Uma análise variacionista para as interrogativas - Q

A investigação de variáveis sintáticas e morfossintáticas dentro do quadro da Sociolinguística Varicionista tem recebido, em geral, menor atenção do que o estudo de variáveis fonológicas. Este trabalho analisa a variação entreo quatro estruturas de Interrogativas-Q em amostras de fala e de escrita...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Oushiro, Lívia
Other Authors: Mendes, Ronald Beline
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2011
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-14102011-135709/
Description
Summary:A investigação de variáveis sintáticas e morfossintáticas dentro do quadro da Sociolinguística Varicionista tem recebido, em geral, menor atenção do que o estudo de variáveis fonológicas. Este trabalho analisa a variação entreo quatro estruturas de Interrogativas-Q em amostras de fala e de escrita do português paulistano contemporâneo: (i) interrogativas-qu (\"Onde você mora?\"); (ii) interrogativas qu-que (\"Onde que você mora?\"); (iii)interrogativas é que (\"Onde é que você mora?\"); e (iv) interrogativas qu-in-situ (\"Você mora onde?\"). A equivalência semântica entre as formas interrogativas se estabelece através do conceito de pressuposição do falante (Stalnaker, 2002). Além disso, este trabalho propõe o conceito de competência comunicativa (Hymes, 1991[1979]) como critério para determinar o envelope de variação: diferentes estruturas são consideradas variantes se forem factualmente possíveis, factíveis, adequadas e empregadas nos mesmos contextos. A análise qualitativa com base nesses conceitos define dois envelopes de variação-e, portanto, duas variáveis: uma que envolve a alternância na posição do constituinte interrogativo (in situ ou não), e outra que encerra as três estruturas com constituinte interrogativo pré-verbal (-qu, qu-que e é-que). Os resultados das análises quantitativas mostram que interrogativas qu-in-situ são favorecidas principalmente por fatores morfossintáticos e discursivo-pragamáticos; fatores extralinguísticos, como sexo/genêro e a faixa etária do falante , também se correlacionam indiretamente através do emprego de diferentes discursivas. O uso de interrogativas qu-que, por sua vez, demonstra uma provável mudança linguística em progresso, uma vez que a análise em tempo aparente revela o favorecimento da estrutura por falantes mais jovens. Neste caso, a variação é influenciada principalmente por fatores sintáticos e prosódicos. Além de propor critérios para o estudo de variáveis morfossintáticas, este trabalho discute os resultados das análises quantitativas em perspectiva com outros níveis de variação linguística, com vistas a integra-los em um quadro mais amplo da Teoria da Variação. === The investigation of syntactic and morphosyntactic variables within the framework of Variationist ociolinguistics has received, in general, less attention than the study of phonological variables. This study analyses variation amaong four different structures of Wh-interrogatives in the speech and writing of native paulistanos: (i) \'simple\'wh-interrogatives (as in Onde você mora? \'Where you live?\'); (ii) wh-que interrogatives ( as in Onde você mora? \'Where-that you live?\'); (iii) cleft wh-interrogatives (as in Onde é que você mora? \'Where is-it that you live?\'); and (iv) wh-in-situ (as in Você mora onde? \'You live where?\'). Semantic equivalence among the four structures is established through the concept of speaker\'s pressupposition (Stalnaker, 2002). Further, this study proposes the concept of communicative competence (Hymes, 1991 [1979]) as a criterium for determining the envelope of variation: different structures are considered variants if they are factually possible, feasible, appropriate, and performed in the same contexts. The qualitative analysis based on these concepts defines two different envelopes of variation - hence, two variables: one which involves the alternation in the position of the wh-word (in situ vs. moved), and another which comises the three structures with a moved wh-word (\'simple\', wh-que and cleft -wh). Results of the quantitative analyses show that wh-in-situ is mostly favored by morphosyntactic and discourse-pragmatic factors, and that non-linguistic factor groups such as gender and age are also indirectly correlated with the variantion through the use of different discourse strategies. The use of wh-que, on the other hand, is probably undergoing change, as apparent time analyses show a avoring effect by younger speakers. Variation in this case is mostly influenced by syntactic and prosodic factors. In addition to proposing criteria to the study of morphosyntactic variables, this dissertation discusses the results of the quantitative analyses in relation to other levels of linguistic variation, aiming at their integration into a larger framework of Variotion Theory.