Summary: | Esta tese faz uma genealogia da concepção de homem econômico emocional, tal como ele aparece no discurso do management americano a partir dos anos de 1990. Para tanto, fez-se uma história de longa duração com a finalidade de compreender como esse sujeito de interesse que estava associado à temática das paixões nos séculos XVII e XVIII pôde se vincular à temática das emoções, surgida apenas no século XIX, advinda da psicologia física e da biologia evolucionista. Para realizar essa história, a tese foi dividida em duas partes. Na primeira, foi abordada a emergência do homo oeconomicus clássico no âmbito da governamentalidade liberal britânica dos séculos XVII e XVIII e foram diferenciadas as três formas de problematização e governo da vida emocional do sujeito de interesse: as paixões, no âmbito da vertente utilitarista-radical do liberalismo, os sentimentos morais, no âmbito da reação do conservadorismo, e as emoções, no âmbito da psicologia física e do evolucionismo. Cada uma dessas três temáticas surgiu ainda no discurso antropológico do sujeito de interesse, mas se desenvolveu em sentidos diferentes: as paixões resultaram no homo oeconomicus, os sentimentos morais, no homo socialis e as emoções, no homo psychologicus. Na segunda parte da tese, demonstra-se como essas três temáticas adentraram as ciências da administração americanas no século XX, caracterizando o controle emocional sobre o trabalho e o consumo. Ainda no discurso do management, essas temáticas se transformaram, em virtude da reação às contestações antidisciplinares da contracultura, dando origem a uma nova concepção de emoções que reúne características das três temáticas anteriores. O discurso do management e, posteriormente, o da teoria econômica neoliberal vinculou essa nova temática das emoções à noção de homem econômico, caracterizado agora pela ideia de capital humano. Constituiu-se, assim, o homem econômico emocional, formando uma distinta concepção antropológica e uma inédita coerência dos dispositivos de poder emocional. === This thesis makes a genealogy of the \"emotional economic man\", as it emerged in the U.S. management discourse since the 1990s. To do that, it has been drawn a history of how to understand this \"subject of interest\" associated to the theme of passions in the XVII and XVIII centuries. Such theme has been linked to the theme of emotions that was only originated in the XIX century related to the biological psychology and evolutionary biology. To carry out this history, this thesis has been divided in two parts. At the first part, the emergence of homo economicus in the classical liberal governmentality of British seventeenth and eighteenth centuries was discussed, and three forms of government and questioning of his \"emotional\" life were distinguished: the passions, under the utilitarian aspect of the radical liberalism; the moral sentiments, in the backlash of conservatism; and the emotions in the psychological and biological evolutionism. Each of these three themes arose in the anthropological discourse of the subject of interest, but were developed in different directions: the passions resulted in the homo economicus, the moral sentiments in the homo socialis, and the emotions in the homo psychologicus. In the second part of the thesis, it is shown how these three themes were inserted into the American administration science discourse in the twentieth century, characterizing emotional control over workers and consumers. Still in the discourse of management, these issues were transformed due to the reaction against antidisciplinaries countercultural contestations, giving rise to a new conception of emotions that includes characteristics of the three themes featured above. This new theme of emotions will be bound by the discourse of management and subsequently by the discourse of economic theory regarding the economic man, which is now characterized by the idea of human capital. The emotional economic man is thereby constituted, forming a new anthropological concept and a new device of emotional power.
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