Summary: | Introdução: Uma das mudanças mais importantes na produção do cuidado à saúde é a reorganização do processo de trabalho para a atuação de equipes multiprofissionais com abordagens interdisciplinares. A colaboração interprofissional tem sido apontada como um recurso que pode ser mobilizado para elevar a efetividade dos sistemas de saúde, e como estratégia inovadora, ela pode desempenhar um importante papel para enfrentar problemas do modelo de atenção e da força de trabalho em saúde. Objetivo: Descrever as percepções e atitudes de profissionais de saúde da Estratégia de Saúde da Família sobre as relações interprofissionais na atenção ao pré-natal, construir coletivamente e testar um protocolo de atenção à gestante para impulsionar as competências no trabalho colaborativo com vistas ao incremento da qualidade do cuidado. Métodos: Para isso, realizou-se previamente um estudo observacional descritivo para seleção de duas unidades de saúde. Na sequência foi realizado um estudo de intervenção do tipo antes e depois, com um grupo de controle pós-teste, incluindo métodos mistos. A população do estudo compreendeu oito profissionais de saúde (médicos, dentistas, enfermeiros e técnicos em saúde bucal) e 60 gestantes cadastradas em duas unidades de saúde da família do município de Uberlândia, sendo 36 incluídas no grupo intervenção e 24 no grupo controle. Dados numéricos, narrativas provenientes de entrevistas e registros de diário de campo foram usados para identificar mudanças na autoavaliação da saúde bucal, na qualidade de vida relacionada à saúde bucal medida pelo OHIP-14, na percepção das gestantes sobre o trabalho em equipe e nas práticas profissionais. Testes estatísticos para detectar diferenças de significância e análise temática de conteúdo foram empregados para interpretar os desfechos. Resultados: Em geral, observou-se percepção/atitude favorável dos profissionais em relação à colaboração interprofissional. Diferenças entre as categorias profissionais podem representar uma barreira subjetiva à implementação de protocolos que demandariam maior grau de trabalho colaborativo. Diferenças entre as unidades de atenção primária mostraram que a interação entre membros das equipes multiprofissionais pode sobrepujar dificuldades decorrentes do modo isolado e distinto no qual cada categoria profissional é formada. Foi produzido um Protocolo de Atenção à Gestante abrangendo o fluxo e a dinâmica dos processos de trabalho dentro de uma perspectiva de colaboração interprofissional. Segundo os profissionais, a intervenção apesar do seu caráter desafiador, estimulou o comprometimento da equipe para reorientar o processo de trabalho resultando em maior interação profissional colaborativa. Em relação às gestantes, a maioria era jovem (menos de 26 anos de idade) e tinha ensino médio incompleto ou completo sem diferenças significativas entre os grupos teste e controle. Gestantes do grupo intervenção perceberam que os profissionais trabalhavam mais em equipe do que as gestantes do grupo controle. De modo geral, as gestantes avaliaram que a saúde bucal e a qualidade de vida decorrente da saúde bucal melhoraram após a intervenção. Conclusões: Concluiu-se que apesar da percepção geral dos profissionais favorável à colaboração interprofissional, recursos formais e organizacionais não estavam sendo empregados. O método ZOPP se mostrou flexível e adequado para o desenvolvimento de competências para o trabalho colaborativo e para a construção de um protocolo de organização de serviços na atenção primária à saúde. O Protocolo de Atenção à Gestante testado provocou tensões e produziu efeitos positivos na colaboração interprofissional e na qualidade de vida relacionada à saúde bucal contribuindo para qualificar a atenção ao pré-natal oferecido. === Introduction: One of the most important changes in health care production is the reorganization of the work process including multi-professional teams and interdisciplinary approaches. The interprofessional collaboration has been identified as a resource that can be mobilized to increase the effectiveness of health systems, and as an innovative strategy, it can play an important role in facing problems of the health care model and health workforce. Objectives: To describe the perceptions and attitudes on interprofessional relations in dental care within antenatal care, to build collectively and test a pregnant care protocol to boost skills in collaborative work for improving the quality of care. Methods: For this, an observational study for selection of two health units was carried out. After that, a before-after study, with a post-test control group, including mixed methods was undertaken. The study population comprised eight health professionals (doctors, dentists, nurses and technicians in oral health) and 60 pregnant women enrolled in two health units of the family of Uberlândia city, 36 categorized in the intervention group and 24 in the control group. Numerical data, narratives from interviews and field diary records were used to identify changes in self-rated oral health, quality of life related to oral health measured by OHIP-14, in the perception of pregnant women about the teamwork and the professional practices. Statistical tests to detect differences of significance and thematic content analysis were used to interpret the outcomes. Results: In general, the perception/attitude of health professionals was favorable on interprofessional collaboration. Differences among the determined professions can represent a subjective barrier before implementation of collaborating protocols. Differences among primary healthcare showed that interaction among workers of multi-professional team can surpass difficulties derived of isolated and distinct way in which every worker is graduated. A Pregnant Care Protocol was produced and tested covering the flow and dynamics of work processes within an interprofessional collaborative perspective. According to the professionals, the intervention despite its challenging character, encouraged the teams commitment to refocus the work process resulting in more collaborative professional interaction. Most of pregnant women were young (under 26 years old) and had incomplete or complete high school with no significant differences between the test and control groups. Pregnant women realized that professionals worked more as a team in the intervention group than in the control group. Self-rated oral health and oral health-related quality of life in pregnant women improved after intervention. Conclusions: In conclusion, despite the general perception in favor of, formal and organizational resources associated with interprofessional collaboration are not being employed. The ZOPP method proved flexible and suitable for the development of skills for collaborative work and the construction of a protocol services organization in primary health care. It was concluded that the Pregnant Care Protocol tested caused tensions and produced positive effects on interprofessional collaboration and on oral health-related quality of life contributing to improve antenatal care offered.
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