Summary: | O cuidado diário de um idoso com incapacidade funcional demanda recursos econômicos, planejamento, organização familiar e pessoal. Esse cuidar, sem uma rede e apoio social, pode ocasionar sobrecarga de tarefas, desgaste físico e emocional para quem cuida, principalmente quando é assumido por tempo prolongado e por uma única pessoa, desencadeando limitações na vida diária do cuidador e interferindo na sua qualidade de vida. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida do cuidador familiar de idosos dependentes e associar com a rede social, o apoio social, a sobrecarga do cuidador e o grau de dependência do idoso. Trata-se de um estudo descritivo quantitativo realizado no município de Arapongas-Pr, com uma amostra de 178 cuidadores familiares de idosos com incapacidade funcional. A coleta de dados foi realizada por pesquisadores de campo devidamente treinados, mediante entrevista domiciliar, utilizando os instrumentos: questionário contendo variáveis sociodemográficas do cuidador, o Medical Outcomes Study - MOS e o Social Network Index para avaliação da rede e apoio social, The Zarit Burden Interview -ZBI para avaliação da sobrecarga e o WHOQOL-Bref para avaliação da qualidade de vida. Os dados evidenciaram que os cuidadores eram em sua maioria mulheres (90,4%), filhas (48,8%), casadas (76,4%), com média de idade de 56,7 anos, pertencentes à classe econômica C (33,1%).Os cuidadores avaliaram a sua saúde como regular (45,5%), apresentaram sobrecarga moderada (57,3%), rede social menos de três parentes (60,1%) e menos de três amigos (71,4%) e a interação social foi a dimensão de apoio social mais afetada (50,4). Na avaliação da qualidade de vida, o domínio meio ambiente (56,1) e psicológico (57,3) foram os mais comprometidos. A análise multivariada revelou que as chances de o cuidador apresentar melhor qualidade de vida no domínio físico foram associadas a pouca/nenhuma sobrecarga (OR=6,52), ausência de doença referida (OR=27,06) e estar na condição de solteiro (OR=8,47). No domínio psicológico, as chances para melhor qualidade de vida associaram-se com pouca/nenhuma sobrecarga (OR=5,61), presença de apoio de interação social (OR=3,21), ausência de doença relatada (OR=7,47) e estar na condição de solteiro (OR=6,0). No domínio de relações sociais, as chances de melhor qualidade de vida foram aumentadas quando o cuidador apresentou apoio de informação (OR=3,73) e recebeu orientação para o cuidado (OR=4,54). No domínio meio ambiente, as chances de melhor qualidade de vida associaram-se ao fato do cuidador pertencer à classe social A/B (OR=53,6), apresentar uma rede social de quatro ou mais parentes (OR=3,07), não apresentar doença diagnosticada (OR=4,51) e encontrar-se na condição de solteiro (OR=8,28). Diante dos dados encontrados, faz-se necessário pensar e refletir sobre a temática que levanta a necessidade da implantação de programas que incluam a saúde do cuidador, contribuindo, desta forma, para melhorar a sua qualidade de vida e, consequentemente, prover um cuidado adequado ao idoso dependente. === Daily care for elderlies with functional disability requires economic resources, planning, family and social organization. Without a social and support network, this care can lead to task overload, physical and emotional exhaustion of the caregiver, particularly when done for an extended period of time and by a single person, unleashing limitations in the caretaker\'s daily life and interfering with his/her quality of life. Thus, the objective of this study was to evaluate the quality of life of family caretakers of dependent elderlies, and link it to social networks, social support, caregiver overload and the elderly\'s level of dependence. It is a descriptive quantitative study performed in the city of Arapongas-PR, Brazil, with a sample of 178 family caretakers of elderlies with functional disability. Data collection was carried out by trained field researchers, through home interviews, using the following instruments: a questionnaire containing socio-demographic variables of the caregiver, the Medical Outcomes Study - MOS and Social Network Index to evaluate the social network and support, the Zarit Burden Interview -ZBI to assess overload, and the WHOQOL-Bref to evaluate quality of life. The data showed that caregivers were mostly women (90.4%), daughters (48.8%), married (76.4%), averaging 56.7 years of age, belonging to income class C (33.1%). Caretakers evaluated their own health as regular (45.5%), showed moderate overload (57.3%), social net of fewer than three relatives (60.1%) and fewer than three friends (71.4%), and social interaction was the most affected dimension of social support (50.4%). In the evaluation of quality of life, the environment (56.1%) and psychological (57.3%) domains were most compromised. Multivariate analysis revealed that the chances of the caregiver having a better quality of life in the physical domain were linked to little/no overload (OR=6.52), absence of reported illness (OR=27.06) and being single (OR=8.47). In the psychological domain, the chances of a better quality of life was linked to little/no overload (OR=5.61), presence of social interaction support (OR=3.21), absence of reported illness (OR=7.47) and being single (OR=6.0). In the realm of social relations, the chances for a better quality of life increased when the caretaker had information support (OR=3.73) and received care guidance (OR=4.54). In the environment realm, chances for a better quality of life was linked to whether the caregiver belonged to income class A/B (OR=53.6), having a social network of four more relatives (OR=3.07), not having a diagnosed illness (OR=4.51) and being single (OR=8.28). Based on the reported data, it is necessary to think and reflect on the need to implement programs that include caregiver health, thus contributing to improve their quality of life and consequently provide adequate care for the dependent elderly.
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