Summary: | O presente estudo teve como objetivo verificar a associação entre o líquen plano oral (LPO) e a infecção de hepatite C (HCV) crônica em duas populações distintas do município de São Paulo. Foram avaliados um total de 308 pacientes distribuídos em dois grupos de estudo: grupo HCV composto por 275 pacientes (132 homens e 143 mulheres; idade média = 49,8 anos) com infecção de HCV crônica; e o grupo LPO composto por 33 pacientes (10 homens e 23 mulheres; idade média = 52,9 anos) com LPO. No grupo HCV o diagnóstico da infecção crônica foi estabelecido através de sorologia para anti-HCV (MEIA, kit AxSYM® HCV version 3.0, Abbott Laboratories, North Chicago, Illinois) confirmado pela pesquisa de RNA-HCV através do teste PCR qualitativo (Cobas Amplicor HCV MonitorTM test, version 2.0, Roche Diagnostic Systems, NJ, USA). No grupo LPO o diagnóstico para lesões orais seguiu critérios estabelecidos pela World Health Organization (WHO) em 1978 e posteriormente modificados por van der Meij e van der Waal em 2003. Como critérios de exclusão para o grupo HCV pacientes que fizeram uso de interferon e/ou ribavirina por um período menor que 6 meses foram excluídos do estudo, assim como pacientes que encontravam-se em terapia antiviral para HCV. Neste grupo a presença de co-infecções - HIV, HBV, HTLV - também foi desconsiderada. No grupo LPO pacientes com diagnóstico clínico sugestivo de reação liquenóide por uso a drogas (RLD) e reação liquenóide por contato (RLC) foram excluídos da amostra, assim como pacientes tratados local ou sistemicamente para LPO por um período menor que 6 meses. Casos com achados histopatológicos de displasia liquenóide também foram desconsiderados. Para análise dos resultados duas comparações foram efetuadas: (1) no grupo HCV a prevalência de LPO foi determinada e comparada com a prevalência de LPO em nossa instituição (grupo controle); (2) no grupo LPO a prevalência da infecção de HCV foi determinada e comparada com a prevalência da infecção de HCV na população de São Paulo. A prevalência de LPO em pacientes com HCV crônica (grupo HCV) foi de 2,18% e de 1,54% no grupo controle (P = 0,39). A prevalência de HCV crônica em pacientes com diagnóstico de LPO (grupo LPO) foi de 3,03% e de 1,42% na população em geral (P = 0,39). Nenhuma diferença estatisticamente significante foi verificada quando os grupos foram comparados. Em nossa análise não foi verificada associação entre o LPO e a infecção de HCV crônica, nas duas populações avaliadas no município de São Paulo. === The objective of the present study was to verify the association between oral lichen planus (OLP) and chronic hepatitis C virus infection (HCV) in two distinct populations in the municipality of São Paulo. A total of 308 patients were evaluated distributed in two study groups: group HCV, comprising 275 patients (132 men and 143 women; average age = 49.8 years old) with chronic HCV infection; and group OLP, comprising 33 patients (10 men and 23 women; average age = 52.9 years old) with OLP. In group HCV, the diagnosis of chronic infection was established through serology for anti-HCV (MEIA, kit AxSYM® HCV version 3.0, Abbott Laboratories, North Chicago, Illinois) confirmed by RNA-HCV research through qualitative PCR testing (Cobas Amplicor HCV MonitorTM test, version 2.0, Roche Diagnostic Systems, NJ, USA). In group OLP, the diagnosis of oral lesions followed the criteria established by the World Health Organization (WHO) in 1978 and later modified by van der Meij and van der Waal in 2003. As exclusion criteria for group HCV, patients that made use of interferon and/or ribavirin for a period below 6 months were excluded from the study, as well patients that were under antiviral treatment for HCV. In this group the presence of co-infections - HIV, HBV, HTLV - was also discarded. In group OLP, patients with clinical diagnosis suggestive of drug-induced lichenoid reactions (DLR) and oral lichenoid lesions related to dental materials (LLDM) were excluded from the sample, as well as patients treated locally or systemically for OLP for a period below 6 months. Cases with histopathological findings of lichenoid dysplasia were also discarded. For result analysis, two comparisons were conducted: (1) in group HCV, OLP prevalence was determined and compared to OLP prevalence in our institution (control group); (2) in group OLP, the prevalence of HCV infection was determined and compared to the prevalence of HCV infection in the São Paulo population. OLP prevalence in patients with Chronic HCV (group HCV) was 2.18% and 1.54% in the control group (P = 0.39). Chronic HCV prevalence in patients with a diagnosis of OLP (group OLP) was 3.03% and 1.42% in the general population (P = 0.39). No statistically significant difference was verified when groups were compared. Our study did not verify an association between OLP and chronic HCV infection in the two populations assessed in the municipality of São Paulo.
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