Summary: | Introdução: A infertilidade é uma condição que afeta, universalmente, um percentual expressivo (8-15%) dos casais da população, sendo esta, uma condição associada frequentemente, a um incremento nas taxas de disfunção sexual e desajuste conjugal. Objetivos: Avaliar a função sexual de mulheres com infertilidade conjugal e avaliar o risco para ansiedade e depressão em mulheres com infertilidade conjugal. Métodos: Estudo controlado com 280 mulheres em idade reprodutiva, sendo 140 atendidas no Setor de Reprodução Humana do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e 140 controles recrutadas na população geral de Ribeirão Preto - SP. A função sexual foi avaliada pelo Índice de Função Sexual Feminina (IFSF), e o risco para ansiedade e depressão foi aferido pela Escala de Ansiedade e Depressão (HAD-A, HAD-D). Resultados: Participaram do estudo 280 mulheres, sendo 140 do Grupo Infértil (GI) e 140 do Grupo Controle (GC). Do GI, 104(74,29%) apresentavam infertilidade primária, e 36(25,71%) infertilidade secundária, por fator feminino em 64(45,71%), fator masculino em 38(27,73%) e, em ambos 35(25,54%) dos casos. Do GI, 64(45,71%) foram submetidas a FIV/ICSI. Houve diferença significativa entre os grupos em relação a mediana de idade (GI 36 [32-38]; GC 34 [31-37]), (p=0,02). Não houve diferença entre os grupos em relação ao número de mulheres com menos de 40 anos e com idade maior ou igual a 40 anos (p=0,40). E também não houve diferença significativa entre os dois grupos em relação a idade dos parceiros, número de relações sexuais/semana, IMC, peso e estado civil. Houve diferença entre os grupos em relação ao tempo de relacionamento (GI, 11,80 ± 4,84 anos (1,50-24) vs. GC, 10,40 ± 5,73 (0,50-26), p=0,03). Estratificando por tempo de relacionamento no GI 10(7,14%) tinham < 5 anos de relacionamento contra 27(19,29%) no GC e, no GI 130(92,86%) tinham > 5 anos de relacionamento contra 113(80,71%) do GC, (p<0,01). A análise do IFSF evidenciou risco para disfunção sexual em 47(33,57%) do GI, e em 49(35%) do GC (p=0,90) e não houve diferença significativa entre os domínios do IFSF, a não ser pela diferença encontrada no domínio excitação, que foi maior no GC (p=0,04). Não houve diferença entre os grupos em relação ao risco para ansiedade e depressão. Os fatores de risco para disfunção sexual (DS), ansiedade e depressão, nos dois grupos, ajustado para as variáveis: faixa etária, IMC, estado civil, tempo de relacionamento, escolaridade, gestação, anticoncepção, partos, psicoterapia, cigarro, álcool, faixa etária do parceiro, risco para DS, ansiedade e risco para depressão evidenciou que mulheres que apresentam risco para ansiedade tem maior risco para DS. Mulheres com risco para depressão evidenciaram risco aumentado para DS. A DS foi fator de risco para ansiedade e depressão. As mulheres casadas apresentaram menos risco para depressão do que mulheres amasiadas. Conclusão: As mulheres não apresentaram risco para disfunção sexual em relação aos controles. A ansiedade e depressão constituem risco para disfunção sexual nessa amostra. === Introduction: Infertility is a condition that affects, universally, a significant percentage (8- 15%) of couples. Infertility is often linked to an increase in sexual dysfunction rates and marital conflict. Objectives: To assess sexual function of infertile women and to assess the risk for anxiety and depression in infertile women. Methods: This is a controlled study with 280 women in reproductive age, being 140 women attended in Human Reproduction Sector of the Department of Gynecology and Obstetrics of the Ribeirão Preto Medical School, University of São Paulo (FMRP-USP), and 140 controls recruited from the general population in Ribeirão Preto - SP. Sexual function was assessed by the Female Sexual Function Index (FSFI), and the risk for anxiety and depression was measured by the Anxiety and Depression Scale (HAD-A, HAD-D). Results: Twenty eight women participated in this study, being 140 women in infertile group (IG) and 140 controls (CG). In the IG, 104 (74.29%) had primary infertility, and 36 (25.71%) secondary infertility. In the entire sample female factor was evident in 64 (45.71%) and male factor in 38 (27.73%), and both 35 (25.54%) cases. In the IG, 64 (45.71%) underwent FIV / ICSI. There was a significant difference between groups in relation to median age (IG 36 [32-38]; CG 34 [31-37]) (p = 0.02). There was no significant difference between groups in the number of women = 40 years (p = 0.40). There was no significant difference between groups regarding the age of partners, number of sexual intercourse/week, BMI, weight and marital status. There was difference between groups regarding the time of relationship (IG, 11.80 ± 4.84 years (1.50 to 24) vs. CG, 10.40 ± 5.73 (0.50 to 26), p = 0.03). Stratifying for relationship time in IG 10 (7.14%) were < 5 years of relationship vs. 27 (19.29%) in the CG, and IG 130 (92.86%) had > 5 year relationship vs. 113 (80.71%) CG (p <0.01). The risk for sexual dysfunction was observed in 47 (33.57%) of the IG, and in 49 (35%) of the control group (p = 0.90). There was no significant difference between the majority scores of FSFI, but there was significant difference between groups regarding arousal domain, which was higher in CG (p = 0.04). There was no difference between groups regarding the risk for anxiety and depression. Risk factors for sexual dysfunction (SD), anxiety and depression in both groups, adjusted for the variables: age, BMI, marital status, length of relationship, education, pregnancy, contraception, birth, psychotherapy, cigarettes, alcohol, partner\'s age, risk for SD, anxiety and risk for depression showed that women who are at risk for anxiety have a higher risk for SD. Women at risk for depression, showed increased risk for SD. The SD was a risk factor for anxiety and depression. Married women showed less risk for depression than women who only live together with a partner. Conclusion: Infertile women showed no risk for sexual dysfunction compared to controls. Anxiety and depression are risk for sexual dysfunction in this sample.
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