Summary: | O presente estudo volta-se para a trajetória artística de Willie Bester, artista sul-africano cujo trabalho se constrói com sucatas e materiais diversos que encontra em townships, mesclando-os a pintura à óleo, aquarela e fotografias de personagens habitantes desses assentamentos. Partindo de sua trajetória individual, o presente estudo percorre os temas mais marcantes em suas obras, as principais exposições das quais participou e o cenário contemporâneo nacional, tendo por metodologia um estudo de campo realizado na Cidade do Cabo em novembro de 2016 e leitura de literatura especializada. A produção de Bester tem foco em cotidianos de townships, o exercício do poder, além de situações de segregação e desqualificação social na África do Sul, sobretudo durante o apartheid e seus resquícios nos dias atuais. Cada obra cria narrativas e cenários de homens, mulheres, crianças, heróis, mártires ou de pessoas comuns, bem como de situações e dilemas históricos e socioculturais que identifica em sua sociedade. Cada uma dessas pessoas dialoga com a própria vida do artista, marcada por desafios sociais de criança pobre que cresceu durante o apartheid na condição instituída de other coloured em meio a exclusões, racismo e preconceito. Com o fim do regime de segregação institucional no início dos anos 1990, após um longo boicote das grandes exposições mundiais às artes da África do Sul pela violação aos direitos humanos empregada no país, houve a reabertura internacional para os artistas. Bester teve, então, a possibilidade de se formar e viu sua produção ser alavancada, sendo reconhecida gradativamente dentro do país e internacionalmente. Ele participou de grandes exposições como a Bienal de Veneza de 1993. Neste contexto, Bester, como diversos artistas, inscreve-se na criação artística contemporânea sul-africana e africana, cada vez mais apreciada e discutida, reivindicando seu espaço. Na África do Sul, a partir de Bester, é possível destacar preocupações políticas e sociais que ecoam nas obras de artistas de sua geração e mais jovens. === This dissertation examines the artistic trajectory of Willie Bester, a South-African artist, whose work is based on junk and miscellanea of materials found in townships, melding it with oil painting, watercolor and pictures of inhabitants of these settlements. From his individual trajectory, the study is based on a fieldwork carried out in Capetown in November 2016 and a bibliographic review and follows the most highlighted themes of his/her work, the main exhibitions he took part and the contemporary national scenery. Bester\'s work focus on townships daily life, power exercises, segregation and social stigma situations in South Africa, especially during the apartheid and its contemporary traces. Each work creates narratives and scenerys presenting men, women, children, heroes, martyrs or regular people, as well as historical and sociocultural situations and dillemas he identifies in his society. Each person dialogues with the artist\'s personal life, framed by the social challenges of a poor kid growing during the apartheid in the instituted conditions of \"other coloured\" along exclusion, racism and prejudice. As the institution segregation regimen has ended in early 1990s, after a long boycote to South African arts ate great world exhibition due to the ongoing violation of human rights in the country, there was an international reacceptance to South African artists. Bester had, then, the possibility of enskillsment and his work was enhanced, being progressively recognized both in South Africa and worldwide. He took part in great exhibitions as the Venice Biennal of 1993. In such context, Bester among other artists inscribes himself in contemporary South African and African contemporary artistic creation, increasingly appraised and debated, caliming his space. In South Africa, starting with Bester, it is possible to highlight political and social concerns echoing in artistic works from his generation on.
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