Summary: | Este tese aborda a obra do escritor judeu austríaco Joseph Roth, buscando entender a crítica que ele faz à modernidade como resultante de um ponto de vista singular, determinado pelo encontro entre dois mundos: o mundo do tradicionalismo judaico no Leste europeu e o mundo da monarquia habsburga, em seus anos finais. Pretende-se demonstrar que é tomando como referência os parâmetros destes dois universos que Roth dirige um olhar cético para a modernidade e para o mundo pós-1ª. Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, pretende-se demonstrar como o conceito de exílio está inextricavelmente ligado a uma obra crítica com relação a seu tempo, embasada na memória de dois mundos em extinção. Trata-se, porém, de um exílio que se configura mais como a expulsão de um tempo do que como uma simples expulsão geográfica - o que o torna, de certa maneira, mais trágico. O exílio é também uma das categorias centrais da reflexão mística e filosófica judaica, e neste sentido busco apontar para as coincidências entre o tema do exílio em Roth e nas doutrinas desta tradição. Ao conceito de exílio corresponde, como seu duplo e seu oposto, o conceito de Heimat (terra-mãe), que em Roth se torna uma categoria abstrata, pertencente ao universo da metafísica e da memória, e ,como tal, objeto de culto e paradigma, à luz dos quais ele interpreta a realidade do universo europeu entre-guerras. Diante do que foi discutido sobre os temas acima, conclui-se que esta Heimat imaginária afigura-se como uma das suas obsessões literárias, em torno da qual ele construirá uma obra que é, sobretudo, a tentativa de restauração de uma paisagem humana desaparecida e um retrato profundamente nostálgico da memória de uma civilização, ancorada na Idade Média, e sepultada pelo tempo e pelas guerras. === This thesis discusses the oeuvre of the Jewish Austrian writer Joseph Roth, and aims at an understanding of his critique of modernity, which is seen as a result of a unique point of view, determined by the encounter between two worlds: the traditional world of Eastern European Jewry on one hand and the world of the final years of the Habsburg Monarchy on the other. I try to show that Roth takes a skeptical look at modernity and at post-World War I Europe using the paradigms of these two lost worlds.At the same time I aim at demonstrating how the concept of exile is deeply rooted in his critique of modernity. However he is dealing with an exile in time here, as opposed to a purely geographical exile - an exile that is far more tragic, since it is irreversible. Exile is also a core theme in traditional Jewish mystical and philosophical thought and I try to point to coincidences in the treatment of this topic in Roth and in traditional Jewish doctrines.The concept of exile has the idea of Heimat or homeland as its opposite, and in Roth Heimat becomes an abstract category, pertaining to the universe of metaphysics and memory, in the light of which he interprets European civilization of the 1920´s and 1930´s.I conclude by showing how this fictive Heimat turns into one of his literary obsessions, around which he will build an oeuvre, which is, more then anything else, an attempt at restoring a vanished human landscape, anchored in the Middle Ages and buried by time and by wars.
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