A sobrecarga salina induz a alterações hemodinâmicas e no remodelamento de matriz extracelular vascular em ratos normotensos

As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de mortalidade no mundo. Entre estas doenças, a hipertensão arterial tem apresentado um dos índices mais significativos. A hipertensão arterial é uma doença multifatorial e, dentre os fatores desencadeantes, está o consumo excessivo de sal...

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Bibliographic Details
Main Author: Silva, Juliane Cristina de Souza
Other Authors: Lacchini, Silvia
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2019
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-21082019-163621/
Description
Summary:As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de mortalidade no mundo. Entre estas doenças, a hipertensão arterial tem apresentado um dos índices mais significativos. A hipertensão arterial é uma doença multifatorial e, dentre os fatores desencadeantes, está o consumo excessivo de sal pela população. Segundo a OMS, a ingestão diária de sal por pessoa não deve ultrapassar o limite de 5g; porém, a maior parte dos países, incluindo o Brasil, ultrapassa o consumo de 10g de sal por pessoa por dia. Se considerarmos que o consumo de sal por dia ultrapassa os limites aceitáveis e que grande parte da população não apresenta hipertensão, surge como questionamento de como essa sobrecarga salina se relaciona com o desenvolvimento da hipertensão arterial e quais os mecanismos fisiológicos envolvidos numa fase pré-hipertensiva. Nossa hipótese é a de que a sobrecarga salina induz alterações na regulação hemodinâmica bem como adaptações vasculares independente de alterações na pressão arterial. Para responder nossa hipótese, foram utilizados ratos Wistar machos, distribuídos em três grupos experimentais: 1) controle (Cont), com acesso a água de beber livre de NaCl); 2) Sal-2, tratado com NaCl 1% na água de beber por 2 semanas; e 3) Sal-12, tratado com NaCl 1% na água de beber por 12 semanas. Os grupos experimentais foram usados para avaliar o modelo experimental (com acompanhamento de peso corporal e de ingestão de água e exceção de urina em gaiola metabólica), bem como para os estudos propostos: avaliação hemodinâmica (Estudo 1), avalição de fluxo regional (Estudo 2), estudo biomecânico da aorta (Estudo 3), e estudo do remodelamento vascular (Estudo 4). Para estes estudos, foi feita medida da pressão arterial e frequência cardíaca, teste biomecânico da aorta, avaliação de fluxo tecidual, avaliação histológica dos conteúdos de colágeno e lamelas elásticas; estudo de marcadores de fibrose vascular por imunohistoquímica e avaliação de metaloproteinases. Os principais resultados obtidos mostram que a sobrecarga salina não altera a pressão arterial, mas leva ao aumento da atividade simpática e redução da atividade parassimpática, além de reduzir a variabilidade da frequência cardíaca, normalmente relacionada ao aumento de risco cardiovascular. Os resultados indicam uma redução de fluxo tecidual, como no intestino e na aorta, sugerindo que pode haver remodelamento vascular reduzindo o aporte sanguíneo nestes tecidos. O estudo do remodelamento vascular sustenta a ideia de que a sobrecarga salina impõe tanto a artérias de condução como de resistência um importante remodelamento, aumentando a deposição de colágenos fibrilares e de colagenos IV e VII (não fibrilares), além de aumentar a marcação positiva para TGF-beta e Galectina 3. Este remodelamento é reforçado pela diferente marcação positiva para MMP-2, enzima importante da degradação da matriz colágena. A sobrecarga salina em períodos mais crônicos (Sal-12) apresenta redução da resistência da parede da aorta no teste biomecânico, sugerindo que o remodelamento observado possa não ser eficiente na manutenção fisiológica da estrutura vascular. Desta forma, mesmo que a sobrecarga salina não induza um efetivo aumento da pressão arterial para se considerar que estes animais normotensos estejam desenvolvendo hipertensão, é evidente seu efeito sobre os mecanismos regulatórios como o sistema nervoso simpático e parassimpático e sobre a estrutura vascular, levando à alteração na deposição de elementos da matriz extracelular e à modificação de suas características mecânicas. Tais características sugerem que a sobrecarga salina crônica está associada ao desenvolvimento de um estado semelhante aos níveis iniciais da hipertensão === Cardiovascular diseases are among the leading causes of mortality in the world. Among these diseases, hypertension has presented one of the most significant indexes. Arterial hypertension is a multifactorial disease and among the triggering factors is excessive salt intake by the population. According to WHO, the daily intake of salt per person should not exceed the limit of 5g; however, most countries, including Brazil, exceed 10 grams of salt per person per day. If we consider that salt intake per day exceeds acceptable limits and that a large part of the population does not present hypertension, it appears as a question of how this saline overload is related to the development of arterial hypertension and which physiological mechanisms involved in a prehypertensive phase. Our hypothesis is that saline overload induces changes in hemodynamic regulation as well as vascular adaptations independent of changes in blood pressure. To answer our hypothesis, we used male Wistar rats, distributed in three experimental groups: 1) control (Cont), with access to drinking water free of NaCl); 2) Salt-2, treated with 1% NaCl in drinking water for 2 weeks; and 3) Salt-12, treated with 1% NaCl in drinking water for 12 weeks. Experimental groups were used to evaluate the experimental model (with monitoring of body weight and water intake and urine exception in metabolic cage), as well as for the proposed studies: hemodynamic evaluation (Study 1), regional flow assessment (Study 2), biomechanical study of the aorta (Study 3), and study of vascular remodeling (Study 4). For these studies, blood pressure and heart rate were measured, aortic biomechanical test, evaluation of tissue flow, histological evaluation of collagen contents and elastic lamellae; study of vascular fibrosis markers by immunohistochemistry and evaluation of metalloproteinases. The main results show that saline overload does not alter blood pressure, but leads to increased sympathetic activity and reduced parasympathetic activity, as well as reducing heart rate variability, usually related to increased cardiovascular risk. The results indicate a reduction of tissue flow, as in the intestine and aorta, suggesting that there may be vascular remodeling reducing the blood supply in these tissues. The study of vascular remodeling supports the idea that saline overload imposes an important remodeling on both the conduction and resistance arteries, increasing the deposition of fibrillar collagens and collagens IV and VII (non-fibrillar), besides increasing the positive marking for TGF-Beta and Galectin 3. This remodeling is reinforced by the different positive labeling for MMP-2, an important enzyme of collagen matrix degradation. Saline overload in more chronic periods (Salt-12) presents a reduction of aortic wall resistance in the biomechanical test, suggesting that the observed remodeling may not be efficient in the maintenance of the vascular structure. Thus, even if the saline overload does not induce an effective increase in blood pressure to consider that these normotensive animals are developing hypertension, its effect on the regulatory mechanisms such as the sympathetic and parasympathetic nervous system and on the vascular structure is evident, leading to alteration in the deposition of elements of the extracellular matrix and the modification of its mechanical characteristics. Such characteristics suggest that chronic saline overload is associated with the development of a state similar to the initial levels of hypertension