Summary: | Esta tese assinala, com base na obra de Hannah Arendt, a fundamental importância do amor ao mundo para a educação. A filósofa explica que por meio da educação introduzimos as crianças no mundo humano e aponta o impasse que surge com a perda da tradição e o desmantelamento desse espaço comum na Era Moderna. Partindo desse problema, a questão central deste trabalho é: como despertar nos alunos o apreço pelo mundo que nos une com os diferentes, encorajá-los a encontrar seu lugar nele num momento em que a ausência de sentido e a preocupação com a sobrevivência se impõem, de modo que qualquer compromisso com o comum parece ser uma exigência deslocada e anacrônica? Arendt não propõe soluções, mas é rigorosa ao afirmar que quem educa é duplamente responsável: pelo mundo e pelas crianças na educação decidimos se amamos o mundo e seus novos habitantes. Posto que a autora não explicita o que vem a ser esse amor, investiga-se a noção do amor mundi, recorrendo ao conjunto de suas reflexões. Entende-se que, se o mundo é o lugar das histórias humanas no qual podemos estabelecer relações e nos revelar como pessoas, o amor a ele é uma resposta à destruição totalitária desse espaço humano e ao não-mundo da sociedade moderna organizada em torno do processo vital de produção e consumo. Com recurso a diversos conceitos de Arendt, principalmente os de ação e pensamento, aborda-se e discute-se a difícil tarefa educativa de acolher os jovens no mundo, de mostrar-lhes que, apesar de este lugar estar fora dos eixos, ainda vale a pena apostar nele, e de encorajá-los para que, por sua vez, estabeleçam seu vínculo singular com esse espaço comum e seu legado, pelo qual futuramente serão responsáveis. === This thesis, based on the work of Hannah Arendt, points out the fundamental importance which the love of the world has for education. The philosopher explains that we introduce the children into the human world through education and shows the impasse that arises from the loss of tradition and the disintegration of that common space in the modern age. Starting from that problem the central question of this work is: how to arouse in the students an appreciation of the world that joins us to different ones and how to encourage them to find their place in it in a moment in which meaninglessness and the preoccupation with survival impose themselves, so that any commitment to the common seems to be an out of place or anachronistic request? Arendt does not propose solutions, but is rigorous in asserting that whoever educates is doubly responsible in education we decide whether or not we love the world and its new inhabitants. Since the author does not explain what that love is, the notion of amor mundi is investigated having recourse to many of her reflections. The understanding achieved provided that the world is the place of human stories where we can establish relations and reveal ourselves as persons is that the love of it is an answer to the totalitarian destruction of that human space and to the wordlessness of the modern society organized around the vital process of production and consumption. Based on diverse concepts of Arendt, especially on those of action and thinking, we approach and discuss the difficult educational task of receiving the younger ones into the world, of showing them that, although this place is out of joint, it is still worth relying on it, and of encouraging them to establish by themselves their singular bond with this common space and its legacy, for which they will be responsible in the future.
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