Summary: | Trata-se de uma pesquisa qualitativa sobre as trajetórias e a sociabilidade urbana de jovens pertencentes a grupos culturais na cidade de São Paulo. O objetivo fundamental deste estudo foi desvendar a relação existente entre grupos culturais e experiência urbana de jovens de periferia. Para isso, foi preciso saber sobre suas vivências cotidianas: para onde estes/as jovens se deslocam, quais os seus trajetos, de que forma vivenciam e elaboram a experiência da cidade e as maneiras pelas quais se apropriam do espaço urbano e neste constroem os seus circuitos. O problema colocado é: os grupos culturais podem interferir na forma com que jovens se apropriam do espaço urbano? Este trabalho se justifica devido à pouca preocupação existente em entender o/a jovem e sua relação com a cidade, sendo esta tratada, na maioria das vezes, apenas como cenário de práticas culturais. Os/as jovens estudados/as foram encontrados/as em um grupo cultural chamado Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia) e, para enfrentar o problema proposto, os procedimentos adotados foram: a observação direta, questionário, entrevista e aplicação da atividade denominada cartografia da sociabilidade juvenil, que consistiu na elaboração de mapas para representar os trajetos dos/as jovens pesquisados/as. Foram utilizadas noções como território, segregação espacial, estigma, apropriação, experiência urbana e representação. Foi feita uma descrição da Cooperifa, o ritual do sarau e a sociabilidade vivida, uma caracterização dos/as jovens participantes e foi traçado um perfil dos/as jovens e seu/s grupo/s dentro dos seguintes tipos: jovens cooperiféricos/as, jovens integrantes de grupos multiespaciais, jovens multiparticipantes e jovens integrantes de grupos locais. Na análise dos dados obtidos em campo, mostrou-se como os/as jovens fazem uso dos equipamentos públicos da cidade, a influência do/s grupo/s cultural/is na utilização dos lugares mencionados, lançando luz sobre o bairro, a periferia e os seus territórios. Foi tratado o tema do tempo livre dos/as jovens, seus fazeres, trajetos e pontos de encontro, a interferência de ambientes como família, escola e trabalho. Também foi abordado o cotidiano dos/as jovens antes e após a entrada em algum grupo, a ampliação das suas relações com a cidade e a abertura dos espaços proporcionada pelo/s grupo/s cultural/is. Além disso, indicaram-se alguns fatores que podem influenciar em certa interdição da circulação de jovens. Discutiu-se as formas de pertencimento e mobilidade dos/as jovens em grupos culturais, o que pretendem em seus grupos e analisado os significados atribuídos à Cooperifa. Concluiu-se que grupos culturais contribuem para que a experiência urbana daqueles/as jovens seja alargada, no entanto, foi verificada a existência de modalidades de apropriação de acordo com o tipo de grupo do qual o/a jovem participa, portanto uma mobilidade que comporta peculiaridades. === This is a qualitative research about the trajectories and about the urban sociability of some young people belonging to cultural groups in São Paulo, Brazil. The main goal of this study was to reveal the existing relation between cultural groups and the urban experience of suburban young people. For that purpose, it was necessary to know about their daily experiences: where they go, their routes, how they experience the city and the ways they appropriate the urban space, the same space where they build their circuits. The problem is: Can cultural groups influence the way young people appropriate the urban space? This research is justified due to the little concern about understanding the young people and their relation with the city, which is usually considered only as scenery for cultural practices. The young people studied in this research were found in a cultural group called Cooperifa (Suburban Cultural Cooperative) and the procedures adopted to deal with the proposed problem were: direct observation, questionnaire, interview and an activity called cartography of the young peoples sociability, which consists in the making of maps to represent the trajectories of the studied young people. The study used ideas and terms such as territory, space segregation, social stigma, appropriation, urban experience and representation. A description of Cooperifa was made. The ritual of sarau (a cultural event where people get together to express themselves in an artistic way), was also described. The participating people ,as well as their groups, were characterized and profiled according to the following types: members of Cooperifa, members of multi-space groups, multiparticipating young people and members of local groups. The analysis of data obtained in the field showed how these people use the citys public property such as schools, public parks, courts etc, and the influence of the cultural groups on how they use the mentioned places, shedding light over the neighborhood, the suburbs and its territories. The young peoples spare time, their deeds, their trajectories and meeting places were also studied, as well as the influence of their family, school and work. Another factor approached by this study was the young peoples daily routine before and after they joined any group, the widening of their relations with the city and the creation of spaces brought by the cultural groups. The study points out some factors that contribute to keeping young people from moving around freely. The young peoples ways of mobility in cultural groups and their intention were discussed. It was analyzed the meanings attributed to Cooperifa. It was concluded that cultural groups contribute to the widening of those young peoples urban experience. However, it was also noticed the existence of ways of appropriation according to the kind of group the young person belongs to, therefore it is a mobility that presents peculiarities.
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