Summary: | Esta pesquisa foi realizada para avaliar criticamente a recomendação clássica proposta por Huber (1978), que há necessidade de se promover novo período de adaptação à uréia dietética se os bovinos se abstiverem de receber este nutriente por mais de três dias. Vinte e cinco garrotes foram alimentados com dieta baixa em proteína bruta (10%) e sem uréia dietética e em seguida distribuídos aleatoriamente em cinco grupos iguais, ou seja: controle (O) dieta basal; grupos A, B, C e D alimentados durante 21 dias com a dieta basal e uréia (1% MS). Todos os grupos foram desafiados com uma infusão intravenosa de solução de cloreto de amônio (1,5 M) até o surgimento da convulsão, quando esta foi interrompida. O desafio no grupo A ocorreu no 22o dia do recebimento de uréia; nos grupos B, C e D os desafios foram respectivamente nos dias 4, 15 e 30 dias da abstinência da uréia dietética. O exame clínico e a coleta de amostras de sangue e urina total foram realizados durante a infusão e nas três horas seguintes. Os animais adaptados à uréia (A, B, C e D) necessitaram de maior quantidade de cloreto de amônio para manifestarem convulsão (p<0,001), e demoraram mais para exibirem este sintoma que o grupo controle. Em relação ao grupo controle, os garrotes adaptados, com exceção do grupo C, tiveram um quadro clínico mais brando, se recuperaram mais prontamente e não necessitaram de tratamento médico após o término do experimento. Isto ocorreu devido a maior queda na concentração de amônia sangüínea, causada por uma maior atividade do ciclo da uréia, maior volume urinário e eliminação de amônio neste. Demonstrou-se ainda que a maior produção e eliminação de uréia pelos rins provocou maior diurese, que por sua vez estimulou maior excreção de amônio pela urina, aumentando a eficiência de desintoxicação, especialmente no momento mais crítico do quadro (até uma hora pós-convulsão). Concluiu-se que os animais alimentados previamente com uréia e com abstinência desta na dieta por até um mês não necessitam de novo período de adaptação, contrariando o axioma preconizado por Huber (1978). === This study was carried out to investigate the recommendation stated by Huber (1978) that there is a need to re-adapted cattle that were fed previously with dietary urea, but subsequently were deprived of this nutrient for more than 3 d. Twenty four steers fed a low crude protein ration, deprived of urea, were randomly distributed into 5 equal groups, and were fed as follows: O (control; basal diet); the remaining groups (A,B, C and D) were fed the basal diet + urea (1% D.M.) for 21 d; afterwards the groups B,C and D were fed only the basal diet for 4, 15 and 30 d, respectively. Thereafter, all steers were challenged with an intravenous infusion of ammonium chloride (1.5 M) up to the outcome of convulsion when the infusion was stopped. Throughout the infusion and for 3 h later clinical examination was carried out; blood samples and whole urine were also collected. The steers adapted to urea (A,B,C and D) needed a greater amount of ammonium chloride to cause convulsion (p < 0.001) and took longer to exhibited this symptom than the control group. As compared to the control, all the adapted groups, but the C, had a less severe clinical picture and recovered sooner, and did not require any medical treatment after the end of the experiment. This resistance was due a faster fall in the blood ammonia level, caused by a greater activity of the urea cycle, excretion of a higher excretion of ammonium and urinary volume. It was demonstrated that the higher the production and excretion urea by the kidneys, the greater the diuresis, that by its turn increased the excretion of ammonium into the urine improving the efficiency of detoxification, principally at the most critic moment of the poisoning (from the convulsion up to 1st h later). It was concluded that cattle fed previously with urea and afterwards restricted of urea for up to 30 d do not require a new re-adaptation period, contradicting Huber\'s axiom.
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