Os escribas e a cultura mnemônica: status e intermediação de práticas culturais no reino médio egípcio

Durante o Reino Médio (c. 2040 1650 a.C), os escribas se autorreferenciaram como um grupo que não servia apenas aos interesses administrativos, mas também à demanda por um meio culto e educado da sociedade. Através deles, circulariam a propaganda real e doutrinação peculiares ao programa cultural d...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ramos, Érika Rodrigues de Maynart
Other Authors: Rede, Marcelo Aparecido
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2018
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-14022019-102720/
Description
Summary:Durante o Reino Médio (c. 2040 1650 a.C), os escribas se autorreferenciaram como um grupo que não servia apenas aos interesses administrativos, mas também à demanda por um meio culto e educado da sociedade. Através deles, circulariam a propaganda real e doutrinação peculiares ao programa cultural daquele período para garantir a lealdade aos faraós. Entretanto, esse foi só mais um dos muitos aspectos e usos da literatura naquele contexto. O enaltecimento da realeza foi combinado ao caráter moralizador e à autorreferência do ofício dos escribas que compuseram os textos exortativos. Conhecidos como instruções, os textos literários em questão traziam referências da cultura oral egípcia que afirmava valores considerados positivos para a vida em sociedade e para o bom desenvolvimento do indivíduo. Mas também tratavam das tensões vividas em questões políticas e socioculturais. A escritura dos textos disseminou na memória cultural da sociedade egípcia referenciais identitários dos escribas que foram transmitidos através de gerações. A articulação entre manutenção das tradições da sociedade e a disseminação dos novos ideais régios se deu pela agência dos escribas, contribuindo para a atualização do seu status. === During the Middle Kingdom (ca. 2040 - 1650 B.C.), scribes self-referenced as a group serving not only administrative interests, but also the demand for a cultured and educated group of the society. Through them, they would circulate the royal propaganda and indoctrination peculiar to the periods cultural program in order to ensure loyalty to the pharaohs. However, this was just one of many aspects and uses of literature in that context. The uplifting of royalty was combined with the moral character and self-reference to the craft of the scribes that composed the exhortative texts. Known as instructions, the literary texts in question broght references to the Egyptian oral culture which affirmed values considered positive for life in society and for the individuals good development. But they also dealt with the tensions experienced in political and socio-cultural issues. The writing of the texts disseminated in the cultural memory of Egyptian society the identity references of the scribes that were transmitted through generations. The articulation between maintaining the traditions of society and the dissemination of the new royal ideals were given through the agency of the scribes, contributing to the update of their status.