Summary: | Introdução: Câncer de mama é o mais comum em mulheres. Embora sua incidência ainda esteja em ascensão, as taxas de recorrência e mortalidade têm diminuído, em especial nos países desenvolvidos. Assim o câncer pode ser considerado um choque transitório que não impede que os sobreviventes retomem a normalidade em suas vidas, incluindo atividades laborais. Na América do Norte e Europa, as taxas de RT entre as pacientes com câncer de mama variam de 24-66% após 6 meses e 53-82% após 36 meses de diagnóstico. Os fatores mais associados ao RT são: idade, quimioterapia, sequelas da terapia do câncer e apoio do empregador e colegas de trabalho. Esses achados, no entanto, variam sugerindo que outros fatores e até aspectos de diferentes legislações podem interferir no RT. Na América Latina há escassez de dados sobre RT após o diagnóstico de câncer de mama. Objetivos: Avaliar as taxas de retorno ao trabalho nos meses 12 e 24 após o diagnóstico de câncer de mama e verificar a correlação de fatores à retomada ao trabalho aos 24 meses. Métodos: Estudo prospectivo observacional avaliando taxas de RT em mulheres com câncer de mama tratadas no Instituto do Câncer do estado de São Paulo, com idade > 18 e < 57 anos e que trabalhavam de forma remunerada por pelo menos 03 meses ao diagnóstico. Pacientes com doença inoperável ou metastática foram excluídas. Nos meses 06, 12 e 24 do seguimento responderam à questionários do estudo e de qualidade de vida (FACT-B), por telefone. Resultados: Entre julho/2012 e setembro/2014, 125 pacientes assinaram o TCLE. Quatro foram excluídas da análise (02 óbitos e 02 sem contato por telefone). A idade média foi de 45.1 anos (± 8,1). A maioria (94%) gostava do trabalho, 73% receberam apoio do empregador, mas apenas 29% relataram ter recebido oferta de ajuste no trabalho. Metade apresentava doença no estádio II e 93% fizeram quimioterapia como parte de seu tratamento. As taxas de RT foram 21,5%, 30,3% e 60,4% aos 06, 12 e 24 meses, após o diagnóstico de câncer de mama. Na análise multivariada os fatores que afetaram de forma positiva as taxas de RT foram: renda familiar mensal >= 02 salários mínimos (OR 17,76, IC95% 3,33-94,75, p 0,001), cirurgia conservadora da mama (OR 9,77, IC 95% 2,03-47,05, p 0,004) e oferta de ajuste no trabalho pelo empregador (OR 37,62, IC95% 2,03-47,05, p 0,004). Fatores que se associaram de forma negativa ao RT foram: terapia endócrina (OR 0,11, IC95%0,02-0,74, p 0,023) e diagnóstico de depressão após o câncer (OR 0,07, IC95% 0,01-0,63, p 0,017). Conclusões: As taxas de RT aos 12 e 24 meses após diagnóstico de câncer de mama são inferiores a maioria dos estudos conduzidos na América do Norte e Europa. Oferta de ajuste no trabalho, maior renda familiar, cirurgia conservadora da mama, terapia endócrina adjuvante e diagnóstico de depressão após o câncer de mama desempenharam importante papel no RT === Background: Breast cancer is the most common cancer in women. While its incidence has been increasing, recurrence and mortality rates have been decreasing, mainly because of better treatment options. Because of that cancer can be regarded as a transient shock that does not prevent survivors resume normality in their lives including return to their workplace. In North America and Europe return to work (RTW) rates vary among breast cancer patients from 24- 66% after 06 months and 53-82% after 36 months of diagnosis. Factors most associated with the decision to return to work are: age, chemotherapy, sequelae related to cancer therapy and support from the employer and coworkers. However, these findings vary among the different populations evaluated, suggesting that other factors and even variations in countries laws may interfere with the decision to return to work. So far there is a lack of data on RTW after breast cancer diagnosis in Latin America. Endpoints: To evaluate return to work rates on months 12 and 24 after breast cancer diagnosis, and check the correlation of some factors with the decision to return to work at 24 months. Methods: A prospective, observational study evaluating RTW rates in patients with breast cancer diagnosis, > 18 and < 57 years old and a paid work for at least 03 months at the time of dianosis. Patients with inoperable or metastatic disease were excluded. On months 6, 12 and 24 they answered a telephone interview and the quality of life questionnaire (FACT-B). Results: Between july/2012 and september/2014, 125 patients were enrolled. Two of them died and two other could not be reached by telephone, and were excluded from the analysis. Mean age was 45,1 years (± 8,1). Most of them reported that they liked their job (94%) and received support from employer (73%), but only 29,1% reported having been offered work adjustment. Half of patients had stage II disease and 93% received chemotherapy as part of their treatment. Overall, 21,5%, 30,3% and 60,4% of patients returned to work 06, 12 and 24 months after breast cancer diagnosis, respectively. In the multivariate analysis, factors associated with positive RTW outcomes included higher income (OR: 17,76, CI95% 3,33-94,75; p = 0,001), breast conserving surgery (OR: 9,77, CI95% 2,03-47,05; p = 0,004) and work adjustment (OR: 37,62, CI95% 2,03-47,05; p= 0,004). Factors associated with negative RTW outcomes included adjuvant endocrine therapy (OR: 0,11, IC95% 0,02-0,74; p = 0,023) and depression diagnosis after breast cancer diagnosis (OR: 0,07, IC95% 0,01-0,63; p = 0,017). Conclusion: RTW rates after 12 and 24 months of breast cancer diagnosis are lower than reported in North America (with exception for low income americans) and Europe. Workplace adjustments, higher income, breast conserving surgery, endocrine therapy and depression after breast cancer played an important role in the RTW decision
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