Orelhas de elefante, olhos de coruja, dentes de javali: maravilhoso e descritivo em Yvain ou le chevalier au lion, de Chrétien de Troyes

No final do século XII, Chrétien de Troyes considerado por muitos críticos o maior poeta francês da chamada Idade Média compõe um poema narrativo Yvain ou le Chevalier au Lion no qual se percebem elementos tidos como característicos do gênero maravilhoso, tais quais objetos mágicos e seres extra...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Caliendo, Luis Claudio Kinker
Other Authors: Jorge, Veronica Galindez
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2009
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8146/tde-22022010-163214/
Description
Summary:No final do século XII, Chrétien de Troyes considerado por muitos críticos o maior poeta francês da chamada Idade Média compõe um poema narrativo Yvain ou le Chevalier au Lion no qual se percebem elementos tidos como característicos do gênero maravilhoso, tais quais objetos mágicos e seres extraordinários, como monstros e gigantes. Esses elementos entre outros fatores levaram boa parte da crítica a enxergar na poesia medieval, durante muito tempo, uma certa ingenuidade, típica de uma infância da literatura. Rejeitando uma perspectiva evolucionista, o presente trabalho pretende olhar para esse texto antigo respeitando sua alteridade, mas, ao mesmo tempo, trazendo-o para o centro dos debates atuais relativos à literatura. Um olhar atento ao poema permite constatar a íntima relação entre o maravilhoso e o descritivo, a qual constitui o objeto deste estudo. Por meio da leitura do retrato de um camponês monstruoso tomado em sua textualidade, evitando-se uma separação artificial entre forma e conteúdo , promove-se um deslocamento do conceito de maravilhoso, não mais visto como conjunto de motivos, mas como um efeito provocado por operações discursivas. === At the end of the twelfth century, Chrétien de Troyes considered by many critics the greatest French poet of the so-called Middle Ages produced a narrative poem Yvain ou le Chevalier au Lion in which one perceives elements considered characteristic of the genre known as marvelous, such as magical objects and extraordinary beings, like monsters and giants. These elements among other factors led much of the criticism to see in medieval poetry, for a long time, some innocence, typical of a childhood of literature. Rejecting an evolutionary perspective, this study aims at looking at this ancient text respecting its otherness, but at the same time, bringing it to the center of current literature debates. A close look at the poem brings out the intimate relationship between the marvelous and the descriptive, main subject of the present study. Through the reading of the portrait of a monstrous peasant taken in its textuality, avoiding an artificial separation between form and content a shift is promoted in the concept of marvelous, no longer seen as a set of motifs, but as an effect of discursive operations.