Summary: | Introdução:Os transtornos mentais (TM) são a terceira princip al causa de incapacidade laborativa de longa duração no Brasil. Existem dive rsos fatores que influenciam o tempo para o retorno ao trabalho (RT) e a efetividade da reint egração laboral após um episódio de afastamento por TM. É considerado um retorno ao tra balho eficaz (RTE) quando o trabalhador se mantém no exercício das suas ativida des profissionais por prazo superior a trinta dias após a volta ao trabalho. No Brasil não há estudos que descrevam fatores associados ao RT de trabalhadores afastados por TM incapacitante. Objetivo: Analisar os fatores que influenciam o tempo para o retorno ao t rabalho após afastamento de longa duração por TM e a efetividade da reintegração do trabalhad or após o período de afastamento. Métodos:Um estudo longitudinal realizado na cidade de São Paulo entre 2014-2016 que incluiu trabalhadores do mercado formal que requeri am benefício por incapacidade. Foram conduzidas quatro fases: a) adaptação transcultural de um instrumento holandês que avalia a expectativa para o RT entre afastados por TM (N=411 ); b) coleta de informações sociodemográficas, comportamento de risco para a sa úde, características do trabalho, condições de saúde e histórico previdenciário (N=20 4); c) entrevista sobre o processo de RT na empresa (N=128); d) verificação da situação do t rabalhador no mercado de trabalho após 365 dias do afastamento. Foram realizadas análise d e sobrevida para verificar os fatores que influenciavam o tempo para o RT e regressão logísti ca para analisar os fatores que contribuíam para o RTE. Resultados: O grupo da fase longitudinal era composto na sua maioria por mulheres (71 por cento ), pessoas com idade infer ior a 40 anos (68 por cento ), alta escolaridade (78 por cento ), trabalhadores em atividade de atendimento (4 4,1 por cento ) e diagnóstico de quadro depressivo (52 por cento ). O tempo médio para o RT foi de qu ase seis meses entre os 63 por cento que tentaram voltar ao trabalho no período do estudo. O s fatores que influenciaram um retorno mais precoce foram: faixa etária entre 30-39 anos, escolaridade de mais de 12 anos de estudo, baixo consumo de álcool e ausência de sintomas ansi osos. A taxa de efetividade entre os que tentaram o retorno foi de 74 por cento . Os fatores que influ enciaram o retorno ao trabalho eficaz foram: maior tempo de trabalho na função, menor exp ectativa sobre o retorno ao trabalho durante o afastamento e a realização de exame médic o de retorno ao trabalho. A avaliação psicométrica da versão para o português brasileiro do questionário de autoeficácia sobre o trabalho após afastamento por TM demonstrou substan cial (0,64) a quase perfeita (0,86) estabilidade temporal ajustada por prevalência, boa confiabilidade interna (0,76) e estrutura bidimensional. Conclusão: Fatores relacionados a características sociodemogr áficas, ao comportamento de risco para a saúde e à condição cl ínica no afastamento influenciaram o tempo para o RT. Fatores relacionados a aspectos ps icológicos, características da história ocupacional e o processo de acolhimento do trabalha dor na empresa influenciam a efetividade do retorno. A versão para o português brasileiro do questionário de expectativa sobre o trabalho demonstrou ser adequada para o uso em popu lações similares à da pesquisa. Desejamos que o estudo possa contribuir para a disc ussão e formatação de ações públicas e privadas voltadas tanto para a prevenção terciária, quanto para intervenções em nível primário e secundário da atenção integral à saúde mental dos trabalhadores === Introduction: Mental disorders (MD) are the third leading cause of long-term disability in Brazil. There are several factors that influence th e time to return to work (RTW) and the effectiveness of labor reintegration after an episo de of sick leave due to MD. When workers remain working more than 30 days after back to work is known as sustained return-to-work (S-RTW). In Brazil, there are no studies describing factors associated with the RTW of workers in sick leave due to MD. Objectives: To analyze factors associated to time to RTW after an episode of long-term sickness absence due to MD and the effectiveness of those RTW. Methods: A longitudinal study conducted in the city of São Paulo, Brazil, from 2014- 2016 included formal workers requiring disability b enefit. We had four phases: a) the cross- cultural adaptation of a Dutch instrument that asse sses the RTW-SE among absentees due to MD (N = 411); b) collecting demographic information , health risk behaviors, work characteristics, health conditions and social secur ity history (N = 204); c) interview on the employer s RTW process (N = 128); check worker\'s si tuation in the labor market after 365 days of absence. Survival analysis was performed to identify factors influencing the time for the RTW and multiple logistic regression to analyze the factors that contributed to the S- RTW. Results: The group of longitudinal study was composed mostl y by women (71 per cent ), people aged under 40 (68 per cent ), 12 or more years of edu cation (78 per cent ), customer service jobs (44,1 per cent ) and diagnosed as depressed (52 per cent ). The avera ge time for the RTW was almost six months among the 63 per cent who tried the resumption of wo rk activities. Factors that influence an earlier return were: aged between 30-39 years, 12 o r more years of education, low alcohol intake and lack of anxiety symptoms. The effectiven ess rate among those who tried to return was 74 per cent . Factors influencing the sustained RTW were job working time, return-to-work self- efficacy (RTW-SE) in baseline, and to be evaluated by a physician before RTW. The psychometric evaluation for Brazilian Portuguese ve rsion of RTW-SE questionnaire showed substantial (0.64) to almost perfect (0.86) tempora l stability adjusted by prevalence, good reliability (0.76) and a two dimensions structure. Conclusion: Factors related to sociodemographic characteristics, risk health behav iors and medical condition influenced the time for RTW. Factors related to psychological and occupational aspects, and also the RTW process influence the effectiveness of the return. The Brazilian Portuguese version for RTW- SE showed to be suitable for use in similar populat ions of our research. We hope to contribute to the discussion and to stimulate public and priva te intervention policies on tertiary prevention, focused in early RTW, and also in prima ry and secondary level of integral attention to the workers mental health
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