Summary: | Introdução - O técnico em saúde bucal (TSB) é um profissional da equipe de saúde bucal (ESB), a quem compete a execução de ações diretas na assistência odontológica individual e nas ações coletivas de prevenção e promoção da saúde. Embora sua presença possa elevar cobertura e qualidade das ações, estudos apontam para sua subutilização, o que enseja dificuldades no campo da gestão do trabalho. Objetivo - Compreender os fatores que influenciam a prática do TSB na estratégia saúde da família. Procedimentos Metodológicos estudo descritivo, onde foram selecionados quatro municípios que se beneficiaram de Portaria do Ministério da Saúde (MS) que destinava um equipamento odontológico para as ESB com TSB: Maracanaú (CE), Recife (PE), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR). A amostra intencional foi composta por cirurgiões-dentistas (CD) e TSB de duas ESB de cada município, sendo uma considerada mais afastada e outra mais próxima pelo coordenador municipal de saúde bucal, segundo o modelo proposto pelo MS. Entrevistaram-se ainda gestores mais próximos da dinâmica das ESB. Analisou-se o material discursivo das 24 entrevistas em profundidade, segundo o referencial de Pierre Bourdieu. Os dados foram cotejados com o conteúdo de orientações sobre a prática do TSB e a programação das ESB, quando presentes em documentos normativos dos municípios. Resultados - A maioria dos entrevistados eram mulheres e a idade média foi 38 anos. Entre os CD, 60 por cento possuíam tempo de formação entre 5- 10 anos e 50 por cento eram especialistas em saúde coletiva. Entre os TSB, 50 por cento possuíam tempo de formação entre 2-5 anos. Em alguns casos, foi observada a existência de 6 relação entre a fala de alguns agentes e sua trajetória social. Em nível interpessoal, as principais barreiras para a participação do TSB foram relacionadas ao sentimento de incompetência do CD para supervisionar sua atividade, aliado a reduzida disposição para o trabalho compartilhado. Em nível organizacional, destacaram-se: falta de clareza quanto ao projeto de trabalho proposto para a ESB e incapacidade para colocá-lo em prática, combinado à inexistência de ações de apoio voltadas à superação dos nós críticos. Em nível geral, embora a regulamentação da profissão representasse um expressivo elemento de apoio para sua atuação, as entrevistas refletiram disputas de diferentes projetos para o TSB nos sistemas de educação e no de profissões. Conclusões a participação do TSB na estratégia saúde da família decorre de determinantes interacionais, organizacionais e sistêmicos, mediados pelos interesses e habilidades expressas pelo TSB e pelo cirurgião-dentista. A compreensão desses aspectos pode auxiliar a condução do trabalho nas unidades de atenção primária === Introduction - The oral health technician (TSB) is a professional who takes part in the oral health team (ESB) and is responsible for carrying out direct actions in both the individual dental care as in collective actions of prevention and health promotion like a dental hygienist. Although his presence may raise both the coverage and the quality of developed actions, studies in Brazil have pointed out to his underutilization, which entails difficulties in the field of labor management. Aim - To understand the factors that influence the participation of TSB in the teams of family health strategy. Methodological Procedures Descriptive study were we selected four Brazilian cities that have benefited from the decree of the Ministry of Health (MS) 74/2004 which meant dental equipment for the ESB with TSB: Maracanaú (CE), Recife (PE), Belo Horizonte (MG) and Curitiba (PR). The intentional sample was comprised by dentists (CD) and two TSB from each municipality, being one considered more distant and the other considered closest to the model proposed by MS according to the knowledge and view of municipal coordinator of oral health, according to the model proposed by MS. We interviewed the managers of health units to whom the team reported. The discursive material 8 from 24 in-depth interviews was analyzed, considering the referential of Pierre Bourdieu. The data were compared with the contents of the guidelines on the practice of TSB and programming of ESB when present in the normative documents of each municipality. Results - Most respondents were female and the average age was 38 years. Among the CD, 60per cent of respondents had training time between 50-10 years and 50per cent had a specialization in public health. Among the TSB, 50per cent had training time between 2-5 years, 37.5per cent had between 19 and 20 years of training time and one of the interviewees did not answer, saying no recollection of the year when she finished her course. In some cases, relationship was observed between the discourses of some agents and their social trajectory. On the interpersonal level, the main barriers to the participation of TSB were related to feelings of incompetence of the CD to supervise their activity, combined with low degree of intersectoral cooperation. On the organizational level, highlighted a lack of clarity about the work project proposed for the ESB in the ESF, the inability to put it into practice, combined with the lack of support actions aimed at overcoming the bottleneck. On a most general level, although the regulation of the profession has represented a significant element of support for their actions, some of the speeches reflected the disputes of different projects for these professionals in the education system and the system of professions. Conclusions TSBs participation in family health strategy stems from interactional determinants, organizational and systemic, mediated by the interests and abilities expressed by the TSB and dentist. Understanding these aspects may help the conduct of work in primary care
|