Opinião pública e integração econômica regional: a percepção política do público mexicano após 16 anos de NAFTA

Através de dois artigos -- um de revisão bibliográfica e um empírico --, este trabalho analisa a opinião pública mexicana sobre os efeitos do NAFTA -- Tratado Norte-Americano de Livre Comércio -- em 2010, após 16 anos de sua entrada em vigor. Explora-se o caso mexicano com o objetivo de se alcançar...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Marinheiro, Mateus Rodrigues
Other Authors: Onuki, Janina
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2012
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-17072013-144802/
Description
Summary:Através de dois artigos -- um de revisão bibliográfica e um empírico --, este trabalho analisa a opinião pública mexicana sobre os efeitos do NAFTA -- Tratado Norte-Americano de Livre Comércio -- em 2010, após 16 anos de sua entrada em vigor. Explora-se o caso mexicano com o objetivo de se alcançar uma compreensão mais atualizada sobre como as populações latino-americanas respondem aos efeitos de uma das facetas da reestruturação neoliberal -- os acordos regionais de comércio --, superado o traumático impacto inicial sobre a estrutura de produção e de consumo dos países. Tendo em vista que o tema da opinião pública ainda é alvo de críticas e centro de um caloroso debate dentro das comunidades acadêmicas e das esferas de poder político, e que sua utilização, tanto para fins de pesquisa acadêmica quanto para justificação de políticas públicas, ainda é questionada, o primeiro artigo se apoia em prática e evidências científicas para demonstrar que a opinião pública é um fenômeno estável, mensurável e, em última instância, previsível. Estabelece-se neste primeiro artigo uma revisão bibliográfica e uma agenda para a análise da relação entre opinião pública e política externa. Justificada a utilização da opinião pública como evidência científica concreta e confiável, parte-se no segundo artigo, através de uma sondagem de opinião pública realizada em 2010, à análise dos níveis de avaliação dos efeitos do NAFTA e as diferenças nestes níveis entre os distintos estratos sociais mexicanos em um estudo transversal. Busca-se através desta abordagem uma maior elucidação e esclarecimento sobre os efeitos econômicos e, principalmente, sociais do NAFTA na população mexicana, visto que desde sua entrada em vigor há bastante divergência sobre os mesmos. Primeiramente, abordam-se os pressupostos teóricos para a compreensão do significado histórico, econômico e social do NAFTA, para então se analisar os dados e se realizar o estudo transversal de associação entre a avaliação do público dos efeitos do acordo e algumas variáveis demográficas -- sexo, idade, escolaridade e região -- e partidárias -- lealdade partidária. Com base nesta análise, concluir-se-á que o trauma econômico inicial com a aceleração de tendências provocada pelo NAFTA foi, em grande parte, superado: 62,8% dos mexicanos acreditam que o acordo regional de comércio foi muito ou algo benéfico ao país; entretanto, a partir da realização do estudo transversal, depreende-se que essa aprovação não é compartilhada -- pelo menos não em tamanha intensidade -- por todos os estratos da sociedade mexicana: a associação mais forte encontrada é com a região geográfica do país. As percepções sobre os efeitos do acordo foram bastante diferenciadas entre a região norte industrializada, onde ele promoveu desenvolvimento e distribuição de renda, e a região sul agrária, onde ele intensificou a pobreza e a desigualdade social. === Through two papers -- a literature review and an empirical analysis -- this research examines the Mexican public opinion on the effects of the NAFTA -- North American Free Trade Agreement -- in 2010, 16 years after its entry into force. The Mexican case is explored in order to achieve a more updated understanding on how the Latin American populations respond to one of the neoliberal restructuring facets -- the regional trade agreements --, overcomed the initial traumatic impact on the production and consume structure of these countries. Bearing in mind that the theme of public opinion is still target of criticism and center of a heated debate within the academic communities and spheres of political power, and that its use, both for academic research purposes and for reasons of public policy, is still questioned, the first paper is based on experience and scientific evidence to demonstrate that public opinion is a stable, measurable and ultimately predictable phenomenon. It is established in this first paper a literature review and an agenda for the analysis of the relationship between public opinion and foreign policy. Justified the use of public opinion as a concrete and reliable scientific evidence, the second paper analyzes, using a public opinion survey held in 2010, the levels of assessment on the effects of the NAFTA and the differences in these levels among the different strata in Mexican society through a cross-sectional study. The aim of this approach is to achieve a further elucidation and clarification on the economic and, especially, social effects of the NAFTA on the Mexican population, since there is much disagreement about such effects. At first, the theoretical assumptions are addressed in order to explain the historical, economical and social significance of the NAFTA, then the data is analyzed and it is carried out the cross-sectional study of association between the public\'s assessment of the effects of the agreement and some demographic variables -- sex, age, education and region -- and partisan variables -- party loyalty. Based on this analysis, it will be concluded that the initial economic trauma due to the acceleration of trends caused by the NAFTA was largely surpassed: 62.8% of Mexicans believe that the regional trade agreement was somewhat or very beneficial to their country; however, through the cross-sectional study, it emerges that such approval is not shared -- at least not so intensively -- by all strata of the Mexican society: the strongest association is found within the geographic region variable. Perceptions on the effects of the agreement were quite different between the industrialized north, where it promoted development and income distribution, and the agrarian south, where it intensified poverty and social inequality.