serve as a guise for the current medicalization and pathologizing school, daring to propose that if a contribution can be made by neuroscience to education, that is in favor of the defense capability for the learning of all pupils and students.
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