Reparação pós-exodôntica em pacientes com diabetes tipo 2
A hiperglicemia, bem como o diabetes, é reconhecida como fator de risco para infecções pós-cirúrgicas, assim manter o controle glicêmico perioperatório tem sido padrão de cuidado em saúde. Entretanto há poucos estudos sobre o impacto do controle glicêmico no processo de reparação de cirurgias de ext...
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Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
2013
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Cicatrização Diabetes tipo 2 Exodontia Extractions Immune profile Neutrófilos Neutrophil Perfil imunológico Type 2 diabetes Wound healing Fernandes, Karin Sá Reparação pós-exodôntica em pacientes com diabetes tipo 2 |
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A hiperglicemia, bem como o diabetes, é reconhecida como fator de risco para infecções pós-cirúrgicas, assim manter o controle glicêmico perioperatório tem sido padrão de cuidado em saúde. Entretanto há poucos estudos sobre o impacto do controle glicêmico no processo de reparação de cirurgias de extração dentária. Apesar da escassez de estudos e de evidências clínicas e científicas que investiguem o risco de infecções pós-exodônticas em pessoas com diabetes, existem livros, artigos e guias que recomendam aos dentistas o uso de antibióticos profiláticos nesses indivíduos, especialmente para aqueles descompensados. O objetivo deste estudo foi avaliar clinicamente a cicatrização pós-exodôntica, em relação à cronologia dos eventos reparacionais e em relação à ocorrência de complicações pós-operatórias, em indivíduos com diabetes tipo 2 comparados a um grupo controle. Além disso, procuramos relacionar os eventos pós-cirúrgicos com o controle metabólico e com o perfil imunológico dos pacientes. Este estudo prospectivo longitudinal caso controle incluiu 53 indivíduos com diabetes tipo 2 (grupo de estudo=GE) e 29 indivíduos sem diabetes (grupo controle=GC). Foi aplicado questionário sobre a história médica, realizados exames clínicos intraoral e extraoral e exames laboratoriais para conhecimento do controle glicêmico e do perfil imunológico do indivíduo, tais como, hemograma completo, hemoglobina glicada (A1C), glicemia de jejum, IgA, IgG, IgM, C3, C4, linfócitos T CD3+, CD4+, CD8+, quimiotaxia de neutrófilos, oxidação de neutrófilos, fagocitose de neutrófilos e monócitos. Todos os participantes foram submetidos a extrações padronizadas de dentes erupcionados e as avaliações clínicas foram realizadas 3, 7, 21 e 60 dias após a cirurgia. A frequência de complicações pós-operatórias foi maior no GC, no qual 7 de 29 pacientes (24%) exibiu pelo menos uma complicação a saber: trismo (1 caso), queixa de paladar desagradável (3 casos), inapetência (1 caso) e queixa de indisposição (2 casos) (p=0,005). No GE apenas 1 sujeito (1,9%) exibiu complicação 13 uma vez que queixou-se de paladar desagradável, apesar de 36 (67,9%) pacientes desse grupo apresentarem hiperglicemia no momento da cirurgia, da maioria estar com o diabetes descompensado (A1C>6,5%) e apesar da maioria apresentar diminuição da quimiotaxia dos neutrófilos. Apesar da ocorrência de complicações, nenhum participante, de nenhum grupo, precisou tomar antibiótico e após 60 dias da exodontia todos os alvéolos dentais estavam reparados. O atraso na epitelização da ferida cirúrgica foi observado apenas no GE, onde 9 (17%) casos apresentaram incompleta epitelização nesse tempo pós-operatório (p=0,023). Não houve relação deste atraso com nível de A1C, diminuição da quimiotaxia de neutrófilos, diminuição da fagocitose dos neutrófilos e nem com a diminuição de oxidação dos neutrófilos. Nossos resultados permitiram concluir que o diabetes tipo 2 não representa um fator de risco para ocorrência de complicações pós-exodônticas. Podemos inferir que pessoas com diabetes tem risco aumentado de atraso na epitelização da ferida cirúrgica, mas que esse atraso não tem impacto na reparação final do alvéolo. === Hyperglycemia and diabetes are recognized as a risk factor for postoperative infections. Thus, maintaining perioperative glucose control has become the standard of care. However, there are scarce data on the appropriate glucose control during minor dental surgery. Despite the paucity of studies investigating the risk of postsurgical oral infections in persons with diabetes, there are text books, papers and guidelines recommending to dentists the use of prophylactic antibiotics for patients with poorly controlled diabetes undergoing invasive oral procedures. The aim of this study was to clinically evaluate the post extraction healing regarding to the chronology and to the occurrence of postoperative complications in patients with type 2 diabetes compared to a control group. Additionally, we associated the postoperative events with metabolic control and the immunological profile of the participants. This prospective case-control study included 53 subjects with type 2 diabetes (SG) and 29 controls without diabetes (CG). A questionnaire on medical history was applied, intraoral and extraoral clinical examinations were conducted and laboratory tests for glycemic control and immunological profile of the individual, such as complete blood count, glycated hemoglobin (A1C), fasting glucose, IgA, IgG, IgM, C3, C4, lymphocytes T CD3+, CD4+, CD8+, neutrophil chemotaxis, oxidation of neutrophil phagocytosis by neutrophils and monocytes, were obtained at the time of the extraction. All participants underwent standardized extractions of erupted teeth and clinical assessments were performed 3, 7, 21 and 60 days after surgery. The frequency of postoperative complications was higher in CG, where 7 of 29 patients (24%) exhibited at least one complication such as: trismus (1 case), complaints of unpleasant taste (3 cases), anorexia (1 case), and malaise (2 cases) (p=0.005). Only one patient from SG (1.9%) complained of bad taste in mouth despite 36 (67,9%) among the subjects from this group had hyperglycemia at the time of surgery, the majority present uncontrolled diabetes (A1C>6.5%), and despite most of them 15 present decreased neutrophils chemotaxis. Regardless of the occurrence of some complications, no participant in any group had to take antibiotics, and after 60 days of extraction all dental alveoli were repaired. The delay in epithelialization of the wound was observed only in SG, where 9 (17%) cases showed incomplete epithelialization at 21 days after surgery (p=0.023). There was no relationship with the epithelization delay and values of A1C, decreased neutrophil chemotaxis, decrease of neutrophil phagocytosis or with decreased oxidation of neutrophils. Our results showed that type 2 diabetes is not a risk factor for the occurrence of postoperative dental extractions. We can infer that people with diabetes have increased risk of delayed epithelialization of the surgical wound but that this delay has no impact on the final repair of the alveoli. |
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Gallottini, Marina Helena Cury |
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ndltd-usp.br-oai-teses.usp.br-tde-20022014-1617162019-05-09T20:27:46Z Reparação pós-exodôntica em pacientes com diabetes tipo 2 Post-extraction wound healing in patients with type 2 diabetes Fernandes, Karin Sá Cicatrização Diabetes tipo 2 Exodontia Extractions Immune profile Neutrófilos Neutrophil Perfil imunológico Type 2 diabetes Wound healing A hiperglicemia, bem como o diabetes, é reconhecida como fator de risco para infecções pós-cirúrgicas, assim manter o controle glicêmico perioperatório tem sido padrão de cuidado em saúde. Entretanto há poucos estudos sobre o impacto do controle glicêmico no processo de reparação de cirurgias de extração dentária. Apesar da escassez de estudos e de evidências clínicas e científicas que investiguem o risco de infecções pós-exodônticas em pessoas com diabetes, existem livros, artigos e guias que recomendam aos dentistas o uso de antibióticos profiláticos nesses indivíduos, especialmente para aqueles descompensados. O objetivo deste estudo foi avaliar clinicamente a cicatrização pós-exodôntica, em relação à cronologia dos eventos reparacionais e em relação à ocorrência de complicações pós-operatórias, em indivíduos com diabetes tipo 2 comparados a um grupo controle. Além disso, procuramos relacionar os eventos pós-cirúrgicos com o controle metabólico e com o perfil imunológico dos pacientes. Este estudo prospectivo longitudinal caso controle incluiu 53 indivíduos com diabetes tipo 2 (grupo de estudo=GE) e 29 indivíduos sem diabetes (grupo controle=GC). Foi aplicado questionário sobre a história médica, realizados exames clínicos intraoral e extraoral e exames laboratoriais para conhecimento do controle glicêmico e do perfil imunológico do indivíduo, tais como, hemograma completo, hemoglobina glicada (A1C), glicemia de jejum, IgA, IgG, IgM, C3, C4, linfócitos T CD3+, CD4+, CD8+, quimiotaxia de neutrófilos, oxidação de neutrófilos, fagocitose de neutrófilos e monócitos. Todos os participantes foram submetidos a extrações padronizadas de dentes erupcionados e as avaliações clínicas foram realizadas 3, 7, 21 e 60 dias após a cirurgia. A frequência de complicações pós-operatórias foi maior no GC, no qual 7 de 29 pacientes (24%) exibiu pelo menos uma complicação a saber: trismo (1 caso), queixa de paladar desagradável (3 casos), inapetência (1 caso) e queixa de indisposição (2 casos) (p=0,005). No GE apenas 1 sujeito (1,9%) exibiu complicação 13 uma vez que queixou-se de paladar desagradável, apesar de 36 (67,9%) pacientes desse grupo apresentarem hiperglicemia no momento da cirurgia, da maioria estar com o diabetes descompensado (A1C>6,5%) e apesar da maioria apresentar diminuição da quimiotaxia dos neutrófilos. Apesar da ocorrência de complicações, nenhum participante, de nenhum grupo, precisou tomar antibiótico e após 60 dias da exodontia todos os alvéolos dentais estavam reparados. O atraso na epitelização da ferida cirúrgica foi observado apenas no GE, onde 9 (17%) casos apresentaram incompleta epitelização nesse tempo pós-operatório (p=0,023). Não houve relação deste atraso com nível de A1C, diminuição da quimiotaxia de neutrófilos, diminuição da fagocitose dos neutrófilos e nem com a diminuição de oxidação dos neutrófilos. Nossos resultados permitiram concluir que o diabetes tipo 2 não representa um fator de risco para ocorrência de complicações pós-exodônticas. Podemos inferir que pessoas com diabetes tem risco aumentado de atraso na epitelização da ferida cirúrgica, mas que esse atraso não tem impacto na reparação final do alvéolo. Hyperglycemia and diabetes are recognized as a risk factor for postoperative infections. Thus, maintaining perioperative glucose control has become the standard of care. However, there are scarce data on the appropriate glucose control during minor dental surgery. Despite the paucity of studies investigating the risk of postsurgical oral infections in persons with diabetes, there are text books, papers and guidelines recommending to dentists the use of prophylactic antibiotics for patients with poorly controlled diabetes undergoing invasive oral procedures. The aim of this study was to clinically evaluate the post extraction healing regarding to the chronology and to the occurrence of postoperative complications in patients with type 2 diabetes compared to a control group. Additionally, we associated the postoperative events with metabolic control and the immunological profile of the participants. This prospective case-control study included 53 subjects with type 2 diabetes (SG) and 29 controls without diabetes (CG). A questionnaire on medical history was applied, intraoral and extraoral clinical examinations were conducted and laboratory tests for glycemic control and immunological profile of the individual, such as complete blood count, glycated hemoglobin (A1C), fasting glucose, IgA, IgG, IgM, C3, C4, lymphocytes T CD3+, CD4+, CD8+, neutrophil chemotaxis, oxidation of neutrophil phagocytosis by neutrophils and monocytes, were obtained at the time of the extraction. All participants underwent standardized extractions of erupted teeth and clinical assessments were performed 3, 7, 21 and 60 days after surgery. The frequency of postoperative complications was higher in CG, where 7 of 29 patients (24%) exhibited at least one complication such as: trismus (1 case), complaints of unpleasant taste (3 cases), anorexia (1 case), and malaise (2 cases) (p=0.005). Only one patient from SG (1.9%) complained of bad taste in mouth despite 36 (67,9%) among the subjects from this group had hyperglycemia at the time of surgery, the majority present uncontrolled diabetes (A1C>6.5%), and despite most of them 15 present decreased neutrophils chemotaxis. Regardless of the occurrence of some complications, no participant in any group had to take antibiotics, and after 60 days of extraction all dental alveoli were repaired. The delay in epithelialization of the wound was observed only in SG, where 9 (17%) cases showed incomplete epithelialization at 21 days after surgery (p=0.023). There was no relationship with the epithelization delay and values of A1C, decreased neutrophil chemotaxis, decrease of neutrophil phagocytosis or with decreased oxidation of neutrophils. Our results showed that type 2 diabetes is not a risk factor for the occurrence of postoperative dental extractions. We can infer that people with diabetes have increased risk of delayed epithelialization of the surgical wound but that this delay has no impact on the final repair of the alveoli. Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP Gallottini, Marina Helena Cury 2013-12-03 Tese de Doutorado application/pdf http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23141/tde-20022014-161716/ pt Liberar o conteúdo para acesso público. |