O cuidado em saúde mental para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas

Introdução: No Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas de nível III (CAPSad III) protagoniza o cuidado em saúde mental oferecido para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas. A compreensão deste cuidado pode fa...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Lago, Rozilaine Redi
Other Authors: Bógus, Claudia Maria
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2016
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-19122016-151104/
Description
Summary:Introdução: No Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas de nível III (CAPSad III) protagoniza o cuidado em saúde mental oferecido para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas. A compreensão deste cuidado pode favorecer o desenvolvimento da autonomia e cidadania desta população. Objetivo: Descrever e interpretar o cuidado em saúde mental em um serviço público de saúde para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa crítica, da qual participaram profissionais, usuários do serviço e respectivos familiares, diretamente envolvidos em um CAPSad III localizado na capital de um Estado situado na região Norte do Brasil. Os dados foram obtidos por meio de observação participante do cuidado em saúde desenvolvido, estudos de casos de usuários atendidos, bem como por entrevistas em grupo com profissionais e entrevistas individuais com usuários e respectivos familiares. Os dados foram analisados abordando a dimensão ética da relação de cuidado. Todos os aspectos éticos foram resguardados. Resultados e Discussão: O cuidado em saúde foi explorado a partir de três aspectos nele implicados: 1) A compreensão do relacionamento entre profissionais de saúde, usuários e respectivos familiares com respeito à perspectiva da redução de danos; 2) O uso do conceito de autonomia relacional na compreensão do exercício de autonomia de usuários; e 3) A compreensão do manejo do conhecimento por uma equipe interdisciplinar de profissionais de saúde na relação de cuidado estabelecida com usuários no tocante às dimensões éticas de confiança e autonomia relacional deste cuidado. Conclusões: Apontamos a necessidade de se avançar em uma abordagem mais relacional da autonomia de pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas, considerando, principalmente, as estruturas sociopolíticas, culturais e programáticas que limitam o exercício da capacidade pessoal de autonomia destes sujeitos. Evidenciamos que o reconhecimento das tensões e potencialidades envolvendo a confiança e a mobilização de conhecimento nesta relação de cuidado são elementos que podem auxiliar no desenvolvimento de um cuidado em saúde mental promotor de autonomia, abordando suas dimensões relacionais. === Introduction: The Psychosocial Care Center (CAPSad III) is the main service providing care in mental health for people seeking care in substance use in the Brazilian Public Health System (SUS). The understanding of mental health care can foster the development of autonomy and citizenship for people in substance use. Goals: To describe and interpret health care in a mental health service for people seeking care in substance use. Methods: This is a qualitative research, using a critical approach. Participated in this research professionals, service users and their families directly involved in a CAPSad III located in the capital of a State situated in the North of Brazil. Data were collected through participant observation of the health care developed, cases studies of assisted users as well as group interviews with professionals and individual interviews with users and their families. Data were analyzed addressing the ethical dimension of the relationship of care. All ethical aspects were respected. Results and Discussion: The health care was explored from three aspects involved in it: 1) understanding of the relationship between health care providers, users, and their relatives with respect to the perspective of harm reduction; 2) the use of the concept of relational autonomy in understanding the exercise of users autonomy; and 3) the understanding of the knowledge management by an interdisciplinary team of health care providers in the relationship of care with service users in relation to the ethical concepts of trust and relational autonomy. Conclusions: We point out the need to move forward in a more relational approach to autonomy of people seeking care in substance use, considering mainly the socio-political, cultural and programmatic structures which limit the exercise of personal autonomy ability of these subjects. We showed that the recognition of the tensions and potential involving trust and mobilization of knowledge in the care relationship are elements that can assist in the development of a mental health care that promotes autonomy, addressing its relational dimensions.