Os espaços para a música contemporânea

O presente trabalho propõe uma investigação acerca dos espaços de apresentação musical e sua relação com a música apresentada nestes, com especial enfoque na música erudita contemporânea. Tal proposta justifica-se a partir da verificação de uma dicotomia entre a concepção arquitetônica destes espaço...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Pita, Juliano Veraldo da Costa
Other Authors: Pinto, Gelson de Almeida
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2012
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18142/tde-20062012-160748/
Description
Summary:O presente trabalho propõe uma investigação acerca dos espaços de apresentação musical e sua relação com a música apresentada nestes, com especial enfoque na música erudita contemporânea. Tal proposta justifica-se a partir da verificação de uma dicotomia entre a concepção arquitetônica destes espaços, e a música que neles se apresenta, em sua maioria de um repertório consolidado no final do século XIX. Tal dissociação é particularmente interessante tendo em vista que, até o advento das vanguardas modernas do início do século XX, a música e os espaços de apresentação formavam um conjunto em consonância com o seu tempo. A partir desta verificação, alguns exemplos de espaços voltados para a música contemporânea e as suas características únicas foram analisados, e elucubrações acerca do estado atual destes, traçadas. A abordagem escolhida, entretanto, não foi a da descrição e análise do ponto de vista arquitetônico, técnico ou ainda, social; optou-se por uma investigação que relacionasse o desenvolvimento próprio da música e a sua relação com o espaço onde esta é apresentada, como forma de reforçar esta ligação e identificar os pontos de intersecção entre as duas disciplinas. Para tanto, iniciou-se o trabalho com alguns exemplos de salas de concerto recentemente construídas no contexto brasileiro: A Sala São Paulo (1999) e o Auditório Ibirapuera (2005), seguindo-se com uma verificação da música comumente apresentada nestes. A partir da verificação desta música, buscou-se o momento de caracterização do tipo arquitetônico do auditório, no tocante à organização espacial e colocação social destes. Dois espaços foram tomados como exemplo: o Palais Garnier (1875) em Paris e o Festspielhaus (1876) em Bayreuth, por representarem, cada um a seu modo, uma faceta deste tipo. Por fim realizou-se uma comparação entre a música apresentada nestes espaços e a música contemporânea, reforçando a dicotomia observada, e identificando preliminarmente o início do século XX como o momento de ruptura da relação direta entre arquitetura e música. Para comprovação desta afirmação, foi realizado uma restrospectiva dos locais onde a música possuía importância proeminente, e em paralelo, procurou-se abordar conceitos próprios da musica e da arquitetura, buscando criar subsídios para a compreensão do trabalho por músicos e arquitetos. Estes conceitos são essenciais para compreensão não só destes espaços, mas também das relações gerais entre os diferentes aspectos da vida social de sua época, de crucial importância para compreensão da dimensão da ruptura relatada. A partir desta revisão, algo descritiva e linear, partiu-se para reflexões dos motivos da mudança da relação entre arquitetura e música no Modernismo, e as consequências deste fato para ambas as disciplinas. Também foram abordados aspectos contemporâneos da música e da arquitetura, em espaços onde ainda buscou-se esta integração característica de outrora. Por fim, as conclusões buscam refletir sobre o futuro desta relação e do papel do arquiteto na produção de espaços para a música contemporânea, a partir de entrevistas com profissionais da área e da bibliografia especializada de ambas as disciplinas. É digno de nota que a bibliografia que aborda sobre este enfoque esta relação é extremamente escassa; este trabalho, portanto, adotou um perfil mais generalista e de amplo espectro, em detrimento de uma especificidade sobre um ponto específico desta relação, como o início de uma tentativa de suprir este vazio bibliográfico. === This paper proposes an investigation into the spaces of musical performance and its relationship with the music presented on these, with special focus on contemporary classical music. This proposal is justified from the verification of a dichotomy between the architectural design of these spaces, and the music that presented on them in a repertoire of mostly consolidated in the late nineteenth century. This dissociation is particularly interesting given that, until the advent of modern vanguards of the beginning of the twentieth century, music and performance spaces formed a group in line with your time. From this investigation, some examples of spaces facing the contemporary music and its unique characteristics were analyzed, and considerations about the current state of these, drawn. The approach chosen, however, was not the description and analysis from the architectural, technical or social point of view; it was decided by an investigation that relates the development of music itself and its relationship with the space where it is played as how to strengthen this link and identify the points of intersection between the two disciplines. To do so, the work began with some examples of recently built concert halls in the Brazilian context: The Sala São Paulo (1999) and the Auditório Ibirapuera (2005), followed with an investigation of the music commonly presented in these. From the verification of this music, it was sought to characterize the momentum of architectural auditorium, with regard to spatial organization and social setting of these. Two spaces were taken as example, the Palais Garnier (1875) in Paris and the Festspielhaus (1876) in Bayreuth, because they represent, each in its way, one facet of this type. Finally there was a comparison between the music presented in these spaces and contemporary music, which reinforces the dichotomy observed and preliminarily identifying the beginning of the twentieth century as the moment of transformation of the direct relationship between architecture and music. To prove this claim, was held a retrospective of where music had preeminent importance, and in parallel, we tried to address their own concepts of music and architecture, seeking to create elements for understanding the work of musicians and architects. These concepts are essential to understanding not only of these spaces, but also of general relations between different aspects of social life of his time, of crucial importance for understanding the dimension of rupture reported. Through this review, sometwhat descriptive and linear, reflections of the reasons for the changing of the relationship between architecture and music in Modernism, and the consequences of this fact to both disciplines were made. It was also discussed aspects of contemporary music and architecture in places where it was sought an integration. Finally, the conclusions sought, from interviews with professionals and specialized literature of both disciplines, to reflect on the future of this relationship and the role of the architect in producing spaces for contemporary music. It is noteworthy that the literature that addresses this relationship is extremely scarce; this work, therefore, adopted a more general profile and broad spec- trum, rather than a specific point on a specificity of this relationship, as the beginning of a attempt to fill this void of literature.