Summary: | O café se apresenta como uma commodity de grande impacto na produção agrícola e pauta de exportação do Brasil, sendo os Estados de Minas Gerais e São Paulo importantes neste contexto. Entretanto, apesar de o Brasil ser referência mundial na produção de cafés, no que se refere à produção de café especial e de maior valor agregado, ainda se constitui em um grande desafio sua aceitação plena nos principais mercados consumidores. Neste contexto, a adoção de Indicação Geográfica (IGs), se apresenta como um importante indicador para que uma região seja reconhecida formalmente na condição de produtora de cafés diferenciados. Assim, considera-se que a participação do Estado e demais atores envolvidos são fundamentais neste processo. Parte-se para a compreensão de tal fenômeno, pelo enfoque da teoria institucional, considerando o papel de todos os stakeholders bem como os indutores de isomorfismo atuantes no campo organizacional. Neste sentido, o estudo visou a estudar empiricamente essas relações. Para isso, foram realizadas entrevistas em profundidade, análise documental e observação, com os diversos seguimentos dos agentes presentes no campo, e, em especial, em três regiões cafeeiras, quais sejam: Noroeste de Minas e Matas de Minas, no Estado de Minas Gerais e a Alta Mogiana no Estado de São Paulo. As três regiões foram escolhidas por serem as mais representativas e convenientes para o universo de cafés especiais brasileiros e seu elevado grau relativo de desenvolvimento institucional, sendo que duas (Noroeste de Minas e Alta Mogiana) já possuem Indicação Geográfica (IGs) e a terceira (Matas de Minas) está em processo de adoção. Os resultados da pesquisa indicam a experiência longeva da atividade produtiva no Brasil, onde se manifesta a institucionalização de um campo organizacional, como variável fundamental para o aperfeiçoamento do mercado de cafés para uma realidade econômica atual que privilegia qualidade e experiências de consumo diferenciados. O universo dos cafés especiais é, portanto, o locus da construção e desenvolvimento de uma cultura mais do que a mera produção e consumo de uma commodity === Coffee presents itself as a commodity of great impact in the agricultural production and basis of exportation of Brazil, and the states of Minas Gerais and São Paulo are important in this context. However, even though Brazil is a global reference regarding coffee production, when it comes to the production of specialty coffee with higher added value, its full acceptance by the greatest consuming markets is still a challenge. In this context, the adoption of Geographical Indications (GI) is presented as an important indicator for a region to be formally recognized in the condition of producer of differentiated coffees. Therefore, it\'s perceived that the participation of the State and other involved agents is fundamental in this process. It\'s important to understand such situation through the perspective of the institutional theory, considering the role of all stakeholders, just as the inducers of isomorphism present in the organizational field. In this way, the present study aimed at empirically studying these relations. For that, in-depth interviews, documental analyses and observation were conducted with varied segments of the agents present in the field, with emphasis on three coffee producing regions: Noroeste de Minas and Matas de Minas, in the state of Minas Gerais, and Alta Mogiana, in the state of São Paulo. All three regions were selected for being the most representative and most convenient for the universe of specialty Brazilian coffees and their high relative degree of institutional development, considering that two of the areas (Noroeste de Minas and Alta Mogiana) already have Geographical Indication (GI), and the third (Matas de Minas) is currently in the process of adopting it. The results of the research indicate a long-lasting experience of the production activity in Brazil, where the institutionalization of an organizational field is presented as a key variable for the enhancement of the coffee markets for the present economical situation, which privileges differentiated quality and consumption experiences. The universe of specialty coffees is, therefore, much more a locus of construction and development of a culture than of the mere production and consumption of a commodity
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