Summary: | O comércio de retalhos e resíduos têxteis está localizado nas ruas do Brás, antigo bairro industrial e operário da cidade de São Paulo. Esse bairro, hoje, concentra um grande número de indústrias e lojas de confecções, que vendem no atacado e no varejo para \"sacoleiras\" de todas as partes do Brasil. O comércio de retalhos vai nascer nos interstícios das antigas indústrias têxteis e, posteriormente, se alimentar do rejeito da indústria da confecção que fornece, diariamente, toneladas de resíduos e retalhos para serem comercializados pelos \"retalheiros\". Uma parte desses retalhos e rejeitos é comprada por costureiras da Grande São Paulo e até mesmo por \"sacoleiras\", sendo que a maior parte dessa mercadoria é enviada para Santa Cruz do Capibaribe - cidade do interior pernambucano, que constitui em pólo de confecções de \"sulanca\". São vestuários de qualidade considerada inferior, consumidos, predominantemente, por uma população de baixa renda. O nordestino de menor poder aquisitivo passa a ser consumidor do rejeito das confecções do Centro Sul. O comércio de retalhos e resíduos é controlado, predominantemente, por migrantes nordestinos, formando uma rede de pessoas e mercadorias em torno dessa atividade. Desta forma, procuramos estudar como tais migrantes foram mobilizados para trabalhar nesse comércio nas ruas do Brás. Estudamos as transformações do bairro, desde a ocupação dos italianos até a chegada dos nordestinos, no sentido de entender a presença do comércio em suas ruas. Ao identificar as conexões que esse espaço mantém com outros espaços, construindo uma malha de homens e mercadorias, optamos por seguir a circulação da mercadoria - retalho até o seu destino final, qual seja, as feiras da sulanca de Pernambuco. Dentre as múltiplas problematizações que a pesquisa traz à tona, destacamos as redes sociais como um instrumento mobilizador do migrante comerciante autônomo de retalhos contribuindo para a ampliação do capital === Trading cloth patches and textile remainders is carried out in the streets of the Brás neighborhood, an industrial and working class old district in São Paulo. It now concentrates several industries as well as wholesale and retail clothing stores meant for \"sacoleiras\" coming from all over Brazil. The patch trade originates in the interstices of old textile industries. Later it feeds on refuses of clothing industries that daily supply tons of remainders and patches to be traded by the \"retalheiros\". These patches and refuses are partly bought both by sewing women in greater São Paulo and by \"sacoleiras\". Most goods are sent to Santa Cruz do Capibaribe, in the hinterlands of Pernambuco State, which is a \"sulanca\" manufacturing pole. It merely consists of poorer quality clothing, mostly consumed by a lower income population. The lower income northeastern citizen becomes a buyer of fabric refuses from the Southern Center. The patch and remainder trade is mostly controlled by northeastern migrants, who form a net of people and merchandise based on this activity. Hence, this dissertation aimed at studying how these migrants were mobilized to work in this trade in the streets of Brás. In order to understand this process, the work also investigated the changes undergone by the district, from the Italian to the northeastern Brazilian occupation on the area. Once the connection among this and other areas was identified by the people/goods net evolution the patch-goods circulation was followed to one of its ends, namely the \"sulanca\" fairs in Pernambuco. Among the manifold questions raised by this research, attention should be drawn to the social nets as a mobilizing means of the free-lance migrant, who trades patches that contributes to capital increase
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