Summary: | Considerando as principais apreensões teóricas acerca da relação entre arte e loucura, define-se amplamente o propósito deste trabalho verificar as relações entre música e loucura no campo da recepção estética, enquanto subárea da Psicologia Social da Arte. Partindo sobretudo da perspectiva crítica de Michel Foucault, entre outros autores, consideramos a loucura um complexo fenômeno sócio - histórico que atravessa a cultura ocidental, e não a loucura como doença mental e o louco como fato. E dado o papel fundamental da atividade do espectador na produção e na circulação dos sentidos das obras de arte, realizamos um estudo sobre a percepção estética da obra de Robert Schumann, músico romântico do século XIX, cuja existência foi atravessada pela experiência trágica da loucura. Selecionamos alguns trabalhos significativos desse compositor e os apresentamos aos sujeitos da pesquisa, isto é, músicos eruditos, especificamente pianistas, que entrevistamos individualmente com o propósito de investigar a percepção da loucura vinculada à percepção da obra musical de Schumann. A reflexão fenomenológica a partir das percepções expressas pelos pianistas configurou três perspectivas: biográfica, psicopatológica e poética. A consideração desse conjunto teve por implicação um estudo teórico-crítico do campo multifacetado do Romantismo, estudo que focou principalmente as concepções de sujeito, universo e música ( assim como suas relações) que emergem na tempestade romântica. Tal estudo ensaístico permitiu-nos discutir mais amplamente, com base principalmente em Barthes e Merleau-Ponty (entre outros críticos e historiadores da arte), a questão arte-loucura, no tocante à música, articulada à questão vida-obra do artista, vida e obra que guardam aspectos trágicos em sua gênese e em sua forma === Considering the main theoretical apprehensions regarding the relation between art and madness, the purpose of this work is defined broadly to verify the relations between music and madness in the field of aesthetic reception, as a subarea of the Social Psychology of Art. Starting primarily from the critical perspective of Michel Foucault, among other authors, we consider madness a complex social historical phenomenon that crosses the western culture, and not the madness as a mental illness and the mad person as a fact. And given the fundamental role of the spectators activity in the production and circulation of the senses of the works of art, we conduct a study on the aesthetic perception of Robert Schumanns work, a romantic musician from the 19th century, whose existence was crossed by the tragic experience of madness. We selected some significant work from this composer and presented them to the subjects of the research, i.e., erudite musicians, specifically pianists, that we interviewed individually with the purpose of investigating the perception of madness bound to the perception of Schumanns musical work. The phenomenological reflection carried out from the perceptions expressed by the pianists constituted three perspectives: biographical, psychopathological and poetic. The consideration of this set had as an implication a theoretical critical study of the multifaceted field of the Romanticism, study that focused mainly on the concepts of subject, universe and music (as well as its relations) that emerge in the romantic storm. This essayistic study allowed us to discuss more broadly, based on Barthes and Merleau-Ponty (among other philosophers, critics and art historians), the art-madness matter, regarding the music, articulated to the artists life-work matter, life and work that hold tragic aspects in its genesis and its form
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