Summary: | INTRODUÇÃO: A obesidade é uma doença crônica com crescimento alarmante no mundo todo. Atualmente, o tratamento cirúrgico, especialmente o Bypass Gástrico em Y de Roux (BGYR), tem se mostrado como a forma mais eficiente para perda de peso e sua manutenção a longo prazo. Contudo, com a formação do neo-estômago e a mudança na conformidade intestinal, há alterações significantes das muitas propriedades físicas e funcionais desses órgãos que levam à deficiência de nutrientes, inclusive de cálcio. Com isso, podem ocorrer modificações no metabolismo ósseo e, conseqüentemente, na estrutura óssea. OBJETIVOS: Avaliar a ingestão de cálcio, as alterações no metabolismo ósseo e mineral; e a ocorrência de osteopenia e osteoporose em mulheres que se submeteram ao BGYR há oito anos. MÉTODO: Neste estudo transversal, foram estudadas 30 mulheres que se submeteram ao BGYR no período de outubro de 1995 a janeiro de 1999, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Para avaliação da ingestão de cálcio, utilizamos o recordatório de 3 dias (R3D) e o questionário de freqüência alimentar (QFA). Também foram realizados exames laboratoriais referentes ao metabolismo ósseo e mineral e densitometria óssea do seguimento L1-L4, colo femoral (CF) e fêmur proximal (FP). RESULTADOS: Em média, o consumo de cálcio foi de 525,5 ± 250,7 mg/dia pelo R3D e de 542,2 ± 195,6 mg/dia pelo QFA. Houve uma relação estatisticamente significativa entre a ingestão de cálcio por esses dois métodos (p<0,001). Não houve alteração nas determinações de cálcio total e ionizado, magnésio, fósforo e CTX. Os níveis de PTH, Fosfatase alcalina fração óssea (BSAP) e osteocalcina estavam elevados em 53%, 57% e 20% das mulheres, respectivamente; 90% apresentavam deficiência de 25 (OH) vitamina D (40% leve e 50% moderada), e em 70% a calciúria estava abaixo dos valores normais. Observou-se uma correlação positiva entre 25 (OH) vitamina D e a calciúria (p<0,04) e negativa entre 25 (OH) vitamina D e PTH (p<0,017). Com relação à densidade mineral óssea, 13% das mulheres foram diagnosticadas com osteoporose com relação ao CF e FP; 67%, 40% e 27% apresentavam osteopenia em L1-L4, CF e FP, respectivamente. CONCLUSÃO: Na maioria das mulheres estudadas verificou-se um consumo de cálcio cerca de 50% abaixo da recomendação diária para esta faixa etária. Observou-se também, uma deficiência de 25 (OH) vitamina D e elevação de PTH e BSAP. Além disso, houve uma ocorrência de osteopenia superior à esperada indicando que alterações no metabolismo ósseo são provavelmente uma complicação do BGYR. Mais estudos são necessários para definir uma rotina de suplementação de cálcio e vitamina D, e também para a prevenção das alterações ósseas. === INTRODUTION: Obesity is a chronic disease that rises rapidly around the world. Nowadays bariatric surgical procedures, especially Roux-en-Y Gastric Bypass (RYGB) has been shown the most efficient way to lose weight and maintain the weight loss for a long time. However, with the neo-stomach and the modification of intestinal anatomy by the surgery there are significant changes on physiological properties of these organs that lead to a nutrient deficiency, including calcium. Thus, bone metabolism changes may occur leading to a metabolic bone disease. OBJECTIVES: To evaluate calcium intake, bone and mineral metabolism changes and the prevalence of metabolic bone disease in women who were submitted to RYGB after eight years. METHOD: we studied 30 women who were submitted to RYGB during the period between October of 1995 and January of 1999 at Clinical Hospital of Medicine School of São Paulo University. To access calcium intake we used a 3 day dietary recall (3DR) and food frequency questionnaire (FFQ). Laboratory tests of bone metabolism and bone mass density of L1-L4, femoral neck (FN) and proximal femur (PF) were also accessed. RESULTS: calcium intake was 525,5 ± 250,7 mg/day according 3RD and 542,2 ± 195,6 mg/day according FFQ. There was a significantly relation between both methods (p<0,001). Total and ionic calcium, magnesium, phosphorus and CTX were not altered. PTH, bone specific alkaline phosphatase (BSAP) and osteocalcin levels were elevated respectively in 53%, 57% and 20% of women. 90% presented 25 (OH) vitamin D deficiency (40% mild and 50% moderate) and 70% had low urinary calcium. Was observed a positive correlation between 25 (OH) vitamin D and urinary calcium (p<0,04); and a negative correlation between 25 (OH) vitamin D and PTH (p<0,017). 13% of women had osteoporosis in FN and PF; 67%, 40% and 27% had metabolic bone disease in L1-L4, FN and PF respectively. CONCLUSION: Most studied women had a low calcium intake, about 50% of daily recommendation. We also noticed a 25 (OH) vitamin D deficiency and elevated levels of PTH and BSAP. Besides, there was a high prevalence of metabolic bone disease than expected, suggesting that this could be a complication of this surgery. Further studies are needed to define a supplementation routine of calcium and vitamin D to prevent bone metabolic diseases in these patients.
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