Coordenação de Unidade da Atenção Básica no SUS: trabalho, interação e conflitos

Introdução: A gerência no nível local da atenção básica (AB) busca promover condições propícias para atenção integral à saúde de usuários, com a participação destes, dos trabalhadores e gestores e inclui a gestão de conflitos no cotidiano de trabalho. Objetivo: O estudo teve como objetivo compreende...

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Bibliographic Details
Main Author: Carvalho, Brigida Gimenez
Other Authors: Ayres, Jose Ricardo de Carvalho Mesquita
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2012
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7140/tde-08032013-144439/
Description
Summary:Introdução: A gerência no nível local da atenção básica (AB) busca promover condições propícias para atenção integral à saúde de usuários, com a participação destes, dos trabalhadores e gestores e inclui a gestão de conflitos no cotidiano de trabalho. Objetivo: O estudo teve como objetivo compreender a emergência e o manejo de conflitos que ocorrem na interação entre trabalhadores e coordenadores de unidade básica de saúde (UBS) e suas relações com os processos de reconhecimento mútuo e desrespeito. Método: A pesquisa foi realizada em duas fases. Na primeira, exploratória, foram caracterizados o perfil dos coordenadores e os instrumentos gerenciais utilizados, a partir de um questionário semiestruturado, aplicado aos coordenadores de 108 UBS de 21 municípios da região norte do Paraná, Brasil. Os resultados dessa fase possibilitaram compreender o contexto da atuação gerencial e definir o campo de pesquisa da segunda fase: um município de médio porte cujos gerentes das UBS eram todos enfermeiros, apresentavam experiência na gerência de UBS e utilizavam, com certa regularidade, instrumentos para a gestão do trabalho. Na segunda fase foi desenvolvido um estudo de caso, de caráter compreensivo e interpretativo de abordagem critico-hermenêutica. As técnicas de coleta foram: grupo focal com coordenadores, observação do cotidiano de trabalho e entrevista semiestruturadas com trabalhadores. Na análise utilizou-se o quadro teórico-conceitual do processo de trabalho em saúde, das teorias do agir comunicativo de Jürgen Habermas e do reconhecimento de Axel Honneth e a triangulação dos resultados. Resultados: O conflito foi compreendido como fenômeno relacionado ao trabalho e permeado pela interação social; se manifesta no contexto organizacional como obstáculos que tensionam ou levam ao rompimento da contratualidade prevista nas relações de trabalho. Os conflitos foram provocados por situações de desrespeito em três esferas de relações: primárias; jurídicas; ou da solidariedade. Foram tipificadas seis modalidades de conflitos, relacionados à: falta de colaboração no trabalho; desrespeito por relações assimétricas entre os trabalhadores; comportamento do funcionário-problema; problemas pessoais; assimetria com outros níveis de gestão e infraestrutura deficitária dos serviços do SUS. Na gestão dos conflitos, observou-se a referência também aos usuários, por serem os destinatários da atenção à saúde, e a menção ao coordenador como mediador de conflitos que utiliza como recursos de manejo: reconhecimento, atitude dialógica, sabedoria prática e sua autoridade, articulando ações técnico-científicas e comunicativas. Conclusão: O estudo mostrou que os conceitos de processo de trabalho em saúde e as teorias do agir comunicativo e do reconhecimento, ao serem articulados, constituiu quadro teórico com potência explicativa e de compreensão do fenômeno estudado. Os resultados mostraram complementaridade da ação instrumental e comunicativa na gestão de UBS e, em particular, dos conflitos, evidenciando uma modalidade de gestão comunicativa. Também permitiram identificar que a ausência de reconhecimento nas esferas das relações primárias, do direito e da solidariedade está na origem dos conflitos no trabalho, bem como construir uma tipologia de conflitos que pode subsidiar o seu entendimento e manejo. A pesquisa aponta para a necessidade de estudos futuros sobre o caráter interprofissional da gerência na AB e a presença expressiva de enfermeiras nessa atuação. === Introduction: The management at the local primary care (PC) setting seeks to promote conducive conditions to provide comprehensive health care, with the participation of workers, managers and udders. It includes conflict management in everyday work. Objective: This study aims to understand the emergence and handling of conflicts that occur in the interaction between workers and coordinators of the basic health unit (BHU) and their relations with the processes of mutual recognition and disrespect. Method: The study was conducted in two phases. First, the exploratory study characterized the profile of coordenatores and the management tools appling a semi-structured questionnaire to the managers of 108 BHU of 21 municipalities in northern Paraná, Brazil. The results of this phase enabled to understand the context of managerial performance and to define the field of search of the second phase. It was chosen a medium-sized city whose BHUs managers were all nurses, had experience in the management of BHU and used tools for managing the work process. In the second phase we developed an understanding and interpretive case study of critical-hermeneutics approach. The techniques used were: focus group with coordinators, observation of daily work and semi-structured interviews with workers. In the analysis was used the theoretical and conceptual framework of the work process in health, of Jürgen Habermas theories of communicative action and Axel Honneth\'s recognition. Addionnaly was used triangulation of results. Results: The conflict was understood as a phenomenon related to the work process and permeated by social interaction. It is manifested in the organizational context as obstacles that stress or lead to disruption of contractually established labor relations. The conflicts were caused by situations of disrespect in three levels of relationships: primary relations, juridical, or mutual solidarity. Six modes of conflict were specified: lack of collaboration at work; disrespect for asymmetric relations between workers; behavior of the \"problem employee\"; personal problems; asymmetry with other levels of management and infrastructure deficit of the services of the Health System. In the area of conflict management were observed references to the users, because they are the health care recipients; and the mention of the coordination as mediatorI in conflicts using as management resource: recognition, dialogical attitude, practical wisdom and its authority, articulating technical-scientific and communicative actions. Conclusion: The study showed that the concepts of work process in health and theories of communicative action and recognition, when articulated, have composed a theoretical framework with explanatory power and understanding of the phenomenon under study. The results showed complementarity of instrumental and communicative action in managing a BHU and, in particular, the conflicts, showing a communicative management approach. Findings have identified that the lack of recognition in the spheres of primary relations, of law and of mutual solidarity is at the origin of the conflicts at work. The study allows to build a typology of conflicts that may improve their understanding and management. The research also points to the need for future studies on the interprofessional nature of management in PC and on the expressive presence of nurses in this role