Summary: | O trabalho tem como objetivo central a análise de filmes feitos em Super-8 durante a década de 1970, pensando as suas inserções e vínculos com a grande vaga libertária da contracultura, o Tropicalismo, a poesia, o teatro, o happening e o desbunde, no quadro da ditadura civil-militar no Brasil: Terror da Vermelha (1972), de Torquato Neto; Céu sobre Água (1978), de José Agrippino de Paula e Maria Esther Stockler; O Rei do Cagaço (1977) e Exposed (1978), de Edgard Navarro. Priorizou-se o agenciamento do corpo na relação da câmera superoitista com o entorno imediato, em vista da compreensão de como foram tecidas as poéticas desses filmes. Procurou-se mostrar o modo particular e radical com que os realizadores tomaram esse \"brinquedo\" num âmbito de não separação entre vida e obra, que impregnava suas trajetórias tanto estéticas como existenciais. A contracultura deixou marcas indeléveis na subjetividade e no comportamento daqueles que souberam experimentar novas formas de vida. Micropoliticamente, ela inoculou a ideia de um corpo coletivo na sexualidade, na sociabilidade, influenciando as artes, a literatura, a poesia e o cinema, e teve na possibilidade da portabilidade da câmera superoitista um dos grandes exemplos de que o corpo era o centro dessa profunda transformação que se processava no sentido de uma recusa dos padrões socioculturais pré-estabelecidos. Se o AI-5 bloqueou o desejo brasileiro de transformação social e macropolítica, podia-se agora, em contrapartida, dar vazão ao corpo e à loucura antes que o lobo chegasse. === The main objective of this work is the analysis of films made in Super-8 during the 1970s, thinking about their insertions and links with the great libertarian wave of the counterculture, tropicalism, poetry, theater, happening and fading, in the framework of the civil-military dictatorship in Brazil: Terror of the Red (1972), Torquato Neto, Sky over Water (1978), José Agrippino de Paula and Maria Esther Stockler, The King of Cagaço (1977) and Exposed (1978) scored by Edgard Navarro. The agency of the body was prioritized in the relation of the superoitist camera to the immediate surroundings, in view of the understanding of how the poetics of these films were woven. It sought to show the particular and radical way in which the filmmakers took this \"toy\" in a framework of non-separation between life and work, which permeated both their aesthetic and existential trajectories. The counterculture left indelible marks on the subjectivity and behavior of those who knew how to try new ways of life. Micropolitically, she inoculated the idea of a collective body in sexuality, in sociability, influencing the arts, literature, poetry and cinema had in the portability possibility of the superoitist camera one of the great examples that the body was the center of this deep transformation which was proceeding towards a refusal of pre-established socio-cultural standards. If AI-5 definitively blocked the desire for social and macro-political transformation, one could now, on the other hand, give vent to body and madness before the wolf arrived.
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