Summary: | O puerpério é considerado uma fase de modificações biossocioculturais que, muitas vezes, não são compreendidas pela mulher, o que exige maior atenção dos profissionais, dos familiares e das redes de contato envolvidos em seu cuidado. A literatura e a prática profissional mostram que as crenças sobre o cuidado da puérpera têm relevância em seu cotidiano e, muitas vezes, se sobrepõem às orientações recebidas na instituição de saúde. Diante desta situação, este estudo teve como objetivo: explorar as práticas de cuidado adotadas no pós-parto pela mulher usuária de uma Unidade Básica de Saúde da cidade de Rio Claro, SP. Trata-se de estudo qualitativo, que teve como referencial teórico o Modelo de Competência Cultural de Purnell e cujos dados foram tratados pelo Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa e atendeu à Resolução 196/96. Os dados foram coletados em 2011, por meio de entrevistas realizadas com 20 puérperas entre o 30º e 45º dias de pós-parto. Identificou-se a condição sociodemográfica e familiar das entrevistadas, além de sua vivência no puerpério. Os dados mostraram que as puérperas eram jovens, apresentavam baixo índice de tabagismo, etilismo e drogadição, com renda média em torno de 3 salários mínimos. Os relatos obtidos originaram 21 DSC, cujos conteúdos mostraram a influência de crenças sobre as práticas de cuidado no puerpério; crenças que foram transmitidas intergerações pelos cuidadores de sua rede familiar e cultural. Os profissionais de saúde se fizeram presentes por meio de orientações de práticas, com enfoque no biológico, oferecidas de maneira verticalizada e, por vezes, fragmentada e divergente, o que demonstrou sua dificuldade em acompanhar as influências culturais envolvidas no processo. Por conta disso, as práticas de cuidado no puerpério sofreram maior influência das crenças e dos padrões da cultura da mulher, como também das informações obtidas na internet, que preencheram lacunas e apontaram caminhos para a mulher seguir com maior segurança nesta fase do ciclo gravídico-puerperal. Diante dos achados, propõem-se o estabelecimento de estratégias para incorporação da bagagem cultural da mulher à assistência prestada pelo profissional de saúde, de modo a prover o cuidado culturalmente competente; a programação de grupos voltados à educação em saúde, focados na vivência do puerpério, para a mulher e sua rede de contato; a implementação da Estratégia Saúde da Família; e a inclusão do egresso de curso de Obstetrícia nos programas de saúde dos municípios, para agregar este novo profissional no cuidado da mulher e de seu recém-nascido. === Puerperium is considered a phase with biological, social and cultural changes often not correctly understood by women, the main reason why requires special attention from professionals, and caregivers networks involved on the care. Literature and professional practice shows that beliefs about postpartum care has a strong relevance in a womans routine and often overlaps guidance received at the health institutions. From this perspective, this study had as objective to explore practices adopted in postpartum by women served in the Basic Health Unit in a city of Rio Claro state of São Paulo (Brazil). This is a qualitative study and followed Purnell Cultural Competence Model as a theoretical approach and whose data was treated by the Collective Subject Speech (CSS). The data was approved by Ethics in Research Committee and complied with Resolution 196/96. The data was collected in 2011 through interviews with 20 women in the puerperium between 30 and 45 days of postpartum. We identified social and demographic conditions from each interviewed as well as from her family, besides their experiences at the puerperal period. The data showed that women in the puerperium were young, had low smoking rates, alcoholism or drugs addictions, and on average had an income that was equivalent to 3 minimum salaries. The reports had originated 21 CSS, and the contents showed the stronger beliefs influence on postpartum care practices; beliefs that were passed by intergenerational family and cultural caregivers. Health professionals demonstrated their presence through guidelines with practices with a biological focus and offered in a vertical manner, and sometimes divergent and fragmented, which demonstrated difficulty in following the cultural influences involved in the process. For this reason, puerperal care practices had suffered greatly due to the influence of beliefs and cultural woman patterns, as well as information obtained from the Internet. The Internet filled gaps and provided greater security methods to follow at pregnancy stage, childbirth as well as at puerperium. Upon reviewing the results, it is suggested that the following take place to incorporate the cultures of women to the experiences of the health care professionals to provide a culturally competent care; programming groups on health education focused on the puerperium experience for women and her caregivers; the implementation of Family Health Program, and the inclusion of Midwifery in the health programs to allow this new professional to take care the woman and her newborn.
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