Summary: | Tradicionalmente o planejamento de provisão de internações baseia-se em comparações nacionais e internacionais em vez da eficácia de políticas de curta e de longa permanência. Estudos sobre as causas e consequências das internações psiquiátricas de longa permanência têm uma relação direta ao tamanho e provisão de instalações que têm um maior impacto sobre como os recursos são utilizados.Objetivo:Identificar fatores de exposição associados ao tempo de permanência prolongado em internações psiquiátricas.Metodologia: estudo caso controle realizado no hospital psiquiátrico de Uberaba. Os casos foram todos os pacientes com internações com permanência superior a 60 dias contínuos no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2014. Os controles escolhidos aleatoriamente, pareados por sexo e idade. Características epidemiológicas e sociodemográficas relacionadas às internações psiquiátricas de longa permanência foram descritas e realizadas comparações entre as diversas variáveis. Análise multivariada por regressão logística foi realizada para determinar variáveis preditoras de internação psiquiátrica de longa permanência.Resultados:selecionou-se 216 pacientes, 72 casos (5,5% do total de internações) e 144 controles; 63,9% do sexo masculino; a média de idade foi de 44,4 anos (DP±11,9); a procedência distribuiu-se entre 53% do próprio município de Uberaba e o restante entre 43 outros; o tempo de permanência foi de 84,8 dias (DP±31,4; IC95%: 77,4-92,2) entre os casos e de 33,2 dias (DP±10,8; IC95%: 31,5-35,1) entre os controles (p<0,05). A média do tempo de permanência para pacientes com motivo de internação com risco para si ou terceiros foi de 38,7 dias (DP±24,1) e para os com motivo sem tal risco foi de 59,3 dias (DP±33,7) (p<0,05). Houve associação com o desfecho, em análises univariadas e multivariadas por regressão logística do motivo da internação por incapacidade de autocuidado e/ou falência do suporte familiar e/ou social (OR 3,61; [IC95%: 1,91-6,82]). Conclusão:os resultados do estudo concordam com a literatura internacional. Em nosso país não existem estudos de custo-eficácia deste tema. Recomenda-se mais estudos analíticos que investiguem a qualidade de vida de pessoas que tenham internações psiquiátricas de longa permanência, visando tanto o processo de planejamento da alta e o pós alta, utilizando critérios amplos sem focalizar categorias definidas de doenças. === Background:Traditionally, hospitalisation planning is based on national and international comparisons rather than the effectiveness of short-term and longterm policies. Studies on the causes and consequences of long-stay psychiatric hospitalisations have a direct relationship to the size and provision of facilities that have a greater impact on how the resources are used. Objective: To identify exposure factors associated with long stay in psychiatric hospitalizations. Methods: a case control study performed at the psychiatric hospital of Uberaba, Minas Gerais. Cases were all patients with hospitalisations with stay over 60 continuous days from January 2014 to December 2014. The randomly chosen controls, matched by sex and age. Epidemiological and sociodemographic characteristics related to long-stay psychiatric hospitalisations were described and comparisons were made between the several variables. Multivariate analysis by logistic regression was performed to determine predictors of long-stay psychiatric hospitalisation. Results: 216 patients were selected, 72 cases (5.5% of all hospitalisations) and 144 controls; 63.9% male; the mean age was 44.4 years (± 11.9); the origin was distributed between 53% of Uberaba itself and the rest among 43 other cities; the length of stay was 84.8 days (± 31.4; CI95%: 77,4-92,2) between the cases and 33.2 days (± 10.8; CI95%: 31,5-35,1) between the controls (p <0.05). The mean length of stay for patients with risk for themselves or others was 38.7 days (± 24.1) and for those without that risk was 59.3 days (± 33.7) (p <0, 05). There was an association with the outcome in univariate and multivariate analyzes by logistic regression of the reason for hospitalisation due to incapacity for selfcare and/or family and/or social support failure (OR 3.61; 95% CI: 1.91-6.82 ]). Conclusions: the results of the study agree with the international literature. In our country there are no cost-effectiveness studies of this topic. More analytical studies are recommended that investigate the quality of life of people with longstay psychiatric hospitalisations, aiming at both discharge process and postdischarge planning, using broad criteria without focusing on defined categories of diseases.
|