Equipe de enfermagem e produção de cuidados a pessoas que sofrem do coração: uma cartografia

Esta pesquisa teve como objetivo cartografar a produção de cuidados da equipe de enfermagem a usuários que têm o coração em tratamento. Acreditando no trabalho em saúde como uma produção, fruto das interações entre profissionais e usuários, enfatizou-se o cuidado produzido nesses encontros, nas entr...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Soares, Rosimeire Angela de Queiroz
Other Authors: Machado, Ana Lucia
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2016
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/83/83131/tde-12052017-113736/
Description
Summary:Esta pesquisa teve como objetivo cartografar a produção de cuidados da equipe de enfermagem a usuários que têm o coração em tratamento. Acreditando no trabalho em saúde como uma produção, fruto das interações entre profissionais e usuários, enfatizou-se o cuidado produzido nesses encontros, nas entrelinhas da assistência de enfermagem, no falar e no agir de seus protagonistas. O método escolhido foi o da cartografia, pela potência em acompanhar processos de produção de subjetividades, sob o referencial teórico da esquizoanálise, por suscitar movimentos de autoanálise dos coletivos. Emprestamos de Rosa (2001) o nome do cenário onde aconteceu a pesquisa, o Mutúm, que corresponde a uma unidade de internação médico-cirúrgica de um hospital especializado em doenças cardíacas e pulmonares do Estado de São Paulo. Nesta região específica do ambiente hospitalar, com suas especificidades e complexidades, foram acompanhados os habitantes (profissionais-pássaros e usuáriosplantas) numa atenção vibrátil e vibrante, com todos os sentidos aguçados, permitindo afetar e ser afetado, junto a esses atores em sua vida diária de cuidados, emoções e afecções. Para isto, os dispositivos utilizados foram o diário de campo, a observação participante e o fluxograma analisador. O diário de campo permitiu o registro e a análise reflexiva de cenas e fatos rastreados durante a pesquisa, numa atenção urgente de que nada escorresse pelas mãos da pesquisadora-cartógrafa. A observação participante possibilitou descobrir os mapas traçados pelos habitantes do Mutúm durante esse trajeto. Pelas lentes cartográficas de Miguilim (Rosa, 2001), avistaram-se os mapas de tecnologias, dobras e ruídos, de onde emergiram um cuidado subjetivo, criativo, permeado por múltiplas tecnologias, emoções, subjetividades, afetos, ressentimentos e potencialidades. Esta análise foi complementada pelo fluxograma, que atuou como máquina de fazer falar, possibilitando um movimento de reflexão, pessoal e conjunta dos profissionais-pássaros acerca do cuidado produzido aos usuários, permitindo surpresas e estranhamentos e um olhar sobre o território Rizoma. O território de produção de cuidado, como no Rizoma (Deleuze, Guattari, 2011), é dinâmico, permite múltiplas entradas, saídas, recortes, conexões, desconexões. Ao acompanhar seus habitantes, em linhas intensas, molares-fixas, moleculares-flexíveis e de fuga, percebese que, como usuários, eles se movimentam em muitas direções e sentidos, alguns entram, outros saem; uns só de passagem, outros passam e ficam na lembrança de todos, afetando-os. Pela multiplicidade de conexões, vislumbra-se a oportunidade de suscitar bons encontros, na produção de um cuidado ampliado, na potência de produzir vida e alívio em um local muitas vezes visto pela ótica da dor e do sofrimento. O fluxograma analisador, além de permitir traçar o território, atuou como potente ferramenta para suscitar a reflexão e autoanálise dos profissionais, provocando surpresas, conexões, movimento esquizoanalítico, aberto à diferença e a todo o tipo de devires, revelando uma equipe até então fragmentada, com o potencial de afetar-se em torno do cuidado de Buriti, um usuário-rizoma, articulando saberes e fazendo emergir a essência de uma produção de cuidado em equipe. === This research objectified to map the care production of the nursing team to users undergoing cardiac treatment. Believing in the healthcare job as a production, stemming from the interactions between professionals and users, the focus was care production in such encounters, between the lines of the nursing care, in its protagonists speeches and actions. Cartography was the chosen method, by its power in following up processes of subjectivity production, the theoretical framework of schizoanalysis, raising self analysis of collective movements. We borrowed the name where the research study took place, Mutúm, from Rosa (2001), corresponding to a medical-surgical admittance unit at a hospital specialized in cardiac and lung diseases in São Paulo State, Brazil. In this specific region of a hospital environment, we followed up its dwellers (professionals-birds and users-plants) in vibrated and vibrating care, with all their sharpened senses, enabling to affect and be affected by these actors in their daily life of caring, emotions and affections. For that, the devices used were a field diary, participant observation and analytical flow diagrams. The field diary enabled to record and reflect upon the recorded scenes and facts during the research, in urgent attention so that nothing could escape through the researcher-cartographers hands. The participant observation enabled to find out the maps outlined by Mutums dwellers along their trajectory. Through Miguilims (Rosa, 2001) cartographic lenses, we could see the maps of technologies, folds and noises, where subjective, creative care emerged, permeated by multiple technologies, emotions, subjectivities, affections, resentments and potentialities. This analysis was complemented by the flow diagram, which acted as a speaking machine, enabling a movement of personal and joint reflection of the professionals-birds on care produced to the users, allowing surprises and strangeness as well as a look over the Rhizome territory (Deleuze, Guattari). The care-production territory, such as the Rhizome (Deleuze, Guattari, 2011), is dynamic, allowing multiple entrances, exits, divisions, connections, disconnections. Following its dwellers in its intense, molar-fixed, molecularflexible, escape lines, we perceive them as users moving around in many directions, some get in, others get out; some are just passing by, others pass by and are remembered by all, affecting them. Through the multiplicity of connections, it can be seen the chance to provide nice encounters, in an expanded care production, in the power of producing life and relief in a place often perceived under the focus of pain and suffering. The analytical flow diagram, besides allowing to outline the territory, acted as a powerful tool to bring about professionals reflection and self-analysis, generating surprises, connections, schizoanalytic movement, open to the difference and all kinds of developments, unfolding a formerly fragmented team with the potential to be affected around Buritis care, a rhizome-user, articulating knowledge and enabling to emerge the essence of a teams care production.