Summary: | O presente estudo teve por objetivo investigar se o reconhecimento de faces ocorre prioritariamente por processamento analítico ou holístico nos hemisférios cerebrais em homens e mulheres por meio do estudo do espectro de frequência espacial. Para isso, no Experimento I, 40 voluntários (20 mulheres) realizaram duas sessões. Em cada uma delas foram memorizadas 14 faces para uma tarefa de reconhecimento. Nesta, cada face foi apresentada por 300 ms, e em uma das sessões as imagens foram apresentadas somente no hemicampo visual direito, e noutra só no hemicampo visual esquerdo por meio de uma adaptação do método do campo visual dividido. A tarefa dos participantes foi assinalar o grau de confiabilidade de sua resposta (confidence rating method) ao discriminar as faces memorizadas de outras inéditas. Os estímulos da tarefa de reconhecimento foram apresentados em três condições: (1) em frequências espaciais altas, FEAs, (2) em frequências espaciais baixas, FEBs, e (3) sem filtragem, SFE. As frequências de respostas aos graus de confiabilidade permitiram calcular as curvas ROC e os parâmetros Az e da da Teoria de Deteção de Sinal. Por meio destes, foi comparado o desempenho do reconhecimento facial nas diferentes faixas do espectro espacial. De maneira complementar, foi realizado uma ANOVA para testar a diferença dos tempos de resposta no reconhecimento entre as filtragens. Não foi evidenciada especialização hemisférica no reconhecimento de faces com filtragem espacial. Mas homens, de modo tênue, perceberam melhor faces em FEBs e mulheres em FEAs. Para verificar se este resultado não se deu em função da apresentação lateralizada, foi realizado o Experimento II, nos moldes de uma sessão experimental do Experimento I, mas com apresentação central. Vinte voluntários (10 mulheres) participaram do experimento. Novamente, homens e mulheres foram mais sensíveis às faces em FEBs e FEAs, respectivamente. Deste modo, conclui-se que homens utilizam mais recursos holísticos e mulheres, por sua vez, operações analíticas. Os resultados dão bases para a não ocorrência de especialização hemisférica de frequencias espaciais no reconhecimento de faces em longos tempos de exposições. A diferença de sexo observada e nos atenta para a necessidade de controle amostral por sexo em pesquisas da área. === This study aimed to investigate whether face recognition occurs primarily by analytic or holistic processing in the cerebral hemispheres of men and women through the study of the spatial frequency spectrum. Therefore, in Experiment I, 40 volunteers (20 women) performed two sessions. In each of, 14 faces were memorized for a recognition task and each face was presented for 300 ms. Images were presented only in the right visual hemifield in a session, and in another only in the left visual hemifield by means of an adaptation of the method of divided visual field. The participants task was to assign the reliability of their response (confidence rating method) to discriminate the study faces from distractors. The recognition task stimuli were presented in three conditions: (1) at high spatial frequencies, FEAs, (2) at low spatial frequencies, FEBs, and (3) unfiltered, SFE. The frequencies of responses to the degree of reliability used to calculate ROC curves and parameters Az and da of the Signal Detection Theory compared the performance of face recognition in different bands of the spectrum. In a complementary way, an ANOVA was conducted to test response times differences in the recognition between filtering. There was no evidence of hemispheric specialization in face recognition with spatial filtering. But men had better performance in recognizing faces in FEBs and women faces in FEAs. To verify that this result was not in function of lateralized presentation, Experiment II was conducted, along the lines of an experimental session of Experiment I, but with central presentation. Twenty volunteers (10 women) participated in the experiment. Again, men and women were more sensitive to faces in FEBs and FEAs, respectively. Thus it follows that men use holistic resources and women analytical operations. The results provide no basis for the occurrence of hemispheric specialization of spatial frequencies in face recognition over long exposure times. The sex difference observed brings us to the need for control sample by sex in spatial frequency research.
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