Usuários de um centro de atenção psicossocial e suas vivências com a doença mental

Introdução: Os transtornos mentais, além de seus sinais e sintomas, por possuírem uma história de preconceito e descrédito, ainda hoje geram tanto nos doentes quanto nos que os cercam, dificuldades que interferem no seu cotidiano. Com o advento da Reforma Psiquiátrica, novos modelos de atenção foram...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Nagaoka, Ana Paula
Other Authors: Furegato, Antonia Regina Ferreira
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2009
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-14092009-162050/
Description
Summary:Introdução: Os transtornos mentais, além de seus sinais e sintomas, por possuírem uma história de preconceito e descrédito, ainda hoje geram tanto nos doentes quanto nos que os cercam, dificuldades que interferem no seu cotidiano. Com o advento da Reforma Psiquiátrica, novos modelos de atenção foram criados estimulando a reinserção do doente na família e na sociedade. O CAPS surge então como um serviço que acolhe indivíduos com transtornos mentais, oferecendo atendimento terapêutico individual e em grupo, consulta médica e outras atividades. Os projetos terapêuticos individuais são voltados para o tratamento e para a reabilitação psicossocial, com iniciativas que incluem a família. Esperando contribuir para a atenção implementada pelos profissionais do serviço com elementos que possam orientar as intervenções, buscando maior eficácia e adesão aos tratamentos, este estudo teve por Objetivo caracterizar o perfil da população atendida no CAPS e as suas percepções da doença, tratamento e implicações psicossociais além de compreender como encaram sua convivência com a doença mental. Metodologia: Optou-se pela pesquisa descritiva, através da qual os dados foram coletados, analisados, classificados e interpretados. Foram entrevistados 65 pacientes e 53 familiares de pacientes em tratamento no CAPS de Pindamonhangaba, nos meses de setembro e outubro de 2008. Os instrumentos utilizados foram dois questionários com perguntas fechadas elaborados um para o paciente e outro para a família. A cada entrevistado eram explicados os objetivos da pesquisa, a forma como ela participaria do estudo, bem como o uso das informações por ela cedidas. Os dados coletados foram tabulados e os resultados foram submetidos à análise estatística comparando-se as posições dos usuários e de seus familiares frente ao cuidado relacionado aos aspectos clínicos, demográficos e do ambiente. Foram aplicados os Testes do Qui-quadrado (x2) e o de Fisher. A discussão teve por base a literatura sobre o tema. Dos pacientes, 80% tinham entre 31 e 60 anos e dos familiares, 75% apresentaram idade superior a 46 anos. Dois grupos de diagnóstico se destacaram: os esquizofrênicos e os portadores de transtorno bipolar. Um terço dos pacientes não souberam informar o próprio diagnóstico. Os familiares são constituídos em sua maioria por pais e irmãos de pacientes. Apesar de apresentarem bom nível escolar apenas 4 trabalham o que representa uma frustração para o paciente. Menos de um terço dos familiares trabalham e, mesmo assim, somente a metade participa de atividades do CAPS, especialmente reuniões de família e consultas médicas. As oficinas terapêuticas além de ajudar o paciente no processo de ressocialização e conhecimento da própria doença, servem para estabelecer vínculos e parcerias entre equipe, usuários e familiares. Mesmo a família considerando grande sua sobrecarga, sente-se otimista com relação ao futuro e satisfeita com a vida. O paciente mesmo tendo consciência de que a doença transformou seu cotidiano, também se sente otimista e satisfeito com a vida. Conclusões: Os transtornos mentais geram dificuldades nas relações pessoais e sociais, entretanto, observa-se nestas pessoas uma capacidade especial para enfrentar as adversidades, ser transformados por elas, e superá-las. === Introduction: Mental diseases, due to its symptoms, have a long history of prejudice and disbelief, and even today it brings difficulties to patients and people around them, interfering in their everyday life. With The Psychiatrist Reform, new approaches were created to stimulate the re-insertion of the patient into his family and society. So CAPS (a psychosocial care center) surges as a service that gathers individuals with mental diseases, offering them group and individual therapy assistance, medical help and etc. The individual therapeutic projects are about psychosocial treatment and rehabilitation, and it includes their family members. Hoping to contribute to this areas professionals with elements that may direct their interventions, and then result in a higher efficacy and acceptance to treatments, this study had the Objective of tracing the profile of people helped by CAPS and its psychosocial implications, treatment and perception of the disease, and also obtain an understanding of how they face and handle with their mental disease. Methodology Descriptive research was chosen, and so through this method data was collected, analyzed, classified and interpreted. 65 patients and 53 patients relatives being treated at CAPS in Pindamonhangaba were interviewed, during the months of September and October in 2008. Two questionnaires with closed questions were used as instruments for the research, being one formulated for the family and the other for the patient. For each interviewed person, the objective and the way the research would participate into the study was explained, as well as the use of the information obtained by it. The collected data was tabulated and the results were submitted to statistical analysis, observing the patients position and their relatives about clinical, environmental and demographic care. Fischer and chi-squared tests were applied, and the discussion had the literature of the theme as its basis. 80% of the patients were between 31 and 60 years old, and about the family members, 75% were older than 46 years old. Two groups were outlined: schizophrenic and bipolar. One third of the patients couldnt tell about their own diagnosis. The family members are mostly made of patients parents and siblings. Although they had good educational level, only four of them work, which is frustrating for them. Less than one third of the family members work, but only half participate in CAPS activities, especially family reunions and medical appointments. Therapeutic workshops not only help patients to get to know their illness and in their rehabilitation process but also make bonds and partnerships among the staff, patients and family members. Although the family feels the difficulties, looks at future in an optimistic way and is satisfied with life. Moreover patients are conscious about the big changes the disease brought into their lives; they also feel optimistic and satisfied. Conclusions: Mental diseases bring difficulties in social and individuals relationships. However, we could see in these people an extraordinary ability of facing and overcoming their adversities.