Summary: | Nesta tese, com a metodologia da Arqueologia Industrial, foi analisado o sistema de abastecimento de água na cidade de São Paulo, nos primórdios do século XX, com o excepcional adensamento populacional do pequeno núcleo de estudantes, cujo destino de grande metrópole começava a delinear-se. Com o abandono da solução mais viável, ou seja, o aproveitamento do rio Tietê, que cortava o planalto paulistano, mas que carregava consigo toda sorte de impurezas, a alternativa das autoridades encarregadas do saneamento, foi a introdução de barragens na Serra da Cantareira, com diferentes técnicas construtivas, formando lagos artificiais, cuja forma de armazenamento, águas estagnadas, era motivo de controvérsias entre, engenheiros, médicos e sanitaristas do mundo inteiro. Porém, foi essa a opção escolhida, na tentativa de dessedentar a população paulistana, que enfrentava em 1903, a pior estiagem de toda sua história. Ao contrário dos outros dois reservatórios, Engordador e Guaraú, o do Cabuçu, já possuía ao nascer, os traços da notoriedade que ainda hoje o tornam admirável: a barragem foi projetada com o perfil prático do engenheiro norte-americano Edward Wegmann, revolucionário para a época, e que solucionou o problema do rompimento dos diques de contenção até então comuns, e por ter sido adotado pela primeira vez, no Brasil, o uso do concreto armado nas estruturas, e na construção de sua centenária adutora. Para o tratamento de suas águas, foi empregado de forma pioneira, o hipoclorito de sódio, que viria a eliminar, um grande número de doenças, que tinham na água um nexo causal, e finalmente, ao tornar o abastecimento menos elitizado, quando chegou aos bairros proletários, segregados espacialmente, e que até então, recebiam água em quantidade e qualidade não compatíveis com suas necessidades, transformando suas pobres habitações em moradias sem saúde. === For this thesis we used Industrial Archeology methodology to analyze the water supply system for the city of São Paulo in the early 20th century, a period during which population density was growing rapidly and what had been a small nucleus of students was clearly destined to become a major metropolis. The most obvious solution, using water from the Tietê River that crossed the city, was abandoned as it carried with it all sorts of impurities. The health authorities decided to build damns in the Cantareira Mountains using a variety of building techniques. These damns created large reservoirs and, at the time, the fact that these stored stagnant water was a controversial issue among engineers, physicians and health professionals all over the world. However, this was the option selected to provide the population of the city with water, remembering that in 1903 it was experiencing the worst drought in all its history. Contrary to other reservoirs - Engordador and Guaraú, from the start the Cabuçu Reservoir was known for its structure that, to this day, is admired. This Cabuçu Damn was designed by a practical US engineer by the name of Edward Wegmann. Wegmann's techniques were revolutionary for their time. In order to solve the problem of contention damns that often ruptured, he used reinforced concrete for the first time ever in Brazil. To treat the city's drinking water the authorities decided to use sodium hypochlorite for the first time. This would help eradicate a number of water borne diseases and bring treated waters to the masses. Before this treated water had been a privilege of the elite and the working classes were served with water in a volume and of a quality not compatible with their needs, resulting in households that were not only poor but also unhealthy.
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