Summary: | A partir da compressão mais ferrenha da ditadura de 1964 no Brasil, e de um diálogo mais direto com as vanguardas que ocorrem no mundo, após 1968 abrem-se novas perspectivas de criação nas artes e, especificamente, no teatro, resultando numa revolução de comportamento e cultural que, apesar de nascer em pleno \"sufoco\", paradoxalmente apresenta uma riqueza de novas propostas. Tais propostas formarão o triângulo da contracultura (tropicalismo - movimento marginal - cultura alternativa) que marcará espaço na década de 1970 pela diferença. Na conquista do direito de confrontar-se com o estabelecido, em contraponto ao establishment, ao milagre brasileiro e a uma recepção crítica perplexa que, apesar de reconhecer certo mérito nestas manifestações, prioriza diagnosticar irracionalismo e alienação, o novo teatro inaugura muitos dos princípios, técnicas e procedimentos cênicos que abrirão espaço, a duras penas, para a liberdade definitiva da possibilidade de experimentar. A pesquisa que proponho tem como finalidade identificar: o que se entende por teatro experimental em seu nascedouro, no Brasil; como surgiu e operou dentro da arte e da cultura e se podem ser identificados momentos diversos com características próprias. Para uma melhor visualização dessas questões e como amostras de vertentes distintas dentro do teatro experimental no recorte estabelecido aqui, analiso, - de forma mais aprofundada -, os espetáculos Rito do Amor Selvagem, de José Agrippino de Paula e Maria Esther Stockler com o Grupo Sonda, 1969; Gracias, Señor, primeira criação coletiva do Teatro Oficina, 1972; e Trate-me Leão , do Asdrúbal Trouxe o Trombone, 1978. Por meio destes resgates podemos avaliar qual os legados imediatos e os menos visíveis que esses trabalhos e tendências deixaram para as próximas gerações, inclusive a nós que aqui estamos em pleno segundo milênio. === From the more inclement pressing of 1964-Brazilian dictatorship, and the more direct dialogue with the vanguards that emerged in the world, after 1968, new perspectives of creation opened in the arts and specifically in the theater fields, resulting in a behavioral and cultural revolution that, although born under \"asphyxia\", paradoxically presented a wealth of new proposals, which constituted the triangle of the Counterculture (Tropicalism - Marginal Movement -Alternative Culture) that would impress the 1970s with the difference mark. To conquer the right to fight what was already established, as a counterpoint to the establishment, to the Brazilian Miracle and to a mesmerized critical reception - that although recognizing some merit in these demonstrations, prioritizes diagnosing alienation and slavery - the New Theater inaugurates many of the scenic principles, techniques, and procedures that would arduously open space to the utmost freedom in the experimenting possibilities. The aim of this study is to identify what is meant by experimental theatre in its emerging state in Brazil; how did it come forth and operate within art and culture; and if diverse moments with specific characteristics can be identified. To better view these issues and view them as different strands samples within the experimental theatre scope defined hereby, I will analyze in greater detail and depth the plays Rito do Amor Selvagem, by José Agrippino de Paula and Maria Esther Stockler, with the Group Sonda, 1969; Gracias, Señor, the first collective creation by Teatro Oficina, 1972; and Trate-me Leão, by Asdrúbal Trouxe o Trombone Group, 1978. By means of these recovering procedure, we are able to assess what is both the immediate and the less visible legacy these plays and trends left to following generations, including us, here, in the second millennium.
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