Summary: | O romance de Claude Simon dialoga com muitos textos por meio de diversos procedimentos de composição, em especial devido à intertextualidade explícita em muitos casos. Ligado ao contexto estético do nouveau roman, o novo romance francês, o autor lida em sua escrita com aspectos linguísticos peculiares, dentre eles a perspectiva temporal, que evidenciam seu caráter literário. Evidencia-se, por consequência, para o crítico, a necessidade de entender como os diversos princípios de organização do texto se articulam em favor de sua unidade, feita de fragmentos que se colam e se deformam conforme as demandas do escritor, constituindo-se, assim, uma espécie de palimpsesto. O intertexto latino, ou seja, as relações entre um texto e a literatura romana antiga, tem papel fundamental na construção do texto simoniano, o que interfere também em nossa leitura de outros elementos que interagem com ele. Um dos romances em que se expõe com clareza esse fator intertextual na literatura de Simon é La Bataille de Pharsale (1969), nossa opção para objeto de estudo, dada à acentuação dos problemas postos pela presença da cultura clássica na obra por relações e transformações. Nesse romance, a guerra é um dos principais pontos de encontro derivados das relações entre antigos e modernos exercidas pela escrita, de modo que os outros aspectos composicionais do texto, como o tempo e a enunciação, parecem estabelecer uma interferência recíproca com o intertexto. Levando em conta esses fatores, nossa análise buscou se pautar na necessidade de reavaliar o percurso crítico feito sobre a obra do autor sob uma visão comparatista e multidisciplinar a fim de fornecer conclusões relevantes sobre nosso objeto. A partir desse estudo, fornecemos possibilidades de leitura do romance com base nessa discussão, bem como novas perspectivas para a compreensão da obra de Claude Simon e do romance moderno em relação à tradição clássica. === The novel of Claude Simon dialogues with many texts through various composition procedures, especially due to the explicit intertextuality in many cases. In the aesthetic context of the nouveau roman, the French \"new novel\", the author deals in his writing with peculiar linguistic aspects, including the time perspective, which demonstrate its literary character. Thus, there is a clear need to the critics to understand how the various text organizational principles articulate among themselves in favor of a unit, made of fragments that stick and deform according to the demands of the writer, being thus a kind of palimpsest. The Latin intertext, the relationship between a text and the ancient Roman literature, plays a key role in the creation of the Simonian text, which also interferes in our reading of other elements that interact with it. One of the novels which sets out clearly that intertextual factor in Simon\'s literature is La Bataille de Pharsale (1969), our option for object of study, given the rise of problems posed by the presence of classical culture in the work by relations and transformations. In this novel, the war is one of the main points derived from the relations between ancient and modern in writing, so that other compositional aspects of the text, as time and enunciation, seem to establish a reciprocal interference with the intertext. Taking into account these factors, our analysis had the aim of reassessing the critical path on the author\'s work in a comparative and multidisciplinary approach to provide relevant conclusions about our object. From this study, we provide reading possibilities for the novel based on our discussion, as well as new perspectives for the understanding of Claude Simon\'s work and the modern novel in relation to the classical tradition.
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