Qualidade de vida relacionada à saúde e sintomas depressivos em pacientes transplantados renais

Introdução: Doença Renal Crônica (DRC) consiste, principalmente, na redução da capacidade dos rins em filtrar substâncias tóxicas, acarretando alterações metabólicas e hormonais. Em fases terminais, a terapia renal substitutiva (TRS) torna-se necessária, e o transplante renal tem sido relatado como...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: La Gamba, Janaina Guerra Gonçalves
Other Authors: Kusumota, Luciana
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2011
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-19012012-110420/
Description
Summary:Introdução: Doença Renal Crônica (DRC) consiste, principalmente, na redução da capacidade dos rins em filtrar substâncias tóxicas, acarretando alterações metabólicas e hormonais. Em fases terminais, a terapia renal substitutiva (TRS) torna-se necessária, e o transplante renal tem sido relatado como a melhor opção terapêutica e de reabilitação para pacientes com DRC. Entretanto a DRC e o transplante renal podem afetar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) desses pacientes, podendo ser influenciada por aspectos da saúde física e mental, tais como os sintomas depressivos (SDs). Objetivos: Caracterizar os pacientes com DRC, após transplante renal, em um município do estado de São Paulo quanto aos aspectos sociodemográficos, econômicos e clínicos; descrever a QVRS e os SDs; correlacionar a QVRS e os fatores sociodemográficos, econômicos e clínicos; comparar a QVRS, segundo as dimensões do SF-36, entre os pacientes sem e com SDs e correlacionar a QVRS com os SDs. Material e Método: Trata-se de um estudo transversal, de natureza quantitativa, que incluiu pacientes que realizaram transplante renal entre 6 e 24 meses retroativos da data de início da coleta de dados, maiores de 18 anos e faziam acompanhamento no ambulatório de Transplante Renal do HCFMRP-USP, na cidade de Ribeirão Preto-SP. Foram excluídos os pacientes que apresentavam instabilidade clínica, o que totalizou a inclusão de 60 pacientes no estudo. Os instrumentos utilizados foram: instrumento para caracterização dos participantes, o qual foi adequado ao estudo e submetido à avaliação de conteúdo, Medical OutcomesStudy (MOS SF-36) para avaliação da QVRS e o Inventário de Depressão de Beck (IDB) para avaliar os SDs. Os dados foram obtidos por meio de entrevista individual com o paciente e de consulta ao prontuário. A coleta de dados ocorreu de abril a agosto de 2011. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. A análise dos dados constou da análise estatística descritiva; coeficiente de correlação de Pearson (r) para verificar a correlação entre os domínios do SF-36 com o escore total do IBD; análise de variância (ANOVA) para comparar os domínios do SF-36, nos grupos com ausência e com presença de SD; Teste Exato de Fisher para verificar a associação entre as variáveis qualitativas relacionadas ao escore de IDB e às diversas variáveis independentes, além disso, a quantificação da associação foi mensurada por meio de modelos de regressão logística na qual calculamos o OddsRatio Bruto com seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Todas as análises estatísticas foram realizadas com a utilização do software estatístico SAS® 9.0. Valores de p menores que 0,05 foram considerados significativos. Resultados: Dos 60 pacientes, 51 eram adultos e 9 idosos; 41 eram homens e 19 eram mulheres. Os domínios do SF-36 que obtiveram menores escores médios foram: aspectos físicos (59,58), capacidade funcional (64,67) e vitalidade (71,42), e os que obtiveram maiores escores médios foram: aspectos sociais (79,79), dor (78,12) e aspectos emocionais (75,56). Quanto aos escores do IDB, 43 pacientes apresentaram ausência de SDs, 12 apresentaram disforia e 5 apresentaram SDs classificados entre leves e moderados. Não possuir trabalho aumentou a chance em 7,7 vezes de ter SDs que ter trabalho. Os pacientes com ausência de SDs apresentaram escores médios mais elevados nos domínios do SF-36, refletindo melhor QVRS, quando comparados aos pacientes com algum grau de SDs, com notória diferença na comparação (p<0,05). Encontramos correlações negativas entre os domínios do SF-36 e os escores do IDB, ou seja, à medida que aumentaram os escores de SDs, decresceram os escores médios nos domínios de QVRS. Tais correlações apresentaram p valor <0,05, exceto para o domínio estado geral de saúde. Conclusão: A presença de SDs se relacionou negativamente com a QVRS dos pacientes transplantados renais, evidenciando a necessidade de incluir a avaliação dos sintomas depressivos e respectivos atendimentos das alterações quando identificadas, na prática clínica que engloba a atuação do enfermeiro, para otimizar a QVRS desses pacientes. === Introduction: Chronic Kidney Disease (CKD) mainly involves the decrease in the kidney\'s ability to filter toxic substances, causing metabolic and hormonal alterations. In terminal stages, renal replacement therapy (RRT) becomes necessary, and kidney transplantation has been reported as the best treatment and rehabilitation option for CKD patients. CKD and the kidney transplantation can affect these patients\' healthrelated quality of life (HRQoL) though, which can be influenced by physical and mental health aspects, including depressive symptoms (DS). Aims: Characterize CKD patients after kidney transplantation in a city in São Paulo State regarding socio-demographic, economic and clinical aspects; describe HRQoL and DS; correlate HRQoL with the socio-demographic, economic and clinical factors; compare HRQoL, according to the SF-36 dimensions, between patients with and without DS and correlate HRQoL with the DS. Material and Method: This quantitative and crosssectional study included patients who underwent a kidney transplantation between 6 and 24 months before the start of data collection, over 18 years of age and monitored at the Kidney Transplantation outpatient clinic of HCFMRP-USP in RibeirãoPreto-SP, Brazil. Clinically unstable patients were excluded, totaling 60 patients included in the study. The following instruments were used: patient characterization instrument, which was adapted to the study and submitted to content assessment, Medical Outcomes Study (MOS SF-36) for HRQoL assessment and Beck\'s Depression Inventory (BDI) for the assessment of DS. Data were collected through an individual interview with the patient and consultation of patient files. Data collection took place between April and August 2011. Approval for the project was obtained from the Institutional Review Board at the University of São Paulo at RibeirãoPreto College of Nursing. Data analysis comprised descriptive statistical analysis; Pearson\'s correlation coefficient (r) to check the correlation between the SF-36 domains and the total BDI score; variance analysis (ANOVA) to compare the SF-36 domains in the groups with and without DS; Fisher\'s Exact Test to verify the association between the qualitative variables related to the BDI score and the different independent variables. In addition, the association was quantified through logistic regression models, in which the Gross Odds Ratio was calculated with its respective 95% confidence intervals. SAS® 9.0 statistical software was used for all statistical analyses. P-values inferior to 0.05 were considered significant. Results: 51 out of 60 patients were adults and 9 elderly; 41 were men and 19 women. The SF-36 domains with the lowest mean scores were: physical aspects (59.58), functional capacity (64.67) and vitality (71.42); while the domains with the highest mean scores were: social aspects (79.79), pain (78.12) and emotional aspects (75.56). As for the BDI scores, 43 patients presented absence of DS, 12 dysphoria and 5 DS classified between mild and moderate. Not having a job increased the chance of DS by 7.7 times. Patients without DS obtained higher mean scores on the SF-36 domains, reflecting a better HRQoL in comparison with patients with some degree of DS, with a statistically significant difference (p<0.05). We found negative correlations between the SF-36 domains and the BDI scores, that is, to the extent that DS scores increased, the mean scores on the HRQoL domains dropped. The p-value for these correlations was <0.05, except for the general health status domain. Conclusion: The presence of DS was negatively related with the HRQoL of kidney transplant patients, evidencing the need to include the assessment of depressive symptoms and attend to the alterations when identified in clinical practice, which includes nursing actions, in order to improve these patients\' HRQoL.